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PRINCÍPIOS DA CIRURGIA ENDOSCÓPICA ENDONASAL MINIMAMENTE INVASIVA

Otávio Bejzman Piltcher

Raphaella de Oliveira Migliavacca

Camila Degen Meotti

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  • Introdução

A cirurgia endoscópica nasosinusal (CENScirurgia endoscópica nasosinusal) dita “funcional” consiste na eliminação das áreas de transição entre os seios da face e o nariz, preservando o máximo possível a mucosa e buscando a restauração da ventilação e a drenagem das cavidades.

A CENScirurgia endoscópica nasosinusal pode variar desde uma etmoidectomia parcial com remoção do processo uncinado, com ou sem antrotomia no meato médio e retirada da bula etmoidal, até cirurgias mais extensas, incluindo ampla abertura do recesso frontal e esfenoetmoidectomia.1

As cirurgias transnasais inciaram em 1886, quando Miculicz relatou a abertura endonasal do seio maxilar. Em 1915, Halle foi o primeiro autor a realizar a etmoidectomia via transnasal. Hirshman fez a primeira tentativa de endoscopia nasossinusal em 1901, adaptando um cistoscópio. Em 1925, Maltz começou a usar o termo “sinoscopy” para advogar a técnica para diagnóstico em rinologia.

Em relação à CENScirurgia endoscópica nasosinusal propriamente dita, só em 1967 que Messerklinger introduziu seu conceito na literatura europeia. A partir de então, a técnica passou a ser descrita e realizada por outros cirurgiões, com destaque para Stammberger, Wigand e Draf. Em 1985, nos Estados Unidos, Kennedy descreveu a técnica da cirurgia nasal endoscópica funcional (do inglês, functional endoscopic sinus surgery — FESS), popularizando o procedimento em escala global e revolucionando o tratamento das doenças nasossinusais.

Atualmente, é bem estabelecido que a CENScirurgia endoscópica nasosinusal para rinossinusite crônica (RSCrinossinusite crônica) deve ser um procedimento individualizado (“disease-directed”), mas que vise à preservação de mucosa sempre, buscando, assim, restabelecer a drenagem e a recuperação tecidual das áreas sinusais afetadas e dependentes. A teoria do complexo ostiomeatal estabelece que a maioria das condições inflamatórias dos seios maxilares, etmoidais anteriores e frontais surge de vias comuns de drenagem.

Em 1996, Setliff publicou uma série de casos introduzindo o termo minimally invasive sinus techniques (MISTminimally invasive sinus techniques), posteriormente expandido por trabalhos publicados por Catalano e Roffman. Essa técnica se baseia no princípio de que a drenagem do grupo anterior dos seios paranasais é dificultada pelos espaços de transição nos quais os seios drenam, e não pelo próprio óstio. Intervir nos espaços de transição e manter o óstio natural intacto seria, de acordo com esses autores, o suficiente para a reversão da doença sinusal em rinossinusites que acometem os seios anteriores.2,3

Esse fato explicaria a menor frequência do envolvimento do etmoide posterior e do esfenoide em rinossinusites crônicas, uma vez que eles drenam diretamente na cavidade nasal, e não em espaços de transição.4 Portanto, o raciocínio “disease-directed” deve ser mantido com individualização caso a caso (não se pode pensar dessa forma, por exemplo, em casos de cirurgias sinusais revisionais, polipose extensa, doença neoplásica ou mesmo na presença de certas comorbidades, como asma de difícil controle ou intolerância ao ácido acetilsalicílico).5

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de:

 

  • rever os aspectos relacionados à história da CENScirurgia endoscópica nasosinusal na otorrinolaringologia e à avaliação pré-operatória;
  • identificar o papel da CENScirurgia endoscópica nasosinusal no contexto da rinologia moderna;
  • indicar as técnicas para a prática da CENScirurgia endoscópica nasosinusal.
  • Esquema conceitual
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