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NEUROTOXICIDADE DOS ANESTÉSICOS INALATÓRIOS

Autor: Cristiane Gurgel Lopes
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  • Introdução

Os fármacos anestésicos são ferramentas clínicas indispensáveis e, em geral, considerados seguros, particularmente para pacientes saudáveis. Contudo, há uma preocupação crescente com a sua potencial neurotoxicidade a longo prazo.

Nos últimos anos, os estudos clínicos e experimentais têm sugerido que a exposição a agentes anestésicos durante o último trimestre do desenvolvimento intrauterino, na primeira infância ou na senilidade, pode provocar efeitos adversos duradouros ou permanentes na função cognitiva.1

Os anestésicos inalatórios possuem propriedades lipossolúveis que lhes permitem penetrar facilmente no sistema nervoso central (SNCsistema nervoso central). Embora se acredite que os efeitos sobre o SNCsistema nervoso central cessem após a interrupção da sua administração e a emergência da anestesia, um declínio da função cognitiva pode ser observado após o fim da anestesia e da cirurgia.2 No entanto, é muito difícil determinar o que realmente causa o comprometimento do SNCsistema nervoso central, em particular no período pós-operatório. Tais causas podem envolver condições clínicas e neurológicos preexistentes, fármacos anestésicos, trauma cirúrgico, resposta ao estresse ou a combinação desses fatores.

Em crianças submetidas a anestesias, têm sido relatadas repercussões comportamentais, como3,4

 

  • aumento da ansiedade;
  • terror noturno;
  • ciclos sono-vigília incompletos;
  • cognição alterada.

Alguns estudos evidenciaram uma associação entre a exposição prolongada ou repetida à anestesia geral no início da vida e desfechos neurológicos adversos a longo prazo.5–7

Em adultos, particularmente nos idosos, os estados de confusão e delirium, perda de memória e alterações nas funções executivas podem ocorrer dias após a cirurgia e anestesia, e podem persistir por meses.8

Uma vez que os anestésicos inalatórios são importantes moduladores farmacológicos da atividade neuronal, pode haver implicações importantes para os efeitos indesejáveis, a longo prazo, desses fármacos no cérebro.9

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

 

  • identificar como a exposição a anestesia, especialmente a anestésicos inalatórios, em determinadas fases da vida, pode influenciar os processos neuronais;
  • distinguir as fases do neurodesenvolvimento;
  • verificar a vulnerabilidade do SNCsistema nervoso central frente à toxicidade dos anestésicos no neurodesenvolvimento;
  • atualizar-se sobre estudos experimentais e clínicos em pediatria que suportam a preocupação sobre exposição a anestésicos e danos neurológicos duradouros;
  • caracterizar o prejuízo causado por anestésicos sobre o cérebro durante o envelhecimento;
  • classificar os principais distúrbios neurológicos associados ao evento anestesia-cirurgia em idosos;
  • considerar as estratégias para prevenção de danos neurais por exposição a anestésicos.

 

  • Esquema conceitual

 

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