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MOBILIZAÇÃO PRECOCE E REABILITAÇÃO NA UTI PEDIÁTRICA

Autores: Marina Simões Oliveira, Gregory Lui Duarte
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • descrever os mecanismos da fraqueza muscular adquirida (FMA) na UTI;
  • reconhecer o conceito de mobilização precoce e reabilitação;
  • avaliar a funcionalidade dos pacientes internados na UTI pediátrica (UTIP);
  • aplicar os princípios da mobilização e reabilitação de acordo com faixa etária, o grau de funcionalidade e os recursos disponíveis no setor de assistência;
  • identificar as indicações e contraindicações da mobilização precoce e reabilitação na UTIP.

Esquema conceitual

Introdução

Em 1899, o Dr. Emil Ries cita em seu artigo os benefícios de levantar do leito e andar dentro de um período de 24 a 48 horas após intervenção cirúrgica.1 Alguns autores no ano de 1944 descrevem também intervenções de mobilização fora do leito após procedimentos cirúrgicos. No ano de 1947, o Dr Richard Asher publica um artigo chamado The Dangers of going to bed (de tradução livre: Os perigos de ir para a cama),2 no qual alerta sobre os problemas relacionados ao tempo de imobilismo no leito. Alterações respiratórias, cardiovasculares, lesões por pressão e alterações musculoesqueléticas são algumas das complicações citadas no artigo do Dr Asher.2

A temática da mobilização precoce não é nova, mas, mesmo após 123 anos das suas primeiras descrições, ainda são encontradas muita resistência e barreiras relacionadas à mobilização dos pacientes no âmbito da terapia intensiva. Por esse motivo, há a necessidade de implementação de protocolos bem desenhados no nível institucional.

Com o avanço das tecnologias assistivas em terapia intensiva, o alto índice de admissões e o aumento na taxa de sobrevida, as consequências de internações prolongadas e seus riscos associados tornaram-se mais evidentes.3

A imobilidade associada à UTI é resultado de maior uso de sedação e restrição no leito durante o processo de ressuscitação, estabilização do quadro e reversão de falência de órgãos, visando à segurança do paciente, conforto e estabilidade hemodinâmica.4 Períodos prolongados de internação em UTI associam-se a um maior risco de morbidades e complicações que podem levar ao aumento do tempo de hospitalização e da mortalidade.5,6

Entre as principais complicações estão a fraqueza muscular adquirida na UTI (FMAUTI), alterações sensório-motoras, alterações de ciclo circadiano e delirium, e a síndrome de abstinência após desmame de sedativos.4,6

Os mecanismos que levam a FMAUTI permanecem incertos. Entretanto, algumas teorias e estudos em modelos animais buscam elucidar esse complexo sistema que pode causar alterações estruturais e funcionais ao sistema nervoso central, nervos periféricos e fibra muscular. Pacientes críticos podem apresentar perda média de até 13% na espessura do quadríceps femoral ainda na primeira semana de internação. Além disso, o posicionamento inadequado também pode favorecer o surgimento de úlceras de pressão e a instalação de deformidades articulares.4

Estudos e protocolos de mobilização precoce em unidades de pacientes adultos demonstram a segurança e a eficácia dessa intervenção. Na população pediátrica, os protocolos podem ser de difícil implementação, visto que a faixa etária abrange diferentes níveis de desenvolvimento motor.

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