- Introdução
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 50% das hospitalizações em crianças e adolescentes no Brasil decorrem de doenças respiratórias agudas e crônicas. As doenças pulmonares obstrutivas crônicas em crianças (DPOCCdoença pulmonar obstrutiva crônica em criança) — como asma, fibrose cística (FCfibrose cística), sibilância recorrente em lactente (SRLsibilância recorrente em lactente), displasia broncopulmonar (DBPdisplasia broncopulmonar), discinesia ciliar primária (DCPdiscinesia ciliar primária), bronquiectasia não fibrose cística (BNFCbronquiectasia não fibrose cística), bronquite plástica (BPbronquite plástica) e bronquiolite obliterante (BObronquiolite obliterante) — caracterizam-se por:1–3
- alta prevalência;
- longa duração;
- progressão lenta;
- diminuição aguda ou permanente do fluxo aéreo;
- períodos de exacerbação pulmonar (EPexacerbação pulmonar);
- piora significativa na qualidade de vida em consequência do quadro.
A prevenção da EPexacerbação pulmonar na doença crônica, tanto em adultos quanto em crianças, se deve principalmente à adesão ao tratamento proposto. A conscientização do paciente e de sua família quanto ao tratamento e à realização da prática de exercício físico supervisionado promove benefícios não somente no controle da EPexacerbação pulmonar, mas também na qualidade de vida, impactando assim no prognóstico da doença e no psicológico dos pacientes e dos familiares envolvidos no tratamento.1,3
A reabilitação pulmonar (RPreabilitação pulmonar) deve se iniciar o mais precoce possível, a partir da avaliação completa da criança, com o objetivo de promover melhorias na qualidade de vida e adesão ao tratamento em longo prazo. Porém, para o tratamento de crianças, é necessário conhecer as características dessa população, encontrar métodos e técnicas para se obter adesão e confiança no programa e estimular o conhecimento e o esclarecimento sobre o tratamento e o seguimento.4–6
Assim, com a RPreabilitação pulmonar, é possível reduzir os sintomas clínicos e psicológicos, a EPexacerbação pulmonar e as internações. Além disso, a RPreabilitação pulmonar melhora a função pulmonar e a tolerância ao exercício físico e, consequentemente, a realização das atividades de vida diária (AVDatividades de vida diária) e promove a melhora da autoestima.4–6
Nesse contexto, a visão do fisioterapeuta é importante não somente para a limitação física-funcional da criança, mas também para a causa que ocasiona morbidades, como:4,7,8
- limitação ao fluxo aéreo;
- severidade dos sintomas;
- aumento progressivo da dispneia;
- redução na capacidade funcional;
- EPexacerbação pulmonar.
Entre as possíveis abordagens do tratamento fisioterapêutico em crianças com doenças crônicas, incluem-se as seguintes:4,7,8
- manutenção e/ou melhora da ventilação alveolar;
- prevenção de crises respiratórias;
- educação do paciente;
- suporte ventilatório nos períodos de crise e/ou de insuficiência respiratória;
- RPreabilitação pulmonar.
- Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- entender a doença pulmonar crônica em pediatria;
- reconhecer o conceito e a importância de RPreabilitação pulmonar em pediatria;
- conhecer os objetivos, as indicações e as contraindicações da RPreabilitação pulmonar na infância;
- discutir a importância do papel do fisioterapeuta na RPreabilitação pulmonar;
- aplicar a RPreabilitação pulmonar de acordo com o comprometimento do paciente e as suas queixas.
- Esquema conceitual