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SÍNDROME DE BURNOUT: DESAFIO NA GESTÃO DA SAÚDE DOS TRABALHADORES

Autor: João Silvestre da Silva-Junior
epub-BR-PROTERAPEUTICA-C10V3_Artigo4

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • revisar o conceito da síndrome de burnout;
  • discutir os principais fatores de risco ocupacionais para a síndrome;
  • propor medidas de intervenção para prevenção do esgotamento profissional.

Esquema conceitual

Introdução

O burnout é reconhecido como um agravo entre trabalhadores e que está diretamente relacionado ao processo de esgotamento profissional ou ao estado de exaustão física e emocional devido à exposição prolongada a problemas relacionados ao trabalho.1,2

O impacto do burnout no mundo do trabalho é diverso, incluindo a redução nos níveis de saúde, de qualidade de vida e de bem-estar dos trabalhadores,3 além de repercussões organizacionais nas empresas, como aumento do presenteísmo, do absenteísmo e da rotatividade da mão de obra.

De forma clássica, a síndrome de burnout foi descrita em categorias profissionais que prestam serviços ao público, como no setor de saúde, de educação e de segurança.4–6 Entretanto, nos últimos anos, o estudo sobre o esgotamento tem sido ampliado para outros grupos de trabalhadores também envolvidos na interação com pessoas, como nos setores bancário e de teleatendimento.

Um aspecto comum da síndrome de burnout são as relações de trabalho que envolvem pressões verticais (chefia-subordinado), horizontais (entre os colegas) e transversais (clientes a quem se presta o serviço), que potencializam o desgaste.

O quadro de síndrome de burnout tem uma evolução insidiosa, ou seja, lenta e progressiva, com características clínicas inespecíficas que podem não ser percebidas ou identificadas em seus estágios iniciais. Benevides-Pereira7 descreve a repercussão do esgotamento profissional em quatro dimensões:

  • sintomas físicos: fadiga constante e progressiva, distúrbios do sono, dores osteomusculares, cefaleias e enxaquecas, perturbações gastrintestinais, imunodeficiência, transtornos cardiovasculares, distúrbios do sistema respiratório, disfunções sexuais, alterações menstruais;
  • sintomas psíquicos: falta de atenção e de concentração, alteração de memória, lentificação do pensamento, sentimento de alienação, sentimento de solidão, impaciência, sentimento de insuficiência, baixa autoestima, labilidade emocional, dificuldade de autoaceitação, desânimo, disforia, depressão, desconfiança, paranoia;
  • sintomas comportamentais: negligência ou excesso de escrúpulos, irritabilidade, incremento da agressividade, incapacidade para relaxar, dificuldade na aceitação de mudanças, perda de iniciativa, aumento do consumo de substâncias, comportamento de alto risco, suicídio;
  • sintomas defensivos: tendência ao isolamento, sentimento de onipotência, perda do interesse pelo trabalho e lazer, absenteísmo, ironia, cinismo.

O comportamento do trabalhador esgotado também impactará a sua imagem profissional, decorrente de mudanças que envolvam negligências e dificuldade para cumprir tarefas, em especial, aquelas com demanda cognitiva e que envolvam raciocínio e/ou tomada de decisões.

Associado ao quadro clínico, haverá um dano social decorrente da tentativa do adoecido de evitar o contato com os colegas e outras pessoas envolvidas no processo laboral, tornando-se mais impessoal e menos envolvido com as questões relativas ao trabalho.

O burnout decorre da exposição prolongada aos estressores no trabalho, portanto é necessário o reconhecimento das condições que propiciem o desenvolvimento do quadro no trabalhador. A presença de esgotamento em diversos estratos profissionais e o seu relevante impacto socioeconômico8 são justificativas para a discussão do tema.

A proposição de estratégias para o gerenciamento de situações potencialmente nocivas deve ser feita com intervenções em diversas dimensões e fases, a fim de controlar as situações de risco para o adoecimento com prevenção de casos ou a piora de pessoas com burnout.

J.A.A.F., 42 anos, sexo masculino, casado há 17 anos, tem formação em nível superior na área de administração de empresas. Trabalha como gerente bancário pleno no atendimento à pessoa física há 8 anos em banco multinacional, com vínculo profissional há 16 anos. Começou como estagiário, foi efetivado como operador de caixa, seguiu como escriturário e ascendeu a gerente júnior até ser promovido para o cargo atual.

Sua jornada de trabalho é de 9 horas diárias, com 1 hora para almoço. Tem flexibilidade para iniciar e encerrar a rotina de trabalho, com recorrência de horas extras, em média, de 2 horas por dia, quatro ou cinco vezes por semana. Há 2 anos, a empresa autorizou o teletrabalho, havendo contato com clientes fora da jornada de trabalho regular, como aos finais de semana.

Em exame periódico de saúde, relata quadro de cansaço físico, tristeza e dificuldade para dormir há 6 meses. Há 4 meses, buscou psicóloga no programa de apoio ao empregado (PAE), pois começou a sentir tremores ao receber ligação de clientes, tem tido apagões durante as reuniões e relata dificuldades para conseguir finalizar relatórios de produtividade.

