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SÍNDROME INFLAMATÓRIA MULTISSISTÊMICA ASSOCIADA À COVID-19 EM NEONATOLOGIA E PEDIATRIA

Taíssa Ferreira Cardoso

Halina Cidrini Ferreira

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • reconhecer o histórico da síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P) secundária à COVID-19;
  • reconhecer a definição, a fisiopatologia e o quadro clínico da SIM-P secundária à COVID-19 em pediatria;
  • identificar os cuidados e o manejo necessários em casos de SIM-P secundária à COVID-19;
  • identificar os principais achados de imagem ligados à SIM-P secundária à COVID-19;
  • identificar os tipos de filtros e suas aplicações na prática clínica;
  • reconhecer o tratamento fisioterapêutico e a assistência ventilatória da SIM-P secundária à COVID-19.

Esquema conceitual

Introdução

Em 11 de março de 2020, a doença do coronavírus 2019 (COVID-19) foi oficialmente declarada como uma pandemia e tornou-se um grave problema de saúde pública.1 Segundo levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), até novembro de 2021, já haviam sido confirmados mais de 256 milhões de casos de COVID-19, com mais de 5 milhões de mortes em todo o mundo. Os países com maior número de infectados eram Estados Unidos, Índia, Brasil, Rússia e Reino Unido. Os Estados Unidos e o Brasil eram os países com mais casos de morte pelo vírus.2,3

O coronavírus compõe uma extensa família de vírus, descobertos desde a década de 1960, que receberam esse nome graças às espículas na sua superfície, que lembram uma coroa (em inglês, crown). A COVID-19 é uma infecção causada por uma nova variante desse vírus, o novo coronavírus ou coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2), identificado entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020, por meio de investigação epidemiológica e laboratorial, após a notificação de casos de pneumonia de causa desconhecida na cidade chinesa de Wuhan, capital da província de Hubei.4

A COVID-19 causa um acometimento multissistêmico e manifesta-se com respostas e intensidades distintas em crianças, jovens/adultos e idosos. Entretanto, a doença tem demonstrado impacto de maior gravidade em indivíduos acima de 60 anos e portadores de comorbidades clínicas. As crianças representam menos de 5% dos casos diagnosticados, e, em sua grande maioria, a infecção apresenta-se em formas mais brandas, podendo ocorrer até de forma assintomática.4

Em abril de 2020, contudo, foram notificados raros casos de manifestações clínicas mais graves e ligadas à infecção por SARS-CoV-2 em crianças, denominada MIS-C (síndrome inflamatória multissistêmica em crianças, do inglês multisystem inflammatory syndrome in children) ou PIMS-TS (síndrome inflamatória multissistêmica temporariamente associada à COVID-19, do inglês pediatric multisystem inflammatory syndrome temporally associated with COVID-19), adaptada para o português como síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P). O primeiro alerta foi emitido pelo Reino Unido, seguido de outros países, como Itália e Estados Unidos.5

A SIM-P associada à COVID-19 assemelha-se à doença de Kawasaki (DK) e à síndrome do choque tóxico, que consistem em resposta imunológica exacerbada, com produção excessiva de citocinas inflamatórias frente a uma infecção ou fenômeno pós-infeccioso, levando o organismo a um estado de hiperinflamação com acometimento de diversos órgãos.6 Seus sinais são caracterizados por febre persistente acompanhada de um conjunto de sintomas, como dor abdominal, conjuntivite, exantema, erupções cutâneas, edema de extremidades e hipotensão. Os sintomas respiratórios não estão presentes em todos os casos.7

O primeiro caso confirmado de SIM-P notificado no Brasil teve início dos sintomas em março de 2020. No ano de 2020, ocorreram 725 casos de SIM-P e, em 2021, até a semana epidemiológica 45 (novembro de 2021), foram notificados 652 casos confirmados. Desse total de casos, foram notificados 84 óbitos por SIM-P no Brasil: 49 tiveram data do início dos sintomas em 2020 e 35 em 2021.8

Entre os casos confirmados da doença, observa-se predominância de crianças e adolescentes do sexo masculino (57,4%), com maior número de notificações na faixa etária de 1 a 4 anos (33,1%), seguido das idades de 5 a 9 anos (32,2%), 10 a 14 anos (20,3%), menores de 1 ano (11,5%) e 15 a 19 anos (2,9%). A mediana da idade foi de 5 anos. Entre os óbitos, a maior parte ocorreu em crianças de 5 a 9 anos (27,4%), seguida das idades de 10 a 14 anos (22,6%), 1 a 4 anos (21,4%), menores de 1 ano (17,9%) e 15 a 19 anos (10,7%). A mediana da idade dos casos que evoluíram para óbito foi de 7 anos.8

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