Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar os transtornos de humor, seus critérios diagnósticos e tratamento;
- explicar os principais mecanismos da neurobiologia da depressão;
- descrever as possíveis abordagens nutricionais que têm sido investigadas na depressão;
- discutir a relação entre obesidade e depressão;
- reconhecer as características de pacientes com transtorno afetivo bipolar (TAB);
- caracterizar as principais comorbidades clínicas e psiquiátricas em pacientes com TAB;
- identificar a epidemiologia do TAB;
- detectar os fatores etiológicos associados ao TAB;
- discutir as evidências conhecidas acerca do comportamento alimentar de pacientes com TAB.
Esquema conceitual
Introdução
Segundo a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5),1 os transtornos de humor compreendem
- transtornos depressivos e suas variações — transtorno disruptivo da desregulação do humor, transtorno depressivo maior ([TDM], incluindo episódio depressivo maior), transtorno depressivo persistente (distimia), transtorno disfórico pré-menstrual, transtorno depressivo induzido por substância/medicamento, transtorno depressivo devido a outra condição médica, outro transtorno depressivo especificado e transtorno depressivo não especificado;
- transtorno bipolar e suas variações — tipo I, tipo II, transtorno ciclotímico, transtorno bipolar e transtorno relacionado induzido por substância/medicamento, transtorno bipolar e transtorno relacionado devido a outra condição médica, outro transtorno bipolar e transtorno relacionado especificado e transtorno bipolar e outro transtorno relacionado não especificado.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS),2 os transtornos de humor são doenças psiquiátricas altamente incapacitantes, em níveis comparados aos das doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como câncer, diabetes melito (DM) e doenças cardiovasculares (DCVs). Uma em cada cinco pessoas poderá desenvolver um transtorno de humor durante a vida, o que representa uma carga para o indivíduo e para a sociedade em termos de deficiências funcionais associadas, custo pessoal e social, morbidade e mortalidade.
Distintos caminhos foram estudados a respeito de a dieta afetar a saúde mental. Isso inclui a modulação das vias envolvidas na inflamação, estresse oxidativo, microbiota intestinal, metabolismo do triptofano (TRP)–quinurenina, eixo hipotálamo–pituitária–adrenal (HPA), neurogênese e fator neurotrófico derivado do cérebro (em inglês, brain-derived neurotrophic factor [BDNF]).3
Dados pré-clínicos e clínicos apontam para o benefício potencial de alguns nutrientes, fitoquímicos e alimentos como uma abordagem alternativa e complementar para o tratamento dos transtornos de humor.3
Uma dieta adequada pode diminuir o risco de desenvolver sintomas depressivos, enquanto uma dieta inadequada (por exemplo, rica em açúcar e alimentos refinados) pode aumentar o risco de depressão. É possível afirmar que a alimentação pode contribuir para reduzir a carga global dos transtornos de humor.3
Neste capítulo, será enfatizada abordagem ao TDM, comumente denominado depressão, e ao TAB tipos I e II.