Refere que houve uma mudança nas rotinas de trabalho com a necessidade de abordar os clientes com a venda de produtos, por isso tem tido dificuldade de sentir satisfação no trabalho. Foi pressionado pelo gerente geral da agência a melhorar o desempenho, o que aumentou o volume de horas extras.

Segundo ele, os colegas dizem que mudou seu perfil, pois sempre auxiliava os outros colegas com menos tempo de empresa quanto ao uso de sistemas corporativos, mas, nos últimos tempos, tem estado irritado e impaciente. Tem se negado a encontrar os colegas de trabalho em eventos sociais, como aniversários.

Perdeu a paciência com um cliente que lhe ligava rotineiramente com as mesmas dúvidas e desligou o telefone durante uma chamada, sem atendê-lo na sequência. Foi advertido verbalmente por seu chefe após reclamações na ouvidoria do banco a respeito de demora em responder às demandas dos clientes.

Considera sua vida familiar tranquila. Sua esposa é cirurgiã-dentista em consultório próprio e tem um casal de filhos (14 anos e 12 anos). Mora em apartamento financiado e não tem problemas financeiros, mas tem medo de perder o emprego, pois a renda da esposa não é suficiente para cumprir compromissos bancários. Não faz tratamento de saúde por outros motivos. Nunca fez acompanhamento psiquiátrico.

2

C.A.S., 30 anos, solteira, é professora de português e literatura para o ensino médio há 6 anos, quando começou a trabalhar para uma escola privada. Ocupava inicialmente a jornada de 40 horas/aula semanais com quatro turmas de 40 alunos, perfazendo 40% do tempo em atividades extrassala de aula.

Há 2 anos, a escola foi vendida para um grupo educacional, que ampliou a jornada em sala de aula, aumentando para seis turmas de 60 alunos em cada uma delas. Com isso, rotineiramente precisava trabalhar aos finais de semana para dar conta da preparação das aulas e correção das atividades.

Apresenta atestado médico de repouso por 15 dias após buscar um médico neurologista em virtude de dores nas regiões temporais há cerca de 4 meses. Também relata quadro de fadiga, tremores e desânimo. Antes do início deste semestre letivo, buscou iniciar atividade física, pois achava que os sintomas tinham relação com o sedentarismo.

Há 1 mês, começou a sentir muito medo de ir trabalhar e passar mal no caminho, pois se sentia sufocada no transporte coletivo. Às vezes, fecha-se no banheiro da escola para chorar, antes de ir para determinadas turmas.

Acha que houve uma mudança no perfil dos alunos, que não demonstram interesse nas aulas, por isso, tem tido dificuldade de sentir satisfação no trabalho. Os colegas pediram para ser menos rigorosa nas avaliações a fim de evitar reprovações. Ampliou a aplicação de exercícios em sala de aula, o que aumentou o volume de tarefas extraclasse.

Sua melhor amiga, professora de geografia, diz que está muito diferente, pois sempre ajudava a organizar os aniversários mensais, mas, nos últimos tempos, tem estado irritada e impaciente. Cancelou o clube de leitura que organizava quinzenalmente, pois era um trabalho voluntário.

Mora com dois gatos em casa própria, herança dos seus pais, que faleceram em acidente automobilístico há 4 anos. Está sem namorar há 6 meses, quando encerrou um relacionamento de 3 anos, pois a namorada gostava de sair de casa e ela preferia descansar no seu tempo livre.

Já fez tratamento psiquiátrico na época do falecimento dos pais, mas teve alta médica e suspensão das medicações há 2 anos. Segue em psicoterapia quinzenal, mas não gosta de falar sobre o trabalho nas sessões.

Discussão dos casos

Síndrome geral de adaptação

Hans Selye propôs, na primeira metade do século XX, um modelo que descreve, de forma longitudinal, a relação dos seres humanos com os estressores de vida, chamado de síndrome geral de adaptação.9

Tais estressores de vida correspondem aos aspectos do cotidiano e que, muitas vezes, irão modificar o jeito de ser e de pensar para adaptar-se às demandas e necessidades, relacionadas a questões familiares, aspectos financeiros, características do trabalho, entre outras.

O modelo de Selye mostra que o processo de adaptação aos estressores cotidianos é variável, conforme resiliência, isto é, a capacidade individual de lidar com as mudanças ao longo da trajetória de vida.9

Em uma primeira fase, chamada de alarme ou alerta, haverá um estímulo fisiológico do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA), com ativação do sistema nervoso autônomo como primeira tentativa de lidar com os desafios impostos.9

A segunda fase, chamada de resistência ou adaptação, advém do equilíbrio proporcionado pela capacidade de conviver com os estressores, mediado pelo feedback negativo do eixo HHA. A terceira fase corresponde à falência dos mecanismos adaptativos, que pode advir da exposição crônica a condições de risco para a saúde e corresponde a esgotamento ou exaustão.9

É necessário reconhecer quando as situações de trabalho são o gatilho para esse esgotamento profissional, a fim de desenhar intervenções eficientes. O primeiro ponto a considerar é o estudo do ambiente e das condições nas quais o exercício profissional é realizado.10,11

Nos casos clínicos apresentados, tanto uma instituição bancária como uma escola demandaram aos dois trabalhadores cargas, ritmos e atividades, ou seja, tarefas que aqueles trabalhadores são contratados para fazer. Então, é preciso mapear quais estratégias de enfrentamento (coping) são necessárias para dar conta da sua rotina laboral e se o trabalhador as possui.

