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NUTRIÇÃO E LONGEVIDADE

Rita de Cássia de Aquino

Myrian Spínola Najas

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • descrever os padrões alimentares associados ao envelhecimento saudável e à longevidade;
  • relacionar os índices dietéticos aos respectivos padrões alimentares protetores;
  • identificar os principais nutrientes e compostos bioativos (CBAs) dos padrões alimentares protetores;
  • reconhecer as semelhanças entre as dietas adotadas nas blue zones (BZs).

Esquema conceitual

Introdução

O número e a proporção de pessoas com 60 anos ou mais estão aumentando em um ritmo sem precedentes, e esse ritmo se acelerará nas próximas décadas, especialmente nos países em desenvolvimento. O censo de 2022 constatou o que já era esperado, isto é, o aumento da população idosa: cerca de 57% em um período de 12 anos.1

Junto com o envelhecimento populacional, observa-se aumento da longevidade — que é a duração mais longa do que o esperado de uma vida. O crescimento acelerado da população idosa implica mudanças significativas na demografia do Brasil. Tal mudança deve ser acompanhada de medidas e políticas públicas para atender às necessidades específicas dessa população e requer adaptações na forma como a sociedade é estruturada em todos os setores:

 

  • saúde e assistência social;
  • transporte;
  • habitação;
  • planejamento urbano.2,3

O envelhecimento populacional observado nos últimos anos está diretamente relacionado ao ambiente, que, por sua vez, tem influência no comportamento e na exposição a fatores de risco à saúde, como poluição do ar, violência e insegurança alimentar. Conhecimentos e habilidades são necessários para conectar os determinantes social, biológico, econômico e ambiental com o envelhecimento ativo e a longevidade, uma vez que cada indivíduo deve ter a oportunidade de viver uma vida longa e saudável sob o aspecto do envelhecimento ativo.2,3

O envelhecimento ativo depende de uma diversidade de fatores econômicos, sociais, físicos, pessoais e comportamentais. Tais fatores devem permitir um estilo de vida saudável e a participação no cuidado com a própria saúde. Isso inclui a prática de atividade física e a adoção de um padrão alimentar saudável, por meio de escolhas alimentares que promovam a saúde e a redução no risco de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs).4

Nos últimos anos, a investigação nutricional em relação aos resultados de saúde mudou consideravelmente, passando a concentrar-se e a considerar combinações de alimentos, em vez de nutrientes isoladamente.4–6 

Como dito, recentemente, a investigação da dieta passou de uma abordagem tradicional ou reducionista de nutrientes, alimentos ou grupos de alimentos para uma visão mais contemporânea, definida por padrões alimentares, que consideram a complexidade da dieta e o que ela oferece. Os padrões alimentares parecem ser mais eficientes quando se tem por objetivo analisar possíveis associações entre dieta, saúde e doenças, além de sua relação com o envelhecimento populacional e a longevidade.4–6

Uma vez que o objetivo deste capítulo é avaliar os padrões conhecidos por terem efeitos protetores para a pessoa idosa, serão abordadas as análises orientadas por hipóteses ou a priori, que estão associadas às características da dieta e às escolhas alimentares. Além disso, serão apresentados os índices de maior relevância para a promoção de saúde e a longevidade.