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MIGRÂNEA VESTIBULAR

Autores: Márcio Cavalcante Salmito , Fernando Freitas Ganança
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  • Introdução

A tontura é uma das queixas mais comuns em medicina, principalmente entre os idosos.1 Apesar de os sintomas vestibulares serem descritos, muitas vezes, de forma imprecisa e de muitos médicos ainda se sentirem inseguros nessa área, é possível chegar a um diagnóstico na maioria dos casos.2

As doenças vestibulares são as causas mais frequentes de tontura, e as mais prevalentes são a vertigem posicional paroxística benigna (VPPBvertigem posicional paroxística benigna) e a migrânea vestibular (MVmigrânea vestibular) — esta com mais de 11% do total de casos.2

A MVmigrânea vestibular, ou enxaqueca, consiste em uma entidade causadora de cefaleia episódica de periodicidade e intensidade variáveis, com característica pulsátil, em peso ou pressão hemicraniana ou mesmo holocraniana, comumente associada à náusea, fotofobia, fonofobia e ao vômito.3 Sintomas vestibulares, como vertigem, são frequentemente associados ao quadro de migrânea. Nos últimos anos, estudos epidemiológicos confirmaram essa associação.4,5 A relação entre essas duas entidades é, no entanto, ainda considerada bastante complexa.6

A vertigem e a migrânea podem coexistir de três formas, sendo a primeira de forma independente, em um mesmo paciente, já que são condições comuns na população. Na segunda forma, estão associadas por meio de alguma síndrome vertiginosa, como a doença de Menière, a cinetose e a VPPBvertigem posicional paroxística benigna. Por fim, a terceira forma de associação é a vertigem recorrente, que é causada pela própria migrânea,6 quando é denominada MVmigrânea vestibular.

Apesar de a associação entre cefaleia migranosa e vertigem ser conhecida há muito tempo, apenas em 1999 a MVmigrânea vestibular foi descrita por Dieterich e Brandt7 como uma entidade à parte. Critérios diagnósticos foram propostos por Neuhauser em 20014 e revisados recentemente, em 2012, pela Bárány Society em conjunto com a Sociedade Internacional das Cefaleias (em inglês, International Headache Society [IHSInternational Headache Society]).8 Esses critérios fazem parte da última classificação internacional da cefaleia (International Classification of Headache Disorders [(ICHD-3International Classification of Headache Disorders)], publicada em 2013 pela IHSInternational Headache Society.9

As doenças vestibulares são problemas frequentes, com tendência de aumento de prevalência em função do envelhecimento da população. É indispensável para todos os médicos saber identificar os distúrbios vestibulares e conhecer as principais doenças causadoras desses distúrbios. A MVmigrânea vestibular é, atualmente, a primeira ou segunda doença vestibular mais frequente de todas, sendo obrigatório o conhecimento de sua existência por parte dos médicos.

Para o médico otorrinolaringologista, torna-se obrigatório um conhecimento mais aprofundado da MVmigrânea vestibular, já que é o especialista em queixas vestibulares. Descrever esse problema, mostrar os critérios diagnósticos e as principais formas de tratamento são os objetivos deste capítulo.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de:

 

  • identificar os distúrbios vestibulares;
  • reconhecer as principais doenças causadoras dos distúrbios vestibulares;
  • reconhecer a MVmigrânea vestibular como uma doença vestibular frequente;
  • identificar os critérios diagnósticos da MVmigrânea vestibular;
  • diferenciar as principais formas de tratamento da MVmigrânea vestibular.
  • Esquema conceitual
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