A interação entre as demandas de trabalho e as características do indivíduo irá fazer surgir, ao longo do tempo, alterações fisiológicas, psicológicas e comportamentais decorrentes desse processo. Essa situação caracteriza o que é conhecido como estresse ocupacional, ou seja, uma resposta ao estímulo com repercussões no nível de saúde do indivíduo. A questão que irá trazer preocupação são os gatilhos ocupacionais para o desgaste, o sofrimento e o adoecimento, como a síndrome de burnout.

O equilíbrio entre as cargas de trabalho e os mecanismos de defesa do trabalhador estabelecerá o caminho que ele percorrerá no processo de adaptação. A mudança de fases, por exemplo, da resistência para a exaustão não é predefinida e dependerá de diversos componentes nesse processo dinâmico.

Nos casos clínicos apresentados, a sobrecarga quantitativa de trabalho faz o trabalhador ficar mais horas envolvido nos afazeres estressantes e prolonga uma exposição nociva. Ademais, a sobrecarga qualitativa do trabalho e as responsabilidades que permeiam tais atuações profissionais podem promover interações negativas nas rotinas laborais.

Somado a esse contexto, pode haver aspectos como a falta de controle sobre o tempo ou sobre os procedimentos que vai poder utilizar no trabalho, como seguir protocolos e decisões que não concorda. Tais aspectos são exemplos de problemas que indicam uma má organização de recursos humanos e dos processos de trabalho.

Além disso, existe ainda a interação transversal com os clientes, que potencializa os conflitos estressores. Por outro lado, essas vias também são importantes para o reconhecimento e a valorização profissional, cujo impacto na satisfação pode ser protetivo quanto aos desfechos negativos.

Intervenções

Perniciotti e colaboradores12 apontam que as ações de enfrentamento ao esgotamento profissional devem ser combinadas, com a abordagem dos indivíduos e sobre as condições de trabalho estressoras, a fim de reduzir o risco para o burnout.

Para cada uma dessas dimensões, é possível planejar ações preventivas em nível primário, secundário e terciário. Ou seja, não basta unicamente oferecer acesso a tratamento ou suporte individual se não forem abordadas as questões centrais relacionadas ao ambiente organizacional do trabalho.12

Prevenção em nível primário

Quando se fala de intervenções, o nível primário é aquele no qual vai se prevenir o desgaste, que pode levar à exaustão emocional e física. Em primeiro lugar, deve-se prezar por intervenções organizacionais, que irão modificar o ambiente estressor. Portanto, é necessário que equipes multiprofissionais promovam o mapeamento de tarefas ou setores na empresa que representem risco para a saúde dos trabalhadores.

O ponto fundamental da prevenção primária é o desenvolvimento de um ambiente de trabalho seguro e saudável, ou seja, de reduzida nocividade para o trabalhador. É fundamental a ação integrada da área da saúde com outros setores da administração, a fim de buscar o diagnóstico adequado dos aspectos de política organizacional, de práticas de gestão, dos processos e do ambiente de trabalho.

A avaliação sistemática de fatores psicossociais do ambiente laboral, do contexto organizacional e do conteúdo do trabalho deve ser rotina nos serviços de saúde e segurança das empresas, que subsidiarão a indicação de medidas corretivas ou protetivas, a fim de minimizar o desgaste do trabalhador.

Segundo Seligmann-Silva,13 o conhecimento da organização do trabalho e das situações de tensão vivenciadas coletivamente pelos trabalhadores é um passo fundamental para compreender melhor as vias de desgaste mental, que se traduzem em adoecimentos individualizados.

A percepção do indivíduo sobre o seu trabalho é uma parte importante do estudo das doenças relacionadas ao trabalho e dos fatores de risco diretos e indiretos para esses quadros. Os inquéritos epidemiológicos, portanto, são importantes fontes de informação para a construção de estratégias de ação contra o burnout.13

Em termos de intervenções individuais, devem ser planejadas ofertas de suporte para que os trabalhadores ampliem as estratégias de enfrentamento, ou seja, como ele poderá lidar melhor com situações estressoras cotidianas. Essa ação deve contar com a participação da equipe de gestão de pessoas da empresa, que poderá usar ferramentas específicas para esse desenvolvimento individual do trabalhador, como terapias cognitivo-comportamentais e treinamentos especializados.

Ainda como abordagem em nível primário, o gerenciamento da resposta ao estresse ocupacional é uma forma de reduzir a chance de exaustão física e mental. Portanto, o estímulo a comportamentos saudáveis — como prática regular de atividade física, alimentação equilibrada, sono adequado, redução do tabagismo e de consumo de álcool — pode trazer efeitos benéficos para a saúde global do trabalhador.

