Objetivos
Ao final da leitura deste capitulo, o leitor será capaz de
- identificar os conceitos e pressupostos básicos de três terapias contextuais — psicoterapia analítico-funcional (em inglês, functional analytic psychotherapy [FAP]), terapia de aceitação e compromisso (em inglês, acceptance and commitment therapy [ACT]) e terapia comportamental dialética (em inglês, dialectical behavior therapy [DBT]);
- reconhecer as principais técnicas terapêuticas de regulação emocional da FAP, da ACT e da DBT;
- discutir como se dá o manejo terapêutico dos comportamentos privados do paciente.
Esquema conceitual
Introdução
As terapias contextuais têm como base epistemológica o contextualismo, corrente filosófica decorrente das reflexões de Pepper, segundo Hayes e colaboradores.1 Trata-se do entendimento contextual e idiográfico do comportamento humano, sem supor a entrada de nenhum déficit de comportamento ou pensamento.2
As terapias contextuais passaram a estabelecer um novo olhar da terapia comportamental para o aspecto cognitivo, considerando emoções, pensamentos e sentimentos como dicas das contingências que os geram. O sofrimento psicológico, nesse cenário, é um sinal de que as contingências devem mudar. Para tanto, deve-se auxiliar o paciente a emitir comportamentos que possam fazê-lo entrar em contato com reforçadores naturais mais do que no comportamento governado por regras. Esses processos terapêuticos apresentam um contraponto às críticas a posições reducionistas e mecanicistas da análise de comportamento.
Neste capítulo, será discutido como três terapias contextuais abordam a questão da regulação emocional, a saber: ACT; DBT; FAP.
A ACT tem o enfoque na esquiva experiencial, que, em outras palavras, é fugir do sofrimento. Isso concorre com ações realmente importantes, gerando restrições no repertório do indivíduo. Para a ACT, o sofrimento é inerente à vida, assim como a vivência dos eventos internos que forem decorrentes desse sofrimento. Tal processo é chamado de aceitação e constitui, junto a clarificação dos valores, o eixo principal de atuação dessa abordagem.
A DBT utiliza o modelo biossocial para explicar o porquê de determinadas pessoas terem tanta dificuldade para controlar suas emoções e ações. Tal modelo parte do princípio de que a desregulação emocional resulta da interação entre vulnerabilidade biológica às emoções e invalidação ao longo do tempo.3
De acordo com a DBT, a vulnerabilidade emocional é uma predisposição inata caracterizada por alta sensibilidade, hiper-reatividade e lento retorno à linha de base que, quando combinada com um ambiente invalidante, resulta na desregulação emocional crônica.3
A FAP se fundamenta na análise e na modelagem do comportamento verbal do paciente em tempo real durante as sessões.4 Por isso, as subjetividades (sentimentos, emoções, entre outros) do paciente e do terapeuta são centrais no manejo terapêutico.