Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar as decisões fundamentais a serem tomadas após coleta de informações no atendimento;
- reconhecer ações para prestar a melhor assistência ao paciente;
- refletir sobre a prática da medicina de emergência e sobre o mindset, ou forma de pensar, do médico emergencista.
Esquema conceitual
Introdução
Os profissionais que exercem a medicina de emergência, provavelmente já ouviram o lema do Dr. Brian J. Zink: “Anyone, anything, anytime”. Os médicos emergencistas são verdadeiramente responsáveis pela avaliação inicial, pelo diagnóstico precoce, pelo tratamento adequado e pela disposição (internação ou alta hospitalar) de qualquer paciente que requeira atendimento clínico, cirúrgico ou psiquiátrico emergencial. A pergunta que motivou a escrita deste capítulo é: como pensar e, consequentemente, como agir para prestar a melhor assistência possível ao paciente?
Apenas um tipo muito especial de profissional consegue permanecer de pé durante 14 horas realizando um transplante cardíaco. Da mesma forma, apenas um seleto grupo de profissionais consegue abdicar de seus finais de semana em família para visitar um paciente internado em uma enfermaria por uma descompensação de insuficiência cardíaca.
Nesse mesmo raciocínio, não são todos os médicos que devem, podem ou conseguem passar 12 horas de seus dias atendendo pacientes com dor no peito, ou suturando feridas, tratando crianças com dor de garganta ou gestantes vítimas de acidentes automobilísticos, ou mesmo um paciente idoso com uma infecção sexualmente transmissível ou um jovem com insuficiência respiratória por COVID-19. O especialista em medicina de emergência atenderá uma ampla gama de pacientes durante o seu dia e sua maior satisfação deve ser dar uma resposta rápida e eficaz a todas as suas queixas.
O emergencista deve pensar fora da caixa. Durante a graduação, os médicos são apresentados a um modelo de raciocínio clínico com base em etapas fixas: anamnese, exame físico, hipótese diagnóstica, diagnósticos diferenciais, exames complementares, diagnóstico definitivo e tratamento.
Se o profissional trabalha (ou quer trabalhar) em um departamento de emergência, deve buscar ser complacente com este modelo. O conhecimento médico abrangente é necessário para tomar boas decisões, mas o conhecimento por si só não é suficiente. Médicos emergencistas precisam saber o que e como pensar, como se sentem quando expostos a situações adversas, como resolvem problemas e como tomam decisões.
O mindset do emergencista nada mais é do que uma compilação de muitas perspectivas de médicos emergencistas bem-sucedidos sobre a mentalidade necessária para se destacar e prosperar na medicina de emergência, como atender e estabilizar um paciente com diagnóstico ainda não definido, ter a capacidade de tomar inúmeras decisões (às vezes, decisões de vida ou de morte) sem informações completas; estar preparado e saber o que fazer e o que priorizar no manejo inicial de qualquer condição médica emergencial; ser capaz de tolerar a incerteza e enfrentar o melhor e o pior da humanidade.