Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer os principais aspectos clínicos da síndrome da veia cava superior (SVCS);
- identificar as bases fisiopatológicas da SVCS, correlacionando-as com as principais etiologias envolvidas;
- descrever a abordagem diagnóstica da SVCS;
- diferenciar a abordagem terapêutica da SVCS de acordo com a gravidade dos sintomas.
Esquema conceitual
Introdução
A SVCS é a expressão clínica de qualquer condição que leve à obstrução do fluxo sanguíneo pela veia cava superior (VCS), o que resulta em aumento da pressão venosa central e produz sinais e sintomas característicos.1,2
O aumento da pressão venosa na parte superior do corpo resulta em edema da cabeça, pescoço e braços, muitas vezes com cianose, pletora e vasos subcutâneos distendidos. O edema pode causar comprometimento funcional da laringe ou faringe, manifestando-se como:3
- tosse;
- rouquidão;
- dispneia;
- estridor;
- disfagia.
O edema cerebral pode causar dor de cabeça, confusão e coma. A diminuição do retorno venoso pode resultar em comprometimento hemodinâmico.3
O primeiro caso relatado de síndrome de VCS foi descrito por William Hunter, um médico escocês, em 1757, em um paciente com aortite sifilítica.4 Nos dias atuais, aproximadamente 78 a 85% das obstruções malignas da VCS ocorrem secundárias ao câncer de pulmão. Dada a sua predominância geral (80% de todos os cânceres de pulmão), o câncer de pulmão de não pequenas células é a causa mais comum da síndrome maligna da VCS. No entanto, o câncer de pulmão de pequenas células, que representa apenas 15% de todos os cânceres de pulmão, é outra causa comum, representando 25% de todos os casos.3
Dada sua localização central e seu rápido crescimento, o câncer de pulmão de pequenas células tem aproximadamente cinco vezes mais probabilidade de causar SVCS do que o câncer de pulmão de não pequenas células.5 O linfoma, em geral linfoma não Hodgkin (LNH), é também uma causa importante, responsável por 10 a 15% dos casos.6
O tratamento primário da SVCS é direcionado à anormalidade subjacente, que, para condições malignas, geralmente envolve quimioterapia e/ou radioterapia (RT). A terapia endovascular pode oferecer alívio sintomático rápido e duradouro e é uma importante terapia adjuvante. É indicado quando o paciente deseja alívio sintomático rápido, apresenta sinais de comprometimento respiratório ou neurológico, e em casos de malignidade resistente ao tratamento.7,8