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INTERVENÇÕES EM TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL PARA CRIANÇAS COM CÂNCER

Autores: Priscila Goergen Brust-Renck, Murilo Ricardo Zibetti
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de:

  • explicar os impactos de saúde mental para crianças com doenças crônicas que exacerbam a percepção de morte, como câncer;
  • identificar técnicas cognitivo-comportamentais eficazes para atenção psicológica de crianças com câncer;
  • compreender as implicações do câncer em toda a rede de apoio psicossocial da criança, especialmente os pais ou cuidadores;
  • identificar aspectos relevantes de treinamento de pais com base nas técnicas da TCC tradicional e moderna.

Esquema conceitual

Introdução

Em um mundo ideal, as palavras crianças e câncer nunca compartilhariam uma frase. Infelizmente, as crianças podem ter câncer, e quando isso acontece, o mundo de uma família é destruído. Como alguém tão inocente pode pegar uma doença tão devastadora? Quando uma criança recebe esse diagnóstico, a família carrega o fardo pelo resto da vida. Afeta não apenas a saúde física da criança, mas a saúde emocional da criança, [e de] pais, irmãos, familiares, amigos, colegas e professores. [Tal diagnóstico] coloca uma pressão sobre os relacionamentos tanto dentro da família como fora da família.1

O câncer infantil é a segunda causa de mortalidade entre crianças de 0 a 11 anos no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).2 A expectativa é de um aumento de 8.460 novos casos por ano, igualmente divididos entre crianças do sexo masculino e feminino. Diferentemente do câncer em adultos, o câncer infantil é, em sua maioria, de origem embrionária, afetando o sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação. Nas últimas décadas, a expectativa de cura dos pacientes aumentou para cerca de 80%, em virtude da resposta positiva das crianças aos tratamentos modernos.3

O tratamento de doenças crônicas, como o câncer, tende a interferir diretamente na saúde mental das crianças. A percepção da criança com câncer sobre si mesma costuma oscilar muito em relação a crianças saudáveis, uma vez que crianças tendem a perceber seu self como neutro em avaliações de felicidade e bem-estar. Elas também podem sentir mais vergonha em relação à sua própria doença, muitas vezes vinculada a sentimentos sobre mudanças corporais, como queda de cabelo.4

O vínculo com internações hospitalares pode ser benéfico ou prejudicial, dependendo do tipo de atividade com o qual a criança se vincula: se, por um lado, as rotinas hospitalares podem causar medo, ansiedade e tristeza,5 por outro, as relações com profissionais atenciosos do corpo clínico do hospital podem fomentar experiências de bem-estar.6

O diagnóstico de câncer infantil envolve um processo cognitivo, emocional e social, que pode ser observado em uma ampla gama de intervenções cognitivo-comportamentais. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem terapêutica estruturada, diretiva, com metas claras e bem-definidas, e vem sendo utilizada no tratamento dos mais diferentes distúrbios psicológicos com crianças.7,8

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