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TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: PLANEJAMENTO TERAPÊUTICO DA CRIANÇA COM DIFICULDADE ALIMENTAR

Joana Filomena Magalhães Dias Leite

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • reconhecer dificuldades alimentares de crianças com transtorno do espectro autista (TEA);
  • identificar as causas e consequências das dificuldades alimentares de crianças com TEA;
  • listar estratégias para o tratamento das dificuldades alimentares no TEA;
  • discutir as particularidades do planejamento terapêutico para o tratamento das dificuldades alimentares no TEA;

Esquema conceitual

Introdução

As dificuldades alimentares são mais prevalentes em crianças com TEA em comparação a indivíduos com desenvolvimento neurotípico (80% versus 20%, respectivamente).1 Essa prevalência pode ser justificada pela grande relação entre as causas das dificuldades alimentares e as características do transtorno.

O TEA é um transtorno do desenvolvimento neurológico caracterizado por dificuldades de comunicação e interação social e pela presença de comportamentos e/ou interesses repetitivos ou restritos.2 A rigidez comportamental presente em indivíduos com TEA exerce forte influência no estabelecimento de padrões alimentares.

O quadro da dificuldade alimentar em crianças com TEA tende a ser mais grave comparado ao quadro apresentado por seus pares neurotípicos. No caso do TEA, a seleção envolve aspectos diversos, como os seguintes:3

 

 

  • temperatura, cor, textura e/ou marca dos alimentos;
  • tipo de talheres;
  • marca dos utensílios;
  • organização da comida no prato;
  • ambiente em que a comida é servida.

As crianças com TEA têm reações mais aversivas quanto a cheiro e sabor dos alimentos. 3 As causas das dificuldades são relatadas como complexas e podem ser resultado de fatores médicos, orais, sensório-motores e comportamentais, isoladamente ou em combinação.4

As dificuldades alimentares provocam fortes consequências tanto para a criança quanto para a família em que ela está inserida. Pode haver ganho de peso excessivo, causado pela seleção de alimentos mais calóricos e de baixo valor nutricional, o que está associado a excesso de peso e obesidade em crianças com TEA.5

O baixo peso também pode ser descrito, tendo em vista a dificuldade para o alcance das necessidades nutricionais por essas crianças. Isso gera desnutrição e deficiências ocultas de micronutrientes; a restrição alimentar grave impossibilita a aquisição desses nutrientes pelo consumo alimentar.5,6

Neste capítulo, serão discutidas as principais definições, causas e consequências associadas às dificuldades alimentares em crianças com TEA. Em seguida, serão abordadas orientações e estratégias para o tratamento dessas crianças.