- Introdução
As neoplasias intraepiteliais são constituídas por alterações das células e da arquitetura epitelial, sem invasão da membrana basal do epitélio, com semelhança histológica e com possibilidade aumentada de evoluir para o carcinoma.
A epidemiologia e a prevenção do câncer de colo uterino, de vulva e de vagina são semelhantes entre si. Existe uma íntima relação entre a neoplasia intraepitelial cervical (NICneoplasia intraepitelial cervical), a neoplasia intraepitelial vaginal (Nivaneoplasia intraepitelial vaginal), a neoplasia intraepitelial vulvar (NIVneoplasia intraepitelial vulvar) e, em menor proporção, com a neoplasia intraepitelial anal (NIA). As pacientes com NIVneoplasia intraepitelial vulvar apresentam outra neoplasia intraepitelial no trato genital em até 60% dos casos, sendo a NICneoplasia intraepitelial cervical a mais frequente.1
A infecção pelo vírus do papiloma humano (HPVvírus do papiloma humano) é considerada o principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer do trato genital inferior. A imunodeficiência, o tabagismo e o comportamento sexual de risco são outros fatores. O tabagismo, além de fator de risco para o desenvolvimento das neoplasias intraepiteliais do trato genital inferior, aumenta o risco de progressão para câncer, tanto no colo uterino como na vulva.2
A incidência real de neoplasia intraepitelial é difícil de estimar, pois a lesão precursora não necessita de notificação compulsória. Foi observado um aumento progressivo dos casos de carcinoma in situ vulvar (NIVneoplasia intraepitelial vulvar III), com duplicação do número de ocorrências nas décadas de 1980 a 1990 em relação à década de 1970 sem, contudo, produzir impacto no número de casos de carcinoma invasor da vulva.3 Os motivos podem ser a crescente incidência do HPVvírus do papiloma humano, o tabagismo entre as mulheres e a maior frequência na realização de biópsias nas alterações vulvares.
A história natural da NIVneoplasia intraepitelial vulvar não é tão bem conhecida como a da NICneoplasia intraepitelial cervical, pois, enquanto existem muitos dados e publicações sobre a NICneoplasia intraepitelial cervical e o câncer de colo, os estudos sobre a NIVneoplasia intraepitelial vulvar e o câncer de vulva envolvem um pequeno número de pacientes e um tempo relativamente pequeno de seguimento, até porque a maioria das pacientes é tratada por apresentar lesão sintomática.
O potencial maligno da NIVneoplasia intraepitelial vulvar diferenciada (dNIVneoplasia intraepitelial vulvar diferenciada) está em torno de 32%, e da NIVneoplasia intraepitelial vulvar usual, de 5%.4–6 Aproximadamente, 80% dos carcinomas de vulva originam-se de lesões HPVvírus do papiloma humano negativas e têm a dNIVneoplasia intraepitelial vulvar diferenciada como a lesão pré-maligna.
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
- identificar a epidemiologia para a NIVneoplasia intraepitelial vulvar;
- conhecer a atual classificação da NIVneoplasia intraepitelial vulvar;
- avaliar as lesões vulvares com necessidade de biópsia;
- respeitar as indicações de tratamento e os sintomas da paciente com NIVneoplasia intraepitelial vulvar;
- individualizar o tratamento da NIVneoplasia intraepitelial vulvar;
- realizar o seguimento adequado em casos de NIVneoplasia intraepitelial vulvar.
- Esquema conceitual