O relaxamento físico — como alongamentos e massagem — e o mental — como meditação e mindfulness — também são reconhecidos como mediadores de redução do estresse,14 especialmente em situações pontuais do cotidiano de trabalho. Cabe pontuar que as respostas não são padronizadas, devendo ser respeitadas as escolhas de cada trabalhador no engajamento nos programas de promoção da saúde.

Outro ponto importante é a difusão de espaços de suporte e acolhimento ao trabalhador, a fim de que ele possa buscar informações confiáveis e orientações para gerenciar as situações estressoras tanto do trabalho como externas. Algumas empresas têm buscado oferecer aos seus funcionários apoio profissional para a gestão de questões familiares, financeiras e educacionais.

Essas situações podem reduzir o limiar de tolerância ao estresse, favorecendo a exaustão, principalmente quando concomitantes. Além disso, a difusão de informações sobre a síndrome pode auxiliar o trabalhador a se autoavaliar e buscar suporte, quando será possível instituir intervenções em nível secundário ou terciário.

Prevenção em nível secundário

A prevenção secundária consiste em diagnosticar as pessoas com sinais e sintomas que podem indicar um processo de esgotamento. Nessa etapa, o acolhimento clínico multiprofissional é mais eficaz, principalmente para diferentes abordagens sobre o caso, a fim de construir um raciocínio clínico mais amplo sobre os aspectos individuais e coletivos que podem ser o gatilho para a exaustão física e mental.

O exame periódico ocupacional é uma ótima oportunidade para avaliar o impacto das exposições ocupacionais sobre os aspectos da saúde. A anamnese clínico-ocupacional deve buscar entender a interação entre o trabalhador e seu trabalho.

Para o diagnóstico de burnout, são necessários o reconhecimento dos estressores ocupacionais e a percepção do trabalhador quanto à dinâmica cotidiana. Os médicos precisam desenvolver tanto suas habilidades de raciocínio clínico como também competências para diagnosticar situações de trabalho tóxicas. O uso de ferramentas, como questionários e inventários, pode auxiliar na compreensão da experiência que o trabalhador tem sobre aspectos do trabalho.

Do ponto de vista organizacional, as informações providas pelo trabalhador acerca de situações estressoras que demandam esforços além das suas capacidades devem ser avaliadas e ser objeto de adequações, quando necessário.

Ainda na dimensão da prevenção secundária, é fundamental o desenho de estratégias para fazer o rastreamento diagnóstico. Há questionários validados por meio de pesquisas científicas que auxiliam a caracterizar os quadros. O mais utilizado é o Inventário de Burnout de Maslach (Maslach Burnout Inventory), que mensura a exaustão emocional, a despersonalização e a realização pessoal.15

Foi recentemente validado para o português do Brasil o Índice de Realização Profissional e Burnout (Professional Fulfillment Index), que, como o nome indica, avalia a realização profissional e dois componentes para o burnout: a exaustão e o desengajamento interpessoal, que estão associados a desfechos em saúde.16–20

Uma condição ligada ao trabalho, que pode ser resultado do burnout, é o presenteísmo. Essa condição gera repercussões negativas sobre a produtividade e a qualidade na prestação de serviço daquele profissional, geralmente em virtude de problemas de saúde. A condição presenteísta também pode ser mensurada por meio de questionários específicos, como a Escala de Presenteísmo de Stanford.20

Outra forma de mapear os trabalhadores em esgotamento é por meio dos episódios de absenteísmo por doença, isto é, as faltas ao trabalho de curta ou longa duração por apresentação de atestados médicos.

Tais ausências ao trabalho nem sempre estão caracterizadas como decorrentes do código CID10 Z73, que indica esgotamento, mas se apresentarão como queixas inespecíficas, como cefaleia persistente ou enxaqueca, mialgias ou dor crônica inespecífica, epigastralgias, episódios depressivos e/ou ansiosos, entre outros.10

Alguns pesquisadores discutem que o burnout pode ser um preditor de um quadro psiquiátrico,10 mas, em alguns casos, a sintomatologia física é mais exuberante. Assim, é preciso cuidado para se avaliar os absenteísmos, pois podem representar um quadro subnotificado de síndrome de burnout.

No acolhimento ao trabalhador esgotado, uma das intervenções imediatas é o afastamento das condições tóxicas no trabalho que foram gatilho para o desgaste. O distanciamento das rotinas laborativas deve ser mantido enquanto não houver uma intervenção sobre os aspectos nocivos que permitam um retorno, a fim de evitar recidivas com piora clínica. Tais intervenções também beneficiarão outros trabalhadores sob risco de adoecimento em virtude de fatores ocupacionais.

Prevenção em nível terciário

Na prevenção terciária, aplica-se o controle do dano, isto é, o acompanhamento clínico do caso.

Sob o gerenciamento do médico do trabalho, pode ser necessário o apoio de outros especialistas médicos, como psiquiatra, para indicação de intervenções terapêuticas, especialmente na prescrição de fármacos. O suporte multiprofissional, como a psicoterapia com técnicas cognitivo-comportamentais, pode auxiliar no processo de enfrentamento emocional e de gestão da síndrome de burnout, permitindo a reabilitação psicológica.

