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PSICOFARMACOLOGIA E SONO

Autores: Camilla Pinna, Almir Tavares, Márcio Zanini
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  • Introdução

Os transtornos de sono (TStranstornos de sono) são importantes na prática médica, por sua elevada prevalência e em razão das amplas vantagens para a saúde advindas de seu controle. Constituem um “sinal vital” essencial na psiquiatria de hoje, e tratá-los é fundamental para se obter a remissão sintomática completa do paciente, seja qual for o seu transtorno mental.1

A insônia é a queixa mais comum em relação ao sono. Está presente em cerca de 30 a 50% dos adultos em um ano, em serviços de cuidados primários.1 Recentemente, houve grande evolução no conhecimento sobre o sono e sobre o emprego clínico de medicamentos, particularmente, de psicofármacos.

Os psicofármacos apresentam significativas ações sobre o sono, subjetivas (relatadas pelos pacientes) e objetivas — aferidas durante polissonografia (PSGpolissonografia) noturna. As medicações que aumentam a atividade dos sistemas de neurotransmissores promotores do sono e as que reduzem a atividade dos sistemas promotores da vigília são sedativas.

Os agonistas do receptor benzodiazepínico (ARBagonistas do receptor benzodiazepínico) moduladores de ácido gama-aminobutírico (GABAácido gama-aminobutírico) são um grupo de hipnóticos muito estudado, sendo que alguns apresentam estrutura química benzodiazepínica e outros — zolpidem, zopiclona, eszopiclona e zaleplona (medicações Z) — têm outros tipos de estrutura. O suvorexanto é um antagonista dual de receptores hipocretinérgicos aprovado para a insônia. Desenvolvidos como antialérgicos, os anti-histamínicos de primeira geração antagonizam o receptor histaminérgico do tipo 1 (H1), causando o sono.

Em certas situações clínicas, as medicações não ARBagonistas do receptor benzodiazepínico são consideradas para o tratamento da insônia. É muito provável que o efeito terapêutico do lítio nos transtornos de humor derive, pelo menos em parte, da sua ação cronobiológica. Cada um dos estabilizadores de humor anticonvulsivantes apresenta ações próprias sobre o sono. A administração de melatonina exógena é aventada para a indução de mudanças no ritmo de sono e de vigília.

Sendo a serotonina (5-HTserotonina) implicada na manutenção da vigília no sistema reticular ativador ascendente, o aumento de sua disponibilidade pelos antidepressivos (ADantidepressivos) inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSinibidores seletivos da recaptação de serotonina) pode alterar os padrões do sono, provocando dificuldade para adormecer, fragmentação do sono e aumento da sonolência diurna. Praticamente todos os antipsicóticos apresentam potencial para exercer efeito positivo sobre o sono, sendo a clorpromazina, a clozapina, a olanzapina, a risperidona e a quetiapina os mais sedativos.

Os estimulantes, ou promotores de vigília (anfetamina, metilfenidato, modafinila e cafeína) reduzem a sonolência diurna e aumentam o estado de alerta. As substâncias de abuso, incluindo o álcool e a nicotina, interferem negativamente no sono, causando dificuldades para o início e a manutenção do sono e alterando a distribuição cíclica do sono REM e não REM (NREM).

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

 

  • reconhecer os fundamentos da psicofarmacologia do comportamento sono–vigília;
  • identificar as principais ações dos medicamentos e das substâncias mais relevantes em psiquiatria utilizados na terapêutica do comportamento sono–vigília;
  • inferir os efeitos subjetivos relatados por pacientes e os efeitos objetivos da psicofarmacologia do sono.
  • Esquema conceitual
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