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PRINCÍPIOS DA GENÉTICA HUMANA

Salmo Raskin

Fábio Rueda Faucz

Tatiana Branco

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  • Introdução

Há pouco mais de uma década, não se podiam imaginar quantas seriam as aplicações práticas da Genética nas diferentes especialidades médicas. Nos últimos anos, o progresso extraordinário na compreensão da estrutura e função de genes humanos permitiu que o material genético possa hoje ser manipulado de maneira bastante versátil.

A tecnologia do DNA recombinante trouxe para a rotina do laboratório de genética uma variedade de ferramentas para identificar alterações em sequências de DNA que estão associadas a uma lista crescente de determinação ou predisposição a doenças. Porém, nem todas as alterações em sequências de DNA estão associadas à doença.

Segundo informações oriundas do Projeto Genoma Humano, uma colaboração científica internacional que teve por objetivo desvendar a sequência completa dos 3 bilhões de bases nitrogenadas que compõem o material genético humano, estima-se que aproximadamente 1 em cada 100 ou 200 nucleotídeos em regiões de DNA que não estão envolvidas na codificação de proteínas difira de pessoa para pessoa. Essas variabilidades no material genético, denominadas “polimorfismos”, na maioria dos casos, não causam aparentemente nenhum efeito no fenótipo do indivíduo. Também pelo fato de o código genético ser degenerado, ou seja, termos 64 possibilidades diferentes de trincas de bases nitrogenadas para 20 aminoácidos, uma variabilidade na última base nitrogenada de uma trinca pode não ter consequência na sequência de aminoácidos da proteína.

A possibilidade de analisar o material genético ao nível de sua molécula estrutural, o DNA, criou uma nova especialidade laboratorial, a Genética Molecular Laboratorial. Essa nova disciplina tem possibilitado o esclarecimento de anormalidades que estão por trás de uma variedade de doenças, desde aquelas com grande componente etiológico genético, até aquelas em que o componente genético representa apenas uma parcela da etiologia. Termos técnicos que um dia foram incompreensíveis para o profissional de saúde, como enzimas de restrição, Southern blot, hibridação, sequenciamento, reação em cadeia pela polimerase, pouco a pouco passam a fazer parte do dicionário médico, pois sem a compreensão desses termos, boa parte da Medicina desse novo milênio pode não fazer sentido.

À medida que o Projeto Genoma Humano avança, mais genes vão sendo “descobertos”, e muitas doenças, que eram pouco compreendidas em sua etiologia e fisiopatologia, e consideradas raras por serem pouco diagnosticadas, passam a compor uma parcela considerável dos problemas de saúde. A simplificação das técnicas de análise através da Genética Molecular, aliada ao aumento na sensibilidade e especificidade dos testes, cria a necessidade de compreendermos melhor essas técnicas, que passam a fazer parte do dia a dia do profissional de saúde.

A Genética Médica envolve a aplicação da genética na prática médica. Ela, portanto, inclui estudos de herança de doenças nas famílias, mapeamento do gene da doença em locais específicos dos cromossomos, análise dos mecanismos moleculares através dos quais os genes causam as doenças, além do diagnóstico e tratamento das doenças genéticas. A ferramenta principal da Genética Médica não é laboratorial, mas sim clínica, através da consulta genética, chamada de Aconselhamento Genético, que envolve a comunicação de informações relativas a riscos, prognósticos e tratamentos para pacientes e suas famílias.

Os profissionais de saúde estão a cada dia mais atentos às doenças genéticas, visto que elas constituem uma grande proporção do total de doenças observadas tanto na população pediátrica quanto na adulta. Essa proporção provavelmente irá crescer na medida do entendimento das bases genéticas das doenças e na redução da mortalidade e morbidade por causas não genéticas. Além disso, a medicina moderna vem dando ênfase crescente à prevenção. Se considerarmos que a genética é a base para o entendimento da constituição biológica fundamental do organismo, isso leva naturalmente a uma melhor compreensão do processo da doença. Em muitos casos, esse conhecimento pode levar a uma real prevenção do distúrbio e também ao tratamento mais efetivo.

  • Objetivos

Ao final do estudo deste capítulo espera-se que o aluno seja capaz de:

 

  • conhecer os princípios básicos da genética humana;
  • reconhecer a composição química do material hereditário;
  • explicar e descrever como ocorre a síntese de proteínas nas células;
  • reconhecer a relação entre o genótipo e o fenótipo dos indivíduos e as consequências de alterações na estrutura do DNA;
  • identificar as principais técnicas utilizadas em análise molecular e cromossômica;
  • compreender quais são as aplicações práticas das principais técnicas utilizadas em análise molecular;
  • caracterizar as estratégias de análise molecular e cromossômica;
  • compreender quais são as principais fontes de erro na análise de DNA.
  • Esquema conceitual

 

1. Cite algumas das aplicações práticas da genética nas diferentes especialidades médicas:

 

2. O que você sabe sobre o Projeto Genoma Humano? Que benefícios ele trouxe para a área da genética?

 

3. Explique a afirmação: “A ferramenta principal da Genética Médica não é laboratorial mas sim clínica.”

 

4. Assinale a alternativa INCORRETA sobre a classificação dos distúrbios genéticos.

A) Distúrbios cromossômicos, nos quais cromossomos inteiros (ou grandes segmentos deles) estão ausentes, duplicados ou estruturalmente alterados. Podemos citar como exemplo a síndrome de Down, a síndrome de Turner e a síndrome do miado do gato.

B) Distúrbios monogênicos, nos quais 1 único gene está alterado; tais distúrbios são frequentemente denominados de condições mendelianas.

C) Distúrbios mitocondriais, causados por alterações no pequeno DNA mitocondrial localizado no citoplasma. Nesse grupo, podemos citar a hemofilia e a fibrose cística.

D) Distúrbios multifatoriais, que resultam de uma combinação de múltiplas causas, genéticas e ambientais. Muitos defeitos congênitos, tais quais fenda labial e/ou fenda palatina, bem como distúrbios de início tardio, incluindo doença cardíaca, hipertensão arterial e diabetes, pertencem a esta categoria.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A resposta é a "C".

Comentário:

Distúrbios mitocondriais, causados por alterações no pequeno DNA mitocondrial localizado no citoplasma. Nesse grupo, não são incluídas hemofilia e fibrose cística.

Resposta correta.

Comentário:

Distúrbios mitocondriais, causados por alterações no pequeno DNA mitocondrial localizado no citoplasma. Nesse grupo, não são incluídas hemofilia e fibrose cística.

A resposta é a "C".

Comentário:

Distúrbios mitocondriais, causados por alterações no pequeno DNA mitocondrial localizado no citoplasma. Nesse grupo, não são incluídas hemofilia e fibrose cística.

 

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