A avaliação da capacidade laborativa pode identificar a necessidade do afastamento total ou temporário do trabalho. Dependendo do prazo necessário, o trabalhador deve efetuar o requerimento de benefício previdenciário por incapacidade. Ao longo do processo, a perícia médica previdenciária pode reconhecer o caso como uma síndrome do esgotamento profissional, ou seja, caracterizar o nexo da doença com o trabalho.

Também como parte das questões previdenciárias, pode ser indicada a reabilitação profissional, com mudança temporária ou permanente das rotinas laborais para que seja possível o retorno ao trabalho. O plano individualizado dos casos deve prever todas essas possibilidades, a fim de que haja uma reintegração sustentada ao trabalho.

Um ponto que não pode ser negligenciado nos casos de burnout é a notificação oficial de uma doença relacionada ao trabalho por meio do sistema previdenciário, via Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), e por meio do sistema sanitário, via Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Além de cumprir as legislações e resoluções dos conselhos profissionais, a notificação subsidia as ações de vigilância em saúde e a reparação do dano ao qual o trabalhador foi submetido.

ATIVIDADES

1. Leia as alternativas sobre as fases da síndrome geral de adaptação proposta por Hans Selye.

I. Alarme ou alerta.

II. Resistência ou adaptação.

III. Esgotamento ou exaustão.

IV. Clínica ou sintomática.

Quais estão corretas?

A) Apenas a I, a II e a III.

B) Apenas a I, a II e a IV.

C) Apenas a I, a III e a IV.

D) Apenas a II, a III e a IV.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "A".


Na fase de alarme ou alerta da síndrome geral de adaptação proposta por Hans Selye, haverá uma resposta fisiológica de ativação do eixo HHA com ativação do sistema nervoso autônomo como primeira tentativa de lidar com os desafios impostos. A segunda fase, chamada de resistência ou adaptação, advém do equilíbrio proporcionado pela capacidade de conviver com os estressores, mediado pelo feedback negativo do eixo HHA. Entretanto, a terceira fase, que seria a do esgotamento ou da exaustão, pode advir da exposição crônica a condições de risco para a saúde com falência dos mecanismos adaptativos.

Resposta correta.


Na fase de alarme ou alerta da síndrome geral de adaptação proposta por Hans Selye, haverá uma resposta fisiológica de ativação do eixo HHA com ativação do sistema nervoso autônomo como primeira tentativa de lidar com os desafios impostos. A segunda fase, chamada de resistência ou adaptação, advém do equilíbrio proporcionado pela capacidade de conviver com os estressores, mediado pelo feedback negativo do eixo HHA. Entretanto, a terceira fase, que seria a do esgotamento ou da exaustão, pode advir da exposição crônica a condições de risco para a saúde com falência dos mecanismos adaptativos.

A alternativa correta e a "A".


Na fase de alarme ou alerta da síndrome geral de adaptação proposta por Hans Selye, haverá uma resposta fisiológica de ativação do eixo HHA com ativação do sistema nervoso autônomo como primeira tentativa de lidar com os desafios impostos. A segunda fase, chamada de resistência ou adaptação, advém do equilíbrio proporcionado pela capacidade de conviver com os estressores, mediado pelo feedback negativo do eixo HHA. Entretanto, a terceira fase, que seria a do esgotamento ou da exaustão, pode advir da exposição crônica a condições de risco para a saúde com falência dos mecanismos adaptativos.

2. Em relação aos estressores tóxicos no trabalho preditores para o alto esgotamento profissional, assinale a alternativa correta.

A) Alto reconhecimento e valorização profissional.

B) Autonomia na tomada de decisões sobre o trabalho.

C) Ausência de controle sobre o tempo ou os procedimentos.

D) Sobrecarga qualiquantitativa de trabalho.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "D".


A sobrecarga quantitativa de trabalho faz o trabalhador ficar mais horas envolvido naquele trabalho, aumentando a exposição nociva. Somado a isso, ainda existe a falta de controle sobre o tempo ou os procedimentos que vai poder utilizar no trabalho, como seguir protocolos. Tais aspectos estão diretamente relacionados a uma má organização de recursos humanos e dos processos de trabalho. Ademais, a sobrecarga qualitativa do trabalho e as responsabilidades que permeiam a atuação profissional podem promover interações negativas com os colegas e pacientes/clientes. Por outro lado, o impacto do reconhecimento e da valorização profissional na satisfação pode ser protetivo quanto aos desfechos negativos.

Resposta correta.


A sobrecarga quantitativa de trabalho faz o trabalhador ficar mais horas envolvido naquele trabalho, aumentando a exposição nociva. Somado a isso, ainda existe a falta de controle sobre o tempo ou os procedimentos que vai poder utilizar no trabalho, como seguir protocolos. Tais aspectos estão diretamente relacionados a uma má organização de recursos humanos e dos processos de trabalho. Ademais, a sobrecarga qualitativa do trabalho e as responsabilidades que permeiam a atuação profissional podem promover interações negativas com os colegas e pacientes/clientes. Por outro lado, o impacto do reconhecimento e da valorização profissional na satisfação pode ser protetivo quanto aos desfechos negativos.

