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MANEJO DAS EMOÇÕES NA PRÁTICA CLÍNICA: ENFOQUES CONTEXTUAIS

Mariângela Gentil Savoia

Michaele Terena Saban-Bernauer

Silvia Sztamfater

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Objetivos

Ao final da leitura deste capitulo, o leitor será capaz de

  • identificar os conceitos e pressupostos básicos de três terapias contextuais — psicoterapia analítico-funcional (em inglês, functional analytic psychotherapy [FAP]), terapia de aceitação e compromisso (em inglês, acceptance and commitment therapy [ACT]) e terapia comportamental dialética (em inglês, dialectical behavior therapy [DBT]);
  • reconhecer as principais técnicas terapêuticas de regulação emocional da FAP, da ACT e da DBT;
  • discutir como se dá o manejo terapêutico dos comportamentos privados do paciente.

Esquema conceitual

Introdução

As terapias contextuais têm como base epistemológica o contextualismo, corrente filosófica decorrente das reflexões de Pepper, segundo Hayes e colaboradores.1 Trata-se do entendimento contextual e idiográfico do comportamento humano, sem supor a entrada de nenhum déficit de comportamento ou pensamento.2

As terapias contextuais passaram a estabelecer um novo olhar da terapia comportamental para o aspecto cognitivo, considerando emoções, pensamentos e sentimentos como dicas das contingências que os geram. O sofrimento psicológico, nesse cenário, é um sinal de que as contingências devem mudar. Para tanto, deve-se auxiliar o paciente a emitir comportamentos que possam fazê-lo entrar em contato com reforçadores naturais mais do que no comportamento governado por regras. Esses processos terapêuticos apresentam um contraponto às críticas a posições reducionistas e mecanicistas da análise de comportamento.

Neste capítulo, será discutido como três terapias contextuais abordam a questão da regulação emocional, a saber: ACT; DBT; FAP.

A ACT tem o enfoque na esquiva experiencial, que, em outras palavras, é fugir do sofrimento. Isso concorre com ações realmente importantes, gerando restrições no repertório do indivíduo. Para a ACT, o sofrimento é inerente à vida, assim como a vivência dos eventos internos que forem decorrentes desse sofrimento. Tal processo é chamado de aceitação e constitui, junto a clarificação dos valores, o eixo principal de atuação dessa abordagem.

A DBT utiliza o modelo biossocial para explicar o porquê de determinadas pessoas terem tanta dificuldade para controlar suas emoções e ações. Tal modelo parte do princípio de que a desregulação emocional resulta da interação entre vulnerabilidade biológica às emoções e invalidação ao longo do tempo.3

De acordo com a DBT, a vulnerabilidade emocional é uma predisposição inata caracterizada por alta sensibilidade, hiper-reatividade e lento retorno à linha de base que, quando combinada com um ambiente invalidante, resulta na desregulação emocional crônica.3

A FAP se fundamenta na análise e na modelagem do comportamento verbal do paciente em tempo real durante as sessões.4 Por isso, as subjetividades (sentimentos, emoções, entre outros) do paciente e do terapeuta são centrais no manejo terapêutico.

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