- Introdução
A sepse é caracterizada por uma produção excessiva de mediadores inflamatórios resultando em resposta desregulada do hospedeiro e em disfunção orgânica, que inclui disfunção cerebral. Muitos estudos já relataram ativação microglial em modelos animais e humanos. O papel principal das micróglias é a manutenção de neurônios e das sinapses durante o funcionamento normal do sistema nervoso central (SNCsistema nervoso central).
Em uma lesão inicial, as micróglias se tornam ativadas e podem ter um papel protetor. As micróglias ativadas são muito plásticas e podem existir em múltiplos fenótipos, que apresentam diferentes respostas, de acordo com mudanças no microambiente cerebral. Esses múltiplos fenótipos podem induzir a reparação do cérebro, ou citotoxicidade, bem como funções imunológicas ou pró-inflamatórias.
Classicamente, na literatura, a polarização microglial é utilizada da mesma forma que a polarização de macrófagos (fenótipos M1 e M2). Teoricamente, esses diferentes fenótipos podem ter efeitos positivos ou negativos na adaptação do cérebro adulto após uma lesão.
Quando ativadas como fenótipo M1, as micróglias afetam a neurogênese, secretam mediadores pró-inflamatórios e apresentam déficits neurológicos em longo prazo após a lesão. Em contrapartida, quando ativadas como fenótipo M2, as micróglias promovem reparo, regeneração e neuroproteção.
Sabe-se que a minociclina suprime a produção de moléculas inflamatórias [interleucina 6 (IL-6interleucina 6), fator de necrose tumoral alfa (TNF-αfator de necrose tumoral alfa) e interleucina 1 beta (IL-1βinterleucina 1 beta)] induzidas por lipopolissacarídeos (LPSlipopolissacarídeos) em monócitos periféricos e tem o mesmo resultado quando injetada no cérebro, sugerindo um efeito, principalmente, nas micróglias M1.
A cinética da polarização microglial durante o desenvolvimento da sepse não é bem conhecida e pode ter implicações na recuperação da função cerebral. Portanto, muitos estudos ainda estão sendo realizados, a fim de se compreender melhor a polarização microglial na sepse.
Este artigo trará informações importantes para melhor compreensão do papel das micróglias e da ativação dos fenótipos M1 e M2 diante de uma lesão como no caso da sepse.
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
- caracterizar o processo fisiopatológico da sepse;
- explicar os mecanismos de polarização microglial, fenótipos M1 e M2;
- descrever a relação entre inflamação sistêmica e sua resposta no SNCsistema nervoso central;
- reconhecer moduladores microgliais e seus efeitos.
- Esquema conceitual
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