A alternativa correta e a "D".


A sobrecarga quantitativa de trabalho faz o trabalhador ficar mais horas envolvido naquele trabalho, aumentando a exposição nociva. Somado a isso, ainda existe a falta de controle sobre o tempo ou os procedimentos que vai poder utilizar no trabalho, como seguir protocolos. Tais aspectos estão diretamente relacionados a uma má organização de recursos humanos e dos processos de trabalho. Ademais, a sobrecarga qualitativa do trabalho e as responsabilidades que permeiam a atuação profissional podem promover interações negativas com os colegas e pacientes/clientes. Por outro lado, o impacto do reconhecimento e da valorização profissional na satisfação pode ser protetivo quanto aos desfechos negativos.

3. Em relação à ação que irá subsidiar a prevenção primária contra o estresse em âmbito organizacional, assinale a afirmativa correta.

A) Oferecer bônus financeiro para quem parar de fumar.

B) Encaminhar o trabalhador para afastamento previdenciário.

C) Realizar mudança de função após o diagnóstico de burnout.

D) Mapear tarefas ou setores de risco para a saúde.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "D".


A prevenção primária de casos de burnout tem como ponto fundamental o desenvolvimento do ambiente de trabalho saudável, ou seja, menos nocivo para o trabalhador. As equipes multiprofissionais devem promover o mapeamento de tarefas ou setores na empresa que representem risco para a saúde dos trabalhadores. É fundamental a ação integrada com outros setores da administração para buscar o diagnóstico adequado do ambiente de trabalho, do estilo de liderança, das normas e ritos existentes e da estrutura da companhia.

Resposta correta.


A prevenção primária de casos de burnout tem como ponto fundamental o desenvolvimento do ambiente de trabalho saudável, ou seja, menos nocivo para o trabalhador. As equipes multiprofissionais devem promover o mapeamento de tarefas ou setores na empresa que representem risco para a saúde dos trabalhadores. É fundamental a ação integrada com outros setores da administração para buscar o diagnóstico adequado do ambiente de trabalho, do estilo de liderança, das normas e ritos existentes e da estrutura da companhia.

A alternativa correta e a "D".


A prevenção primária de casos de burnout tem como ponto fundamental o desenvolvimento do ambiente de trabalho saudável, ou seja, menos nocivo para o trabalhador. As equipes multiprofissionais devem promover o mapeamento de tarefas ou setores na empresa que representem risco para a saúde dos trabalhadores. É fundamental a ação integrada com outros setores da administração para buscar o diagnóstico adequado do ambiente de trabalho, do estilo de liderança, das normas e ritos existentes e da estrutura da companhia.

4. Em relação às ações de prevenção primária para gerenciar a resposta individual à exposição aos estressores no trabalho, assinale a alternativa correta.

A) Estímulo a comportamentos saudáveis e relaxamento físico.

B) Prescrição de psicofármacos e relaxamento mental.

C) Terapia cognitivo-comportamental e reabilitação profissional.

D) Aplicação de questionários de rastreamento e controle do tabagismo.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "A".


Como abordagem em nível primário de casos de burnout, o gerenciamento da resposta ao estresse ocupacional é uma forma de reduzir a chance da exaustão física e mental. Portanto, o estímulo a comportamentos saudáveis — como prática regular de atividade física, alimentação equilibrada, sono adequado, redução do tabagismo e de consumo de álcool — pode ter seu efeito benéfico para a saúde global do trabalhador. O relaxamento físico — como alongamentos e massagem — e mental — como meditação e mindfulness — também são reconhecidos como mediadores de redução do estresse, especialmente em situações pontuais no cotidiano de trabalho.

Resposta correta.


Como abordagem em nível primário de casos de burnout, o gerenciamento da resposta ao estresse ocupacional é uma forma de reduzir a chance da exaustão física e mental. Portanto, o estímulo a comportamentos saudáveis — como prática regular de atividade física, alimentação equilibrada, sono adequado, redução do tabagismo e de consumo de álcool — pode ter seu efeito benéfico para a saúde global do trabalhador. O relaxamento físico — como alongamentos e massagem — e mental — como meditação e mindfulness — também são reconhecidos como mediadores de redução do estresse, especialmente em situações pontuais no cotidiano de trabalho.

A alternativa correta e a "A".


Como abordagem em nível primário de casos de burnout, o gerenciamento da resposta ao estresse ocupacional é uma forma de reduzir a chance da exaustão física e mental. Portanto, o estímulo a comportamentos saudáveis — como prática regular de atividade física, alimentação equilibrada, sono adequado, redução do tabagismo e de consumo de álcool — pode ter seu efeito benéfico para a saúde global do trabalhador. O relaxamento físico — como alongamentos e massagem — e mental — como meditação e mindfulness — também são reconhecidos como mediadores de redução do estresse, especialmente em situações pontuais no cotidiano de trabalho.

