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MANEJO DA ASMA NA INFÂNCIA PELA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Autores: Sonia Maria Martins, Patrícia Dias Gomes Braz
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  • Introdução

A asma é a doença crônica mais comum na infância.1–7 Considerada um problema de saúde pública mundial,3,4,8 a asma é uma “condição sensível à atenção primária” (CSAP), termo que diz respeito à efetividade da atenção ambulatorial e à capacidade de evitar internações, prevenir e tratar precocemente a enfermidade aguda ou controlar a enfermidade crônica.9 Essa doença está entre os 20 principais motivos de procura por atendimento na atenção primária à saúde (APSatenção primária à saúde),4,9 sendo também uma importante causa de consultas em serviços de urgência e ambulatoriais.3

A asma é a segunda principal causa de internação hospitalar de crianças de 4 a 9 anos e a terceira de adolescentes.

A asma causa morbidade significativa,2,5 representando prejuízo para pacientes e familiares, redução da qualidade de vida e prejuízo social (perdas de dias de aula, atendimentos em serviços de pronto-atendimento, hospitalização, entre outros). O controle inadequado da asma leva a um considerável ônus econômico devido aos custos associados às internações hospitalares e em pronto-socorro, às medicações e às perdas de produtividade dos cuidadores.7

Comparadas com crianças saudáveis, as crianças com asma perdem três vezes mais dias de escola, além de apresentarem uma qualidade de vida substancialmente reduzida.7 Apesar dos avanços no conhecimento etiológico sobre a asma, sobre os mecanismos implicados no seu desenvolvimento e nos vários tratamentos da doença, estudos realizados em diferentes países sugerem que sua prevalência entre crianças e adolescentes está aumentando.5

Estima-se que a média de prevalência de asma entre crianças e adolescentes no Brasil seja de 20%4,5 e que existam aproximadamente 300 milhões de indivíduos asmáticos em todo o mundo, sendo que, para 2025, se estima um aumento para 400 milhões.

A asma é uma condição que impacta a qualidade de vida e aumenta a demanda do sistema público de saúde no âmbito mundial. Ocorrem, por ano, aproximadamente 250 mil mortes atribuíveis à asma, sendo a grande maioria delas prevenível.6

Fatores genéticos (34%) e ambientais (66%) podem influenciar a idade para desenvolvimento da asma.6 No entanto, considerando a imaturidade da resposta imune inata e adaptativa na vida pré e pós-natal, é na infância que o indivíduo está mais suscetível à asma e a doenças similares.5 História familiar de doenças alérgicas, sensibilização a alérgenos ambientais (incluindo aeroalérgenos), a endotoxinas e a produtos fúngicos e infecções respiratórias virais no início da vida são consideradas fatores de risco clássico, mas não explicam completamente a instalação e a manutenção da asma.5

Sexo masculino, baixo peso ao nascer, tabagismo materno ou domiciliar e exposição secundária à poluição nas grandes cidades também são fatores que vêm sendo associados à prevalência de asma. Mudanças climáticas, exposição a irritantes químicos, exercícios físicos e fatores emocionais também podem causar o agravamento da doença.5

A APSatenção primária à saúde é o primeiro contato dos usuários com o sistema de saúde e deve estar apta a manejar os problemas de maior frequência e relevância presentes na comunidade. Pela adequada abordagem da asma, promove-se o controle da doença nas crianças asmáticas da comunidade, reduzindo-se a morbidade e mortalidade e o prejuízo social e econômico.

Este capítulo traz uma revisão não sistemática da literatura sobre a asma e tem como objetivo apresentar informações atualizadas sobre a abordagem dessa doença na infância, priorizando o enfoque no cenário da APSatenção primária à saúde.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • diagnosticar adequadamente a criança com asma, levando em consideração a história clínica do paciente, realizando os exames pertinentes;
  • realizar exames necessários para diferenciar a asma de outras patologias;
  • selecionar as medidas necessárias a serem adotadas para a correta abordagem da criança com asma na APSatenção primária à saúde;
  • descrever as atribuições de cada profissional envolvido na APSatenção primária à saúde quanto ao atendimento e à orientação/educação da criança com asma e dos familiares/cuidadores;
  • avaliar a gravidade da asma em crianças na APSatenção primária à saúde;
  • aplicar rapidamente a conduta adequada no atendimento de urgência e emergência à criança com asma.

 

  • Esquema conceitual
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