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REGURGITAÇÃO E VÔMITOS NO LACTENTE

Mauro Toporovski

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Introdução

O pediatra deve estar atento quanto às manifestações de êmese do lactente nas primeiras semanas de vida. Com frequência, a queixa dos familiares é de que o lactente está vomitando tudo o que mama, cabendo ao profissional orientar e diferenciar a respeito dos diferentes conceitos.

O vômito (êmese) é a expulsão do conteúdo gástrico, acompanhado por contração dos músculos abdominais, rebaixamento do diafragma e abertura da cárdia. Pode ser precedido e/ou acompanhado por náuseas, palidez, sudorese e sialorreia.1

A regurgitação é definida como a expulsão involuntária e sem esforço do conteúdo gástrico por meio da boca. Não é acompanhada por náuseas, esforço abdominal ou reflexo emético.1

O refluxo gastresofágico (RGErefluxo gastresofágico) é caracterizado pelo retorno de conteúdo gástrico para o esôfago, atingindo, algumas vezes, a faringe, a boca e as vias aéreas superiores (VAS).

O RGErefluxo gastresofágico fisiológico é, em geral, presente no período pós-prandial, dura menos que 3 minutos e ocorre várias vezes ao dia em lactentes saudáveis. Em geral, não causa incômodo ou, quando presente, é de caráter leve e dura poucos minutos.

A doença do refluxo gastresofágico (DRGEdoença do refluxo gastresofágico) é caracterizada quando o RGErefluxo gastresofágico causa manifestações clínicas de gravidade variável associadas ou não a complicações, como a esofagite.2

A regurgitação do lactente ocorre como manifestação de um episódio de RGErefluxo gastresofágico, caracterizado pelo retorno de conteúdo gástrico para o esôfago, determinando a sua extrusão por meio da boca. O RGErefluxo gastresofágico é, em geral, um processo fisiológico normal que ocorre no lactente saudável várias vezes por dia. Os episódios de RGErefluxo gastresofágico em lactentes saudáveis têm duração menor que 3 minutos e ocorrem principalmente no período pós-prandial.3

Em geral, a regurgitação não causa incômodo ou repercussão nos hábitos de sono. Entretanto, na DRGEdoença do refluxo gastresofágico, ocorrem manifestações clínicas de gravidade variável, associadas ou não a complicações, como a esofagite. Nessa situação, é comum a ocorrência de regurgitações mais frequentes e volumosas, acompanhadas igualmente por vômitos.3

A náusea é uma sensação desagradável subjetiva, associada com o desejo de vomitar. Do ponto de vista fisiológico, é o resultado de perda do tônus gástrico, contratação duodenal e refluxo do conteúdo duodenal para o estômago.3

No lactente, a náusea é, muitas vezes, de difícil percepção, sendo observada pelos cuidadores como irritabilidade, recusa alimentar momentânea, face de desconforto e choro. O vômito ou êmese é decorrente da expulsão do conteúdo gástrico, acompanhado por contração dos músculos abdominais, rebaixamento do diafragma e abertura da cárdia. Pode ser precedido e/ou acompanhado por:3

 

  • náuseas;
  • palidez;
  • sudorese;
  • sialorreia.

O vômito é angustiante para a criança e os familiares. É um sintoma comum em múltiplas afecções pediátricas, podendo ser tanto de natureza funcional como ocasional. Quando repetitivo e propulsivo, decorre, em geral, de uma causa orgânica. O pediatra tem um papel fundamental na identificação de um lactente que apresenta vômitos, pois estes exigem pronta investigação da causa determinante e tomada de medidas terapêuticas.4

No lactente, o RGErefluxo gastresofágico fisiológico apresenta-se comumente por regurgitações ou golfos, que não se associam à redução da ingestão alimentar ou ao decréscimo no ganho ponderal. Trata-se de um distúrbio funcional gastrintestinal transitório e dependente da imaturidade funcional do aparelho digestivo no primeiro ano de vida. Está incluído nos distúrbios gastrintestinais funcionais descritos nos critérios de Roma IV.4

Cerca de 20 a 40% dos lactentes apresentam RGErefluxo gastresofágico fisiológico, que, em geral, inicia-se antes de 8 semanas de vida. Ao redor de 5% dos lactentes regurgitam de forma mais frequente, excedendo seis ou mais episódios de regurgitação por dia. Essas regurgitações aumentam em número e volume entre 2 e 4 meses e posteriormente diminuem, de forma progressiva, com o transcorrer da idade, sendo que 90 a 95% dos casos se resolvem até o primeiro ano de vida.4

A DRGEdoença do refluxo gastresofágico, por outro lado, ocasiona nos lactentes outras manifestações além das regurgitações, incluindo vômitos mais presentes e de maior magnitude, dificuldades no curso das mamadas, déficit de ganho de peso, choro, irritabilidade e, por vezes, alterações na posição cervical. As manifestações extraesofágicas envolvendo o trato respiratório podem ser sintomas acompanhantes.3

LEMBRAR

A diferenciação entre regurgitação do lactente e DRGEdoença do refluxo gastresofágico deve ser feita por meio de história e exame clínico minuciosos, que irão determinar se o lactente necessita ou não de intervenção terapêutica, investigação laboratorial, radiológica e/ou endoscópica.3

Nota da Editora: os medicamentos que estiverem com um asterisco (*) ao lado estão detalhados no Suplemento constante no final deste volume.

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • identificar sintomas, sinais e peculiaridades em casos de regurgitações e vômitos em lactantes;
  • diferenciar um transtorno fisiológico e transitório de afecções que repercutem no estado de saúde do lactente;
  • estabelecer o diagnóstico nos casos de regurgitações e vômitos em lactantes;
  • propor o manejo do lactente com vômitos de acordo com sua causa determinante.

Esquema conceitual

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