5. Assinale a alternativa correta quanto à ação de prevenção secundária a que os profissionais de saúde podem recorrer para realizar o rastreamento precoce de casos de burnout.

a) encaminhamento do trabalhador para atendimento com psiquiatra.

B) antecipação de férias e banco de horas para repouso do funcionário.

C) levantamento do número de dias perdidos pelo trabalhador no trimestre.

D) uso de questionários validados cientificamente no contexto nacional.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "D".


Como prevenção secundária de casos de burnout, é importante fazer o rastreamento diagnóstico. Há questionários validados por meio de pesquisas científicas que auxiliam a caracterizar os quadros. O mais utilizado é o Inventário de Burnout de Maslach (Maslach Burnout Inventory), que mensura a exaustão emocional, a despersonalização e a realização pessoal. Recentemente foi validado para o português do Brasil o Índice de Realização Profissional e Burnout, que, como o nome indica, avalia a realização profissional e dois componentes para o burnout: a exaustão e o desengajamento interpessoal.

Resposta correta.


Como prevenção secundária de casos de burnout, é importante fazer o rastreamento diagnóstico. Há questionários validados por meio de pesquisas científicas que auxiliam a caracterizar os quadros. O mais utilizado é o Inventário de Burnout de Maslach (Maslach Burnout Inventory), que mensura a exaustão emocional, a despersonalização e a realização pessoal. Recentemente foi validado para o português do Brasil o Índice de Realização Profissional e Burnout, que, como o nome indica, avalia a realização profissional e dois componentes para o burnout: a exaustão e o desengajamento interpessoal.

A alternativa correta e a "D".


Como prevenção secundária de casos de burnout, é importante fazer o rastreamento diagnóstico. Há questionários validados por meio de pesquisas científicas que auxiliam a caracterizar os quadros. O mais utilizado é o Inventário de Burnout de Maslach (Maslach Burnout Inventory), que mensura a exaustão emocional, a despersonalização e a realização pessoal. Recentemente foi validado para o português do Brasil o Índice de Realização Profissional e Burnout, que, como o nome indica, avalia a realização profissional e dois componentes para o burnout: a exaustão e o desengajamento interpessoal.

6. Em relação à conduta que pode ser caracterizada como uma ação de prevenção em nível terciário para casos de burnout, assinale a afirmativa correta.

A) Deve-se buscar treinar o trabalhador para que consiga fazer o trabalho que ele é pago para desempenhar.

B) Deve-se buscar o monitoramento da produtividade e do absenteísmo para confirmação da capacidade para o trabalho.

C) Deve-se buscar uma reintegração sustentada ao trabalho após estabilização dos sintomas clínicos e adequação das condições de trabalho.

D) Deve-se buscar descaracterizar o nexo entre a doença e as exposições ocupacionais na esfera previdenciária.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "C".


A avaliação da capacidade laborativa para casos de burnout pode reconhecer a necessidade do afastamento total ou temporário do trabalho. Dependendo do prazo desse afastamento, pode ser necessário o requerimento de benefício previdenciário por incapacidade. Nesse processo, pode ser necessária uma reabilitação profissional com mudança temporária ou permanente das rotinas laborais para que haja o retorno ao trabalho. Esse processo deve fazer parte de um planejamento amplo de gestão do caso, que vai envolver etapas dos outros níveis de prevenção (primário e secundário), a fim de que haja uma reintegração sustentada ao trabalho.

Resposta correta.


A avaliação da capacidade laborativa para casos de burnout pode reconhecer a necessidade do afastamento total ou temporário do trabalho. Dependendo do prazo desse afastamento, pode ser necessário o requerimento de benefício previdenciário por incapacidade. Nesse processo, pode ser necessária uma reabilitação profissional com mudança temporária ou permanente das rotinas laborais para que haja o retorno ao trabalho. Esse processo deve fazer parte de um planejamento amplo de gestão do caso, que vai envolver etapas dos outros níveis de prevenção (primário e secundário), a fim de que haja uma reintegração sustentada ao trabalho.

A alternativa correta e a "C".


A avaliação da capacidade laborativa para casos de burnout pode reconhecer a necessidade do afastamento total ou temporário do trabalho. Dependendo do prazo desse afastamento, pode ser necessário o requerimento de benefício previdenciário por incapacidade. Nesse processo, pode ser necessária uma reabilitação profissional com mudança temporária ou permanente das rotinas laborais para que haja o retorno ao trabalho. Esse processo deve fazer parte de um planejamento amplo de gestão do caso, que vai envolver etapas dos outros níveis de prevenção (primário e secundário), a fim de que haja uma reintegração sustentada ao trabalho.

Conclusão

As rotinas de trabalho envolvem o que é prescrito, ou seja, as atividades que a pessoa é contratada para fazer. O trabalho real, que é a execução cotidiana das tarefas, é permeado por diversos aspectos contextuais que requerem adaptação do trabalhador. Portanto, na análise e na adequação dos processos de trabalho, é necessário validar a informação, isto é, ter o relato de quem está vivenciando aquela situação.

