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MODELO DE INTERVENÇÃO PRECOCE E ESTRUTURADA EM RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS

Autores: Nathália de Figueiredo Silva, Carolina Daniel de Lima-Alvarez, Silvana Alves Pereira
epub-BR-PROFISIO-PED-C11V4_Artigo

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • identificar os objetivos, as indicações e as contraindicações para início de uma intervenção precoce estruturada em recém-nascidos prematuros (RNPTs) em ambiente hospitalar;
  • estabelecer o modelo de intervenção estruturada que poderá ser realizado desde a internação até a alta hospitalar, no ambiente domiciliar;
  • realizar as técnicas de intervenção precoce considerando seus benefícios;
  • avaliar a interação do bebê em diferentes estágios de desenvolvimento;
  • caracterizar a abordagem de cuidado centrado na família na prática da fisioterapia neonatal.

Esquema conceitual

Introdução

A diminuição da mortalidade neonatal associada à prematuridade propiciou a sobrevida de muitos lactentes com sequelas neurológicas.1 Muitas vezes, essas sequelas são diagnosticadas tardiamente, prejudicando o correto desenvolvimento neuropsicomotor da criança.

As taxas de detecção de problemas no desenvolvimento neuropsicomotor têm sido mais baixas do que sua prevalência, sugerindo grandes dificuldades à identificação precoce e, consequentemente, ao acesso a serviços especializados de intervenção no momento oportuno.2,3

É necessário incluir a família como atuante principal no desenvolvimento dessa população; tal inclusão deve acontecer tanto em ambiente hospitalar (durante a internação) como em ambiente domiciliar (enquanto os lactentes não são inseridos em programas ambulatoriais de intervenção precoce).4

Uma das ferramentas de detecção precoce para problemas no desenvolvimento neuropsicomotor tem sido a avaliação dos movimentos gerais do recém-nascido (RN) ainda nas primeiras horas de vida. A avaliação dos movimentos gerais pelo Método Prechetl propõe a observação da movimentação espontânea do lactente para avaliação da integridade do sistema nervoso em desenvolvimento e predição de problemas no desenvolvimento neurológico desde a hora do nascimento. Embora possa ser aplicada por qualquer profissional da saúde, essa ferramenta exige um conhecimento prévio em neurodesenvolvimento e experiência em observação motora neonatal, o que dificulta sua realização rotineira nos serviços de assistência neonatal.5

Diante desse contexto, é essencial o desenvolvimento de estratégias que otimizem o desenvolvimento neuropsicomotor dessa população. Tanto a imaturidade do organismo como a inserção do RN no ambiente estressor de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) são fatores que representam riscos para o desenvolvimento. Assim, é essencial que os fisioterapeutas atuantes nas unidades de cuidado neonatal compreendam o processo de desenvolvimento típico e o impacto da prematuridade e da internação no desenvolvimento dos RNs.

A estimulação precoce consiste em usar das atividades de vida diária e dos objetos disponíveis no ambiente para motivar o lactente a conhecer e explorar o ambiente e seu próprio corpo. Pode ser conduzido pelos pais, cuidadores, educadores. Já a intervenção precoce é o tratamento de prevenção secundária, destinado a todos os RNs de risco para alterações no desenvolvimento neuromotor. Deve ser iniciada até o 4º mês de idade cronológica ― antes da instalação de deficiências na estrutura e função do corpo e previamente à emergência de habilidades direcionadas ao objetivo.1

Considerando o contexto de imaturidade biológica neonatal, e a exposição ambiental da internação em terapia intensiva, as estratégias de intervenção direcionadas a essa população de alto risco devem ser embasadas em promissoras evidências científicas. Três técnicas têm trazido benefícios ao desenvolvimento neuropsicomotor, sendo recomendadas no modelo de intervenção precoce estruturada:6–8

 

  • contato pele a pele;
  • estimulação multissensorial e cinestésica;
  • prática da postura em posição prona.

Essas técnicas podem ser associadas às etapas de cuidado neonatal estruturadas pelo Método Canguru, complementando essa assistência.9

O capítulo propõe um modelo de intervenção precoce estruturada para RN que acompanha seu trajeto de cuidado neonatal pelas etapas do Método Canguru. Esse se inicia na terapia intensiva e estende-se até o ambiente domiciliar, envolvendo o cuidado centrado na família e o protagonismo familiar no desenvolvimento desses bebês.

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