Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar os fatores de risco para uma provável readmissão na unidade de terapia intensiva (UTI) após a alta;
- relacionar a avaliação da força muscular e da funcionalidade com desfechos negativos pós-alta hospitalar;
- aplicar as escalas de avaliação de força muscular (Medical Research Council [MRC]) e de avaliação funcional (Functional Status Score for the Intensive Care Unit [FSS-ICU]) e Physical Function in Intensive Care Test-scored [PFIT-s]);
- traçar um plano de tratamento com o objetivo de melhora e/ou manutenção da funcionalidade em curto, médio e longo prazos;
- elaborar relatório de alta para comunicação efetiva entre setores de cuidado pós-alta da UTI e continuidade do tratamento.
Esquema conceitual
Introdução
A UTI é uma unidade destinada à internação de pacientes graves, que requerem atenção profissional especializada contínua, materiais específicos e tecnologias necessárias ao diagnóstico, monitoração e terapia.1 A gravidade dos pacientes, nesse ambiente, se relaciona diretamente com maior risco de óbito.
No decorrer das últimas décadas, alguns pontos, como evolução tecnológica, científica e de interação multidisciplinar, têm contribuído para o aumento da sobrevida dos pacientes internados na UTI.2
Ao mesmo tempo que a sobrevida é otimizada, complicações inerentes ao processo de internação e aos tratamentos empregados nas condições críticas são um “preço” a se pagar. No momento atual, é amplamente conhecido que os sobreviventes da UTI apresentam, mesmo alguns anos após a alta da unidade, complicações incapacitantes, como:2,3
- declínio funcional importante;
- aumento dos custos assistenciais com cuidados em saúde;
- redução da qualidade de vida;
- maior incidência de readmissões/reinternações hospitalares;
- redução da própria sobrevida pós-alta da UTI.
Um diagnóstico frequentemente encontrado nessa população, após a internação na UTI, é a síndrome pós-terapia intensiva (do inglês, post-intensive care syndrome [PICS]), que se caracteriza por prejuízo na saúde física, cognitiva e mental.4
Além desse diagnóstico, ainda no período da internação, esses pacientes costumam apresentar fraqueza muscular adquirida na UTI.5