Algumas vezes, há a interpretação de que o estresse nocivo é parte componente daquela situação laboral, o que é um paradigma errôneo. Não se deve considerar uma situação desfavorável como sendo inevitável. Sempre é possível melhorar, afinal, é um direito o exercício do trabalho de forma segura e sem comprometer a saúde dos trabalhadores.

Assim, os serviços de saúde das empresas devem ser qualificados para gerenciar e implantar as diversas ações indicadas. A sistematização de avaliações ambientais e clínicas deve compor as diretrizes do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) para uma gestão integrada, a fim de que sejam feitas a adequada promoção da saúde e a prevenção eficaz das doenças. Por fim, há benefícios da abordagem multiprofissional transdisciplinar no desenvolvimento e na aplicação de intervenções capazes de proteger os trabalhadores quanto à síndrome de burnout.

Atividades: Respostas

Atividade 1 // Resposta: A

Comentário: Na fase de alarme ou alerta da síndrome geral de adaptação proposta por Hans Selye, haverá uma resposta fisiológica de ativação do eixo HHA com ativação do sistema nervoso autônomo como primeira tentativa de lidar com os desafios impostos. A segunda fase, chamada de resistência ou adaptação, advém do equilíbrio proporcionado pela capacidade de conviver com os estressores, mediado pelo feedback negativo do eixo HHA. Entretanto, a terceira fase, que seria a do esgotamento ou da exaustão, pode advir da exposição crônica a condições de risco para a saúde com falência dos mecanismos adaptativos.

Atividade 2 // Resposta: D

Comentário: A sobrecarga quantitativa de trabalho faz o trabalhador ficar mais horas envolvido naquele trabalho, aumentando a exposição nociva. Somado a isso, ainda existe a falta de controle sobre o tempo ou os procedimentos que vai poder utilizar no trabalho, como seguir protocolos. Tais aspectos estão diretamente relacionados a uma má organização de recursos humanos e dos processos de trabalho. Ademais, a sobrecarga qualitativa do trabalho e as responsabilidades que permeiam a atuação profissional podem promover interações negativas com os colegas e pacientes/clientes. Por outro lado, o impacto do reconhecimento e da valorização profissional na satisfação pode ser protetivo quanto aos desfechos negativos.

Atividade 3 // Resposta: D

Comentário: A prevenção primária de casos de burnout tem como ponto fundamental o desenvolvimento do ambiente de trabalho saudável, ou seja, menos nocivo para o trabalhador. As equipes multiprofissionais devem promover o mapeamento de tarefas ou setores na empresa que representem risco para a saúde dos trabalhadores. É fundamental a ação integrada com outros setores da administração para buscar o diagnóstico adequado do ambiente de trabalho, do estilo de liderança, das normas e ritos existentes e da estrutura da companhia.

Atividade 4 // Resposta: A

Comentário: Como abordagem em nível primário de casos de burnout, o gerenciamento da resposta ao estresse ocupacional é uma forma de reduzir a chance da exaustão física e mental. Portanto, o estímulo a comportamentos saudáveis — como prática regular de atividade física, alimentação equilibrada, sono adequado, redução do tabagismo e de consumo de álcool — pode ter seu efeito benéfico para a saúde global do trabalhador. O relaxamento físico — como alongamentos e massagem — e mental — como meditação e mindfulness — também são reconhecidos como mediadores de redução do estresse, especialmente em situações pontuais no cotidiano de trabalho.

Atividade 5 // Resposta: D

Comentário: Como prevenção secundária de casos de burnout, é importante fazer o rastreamento diagnóstico. Há questionários validados por meio de pesquisas científicas que auxiliam a caracterizar os quadros. O mais utilizado é o Inventário de Burnout de Maslach (Maslach Burnout Inventory), que mensura a exaustão emocional, a despersonalização e a realização pessoal. Recentemente foi validado para o português do Brasil o Índice de Realização Profissional e Burnout, que, como o nome indica, avalia a realização profissional e dois componentes para o burnout: a exaustão e o desengajamento interpessoal.

Atividade 6 // Resposta: C

Comentário: A avaliação da capacidade laborativa para casos de burnout pode reconhecer a necessidade do afastamento total ou temporário do trabalho. Dependendo do prazo desse afastamento, pode ser necessário o requerimento de benefício previdenciário por incapacidade. Nesse processo, pode ser necessária uma reabilitação profissional com mudança temporária ou permanente das rotinas laborais para que haja o retorno ao trabalho. Esse processo deve fazer parte de um planejamento amplo de gestão do caso, que vai envolver etapas dos outros níveis de prevenção (primário e secundário), a fim de que haja uma reintegração sustentada ao trabalho.

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Como citar a versão impressa deste documento

Silva-Junior JS. Síndrome de burnout: desafio na gestão da saúde dos trabalhadores. In: Sociedade Brasileira de Clínica Médica; Lopes AC, José FF, Vendrame LS, organizadores. PROTERAPÊUTICA Programa de Atualização em Terapêutica: Ciclo 10. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2022. p. 125–40. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 3). https://doi.org/10.5935/978-65-5848-651-0.C0005

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