- Introdução
A prevalência estimada de nódulos tiroidianos é inferior a 2% na faixa etária pediátrica.1 Apesar de raros, os nódulos de tiroide identificados em crianças e adolescentes apresentam um maior risco de malignidade em comparação com os nódulos diagnosticados em pacientes adultos (26 versus 5%)2 e devem, portanto, ser considerados suspeitos e investigados de forma apropriada.
Estudos epidemiológicos têm demonstrado um aumento progressivo na taxa de incidência do câncer de tiroide (CTcâncer de tiroide) em diversas regiões do mundo. Esse aumento tem sido identificado principalmente na população adulta, mas também é descrito em crianças e adolescentes.3,4
Estudos prévios sugerem que o aumento na incidência do CTcâncer de tiroide pode estar relacionado a uma disponibilidade maior de métodos diagnósticos de rastreio pela população.3 No entanto, em crianças e adolescentes, a solicitação de exames de imagem de rastreio é incomum. Além disso, a detecção de aumento também na incidência de tumores maiores e palpáveis (e não apenas de incidentalomas) sugere que, de fato, pode haver um aumento real na ocorrência desse tipo de neoplasia na faixa etária pediátrica.4
Assim como na população adulta, há um predomínio dos carcinomas diferenciados na infância. Entre os carcinomas de tiroide, estão os seguintes:5,6
- carcinoma papilífero de tiroide (CPTcarcinoma papilífero de tiroide), que representa o tipo histológico mais comum de CTcâncer de tiroide pediátrico e corresponde a cerca de 90% dos tumores;
- carcinoma folicular de tiroide (CFT), que ocorre mais raramente na população jovem e representa cerca de 5 a 10% dos casos de CTcâncer de tiroide na população pediátrica;
- carcinoma medular de tiroide (CMTcarcinoma medular de tiroide) esporádico, que é raramente identificado em crianças e adolescentes, e familiar, que é identificado em crianças, principalmente no rastreamento de famílias com CMTcarcinoma medular de tiroide familiar, sendo a faixa etária variável e dependente da mutação presente na família;
- carcinoma anaplásico da tiroide (CAT), que também é escassamente identificado em crianças e adolescentes.
O CPTcarcinoma papilífero de tiroide pediátrico pode se apresentar na forma de diferentes variantes histológicas. Nessa faixa etária, em especial em crianças com idade inferior a 10 anos, o padrão clássico de apresentação do CPTcarcinoma papilífero de tiroide comumente observado em pacientes adultos é menos prevalente, e as variantes folicular, sólida e esclerosante difusa são comumente observadas.7
Neste artigo, serão abordados diversos aspectos dos nódulos e do CTcâncer de tiroide na criança e no adolescente.
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
- descrever os aspectos epidemiológicos do CTcâncer de tiroide pediátrico;
- mencionar os fatores de risco do CTcâncer de tiroide pediátrico;
- explicar a patogênese do CTcâncer de tiroide pediátrico;
- detalhar a avaliação inicial recomendada para os nódulos de tiroide na infância;
- diferenciar a apresentação clínica do CTcâncer de tiroide pediátrico e do CTcâncer de tiroide em adultos;
- recomendar a abordagem terapêutica mais apropriada para cada caso de CTcâncer de tiroide pediátrico.
- Esquema conceitual