Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar os fenótipos clínicos das síndromes coronarianas não obstrutivas;
- conhecer a epidemiologia e etiologia de cada fenótipo;
- reconhecer os diversos mecanismos fisiopatológicos da isquemia miocárdica;
- propor investigação diagnóstica adequada e tratamento estratificado para pacientes com angina/isquemia na ausência de doença obstrutiva.
Esquema conceitual
Introdução
Por muito tempo, a relação entre isquemia miocárdica e doença aterosclerótica obstrutiva foi admitida como sendo direta e inequívoca. Desse modo, a presença de angina miocárdica estaria associada à presença da estenose coronária, e o tratamento intervencionista se apresentaria como essencial no manejo desses pacientes. Entretanto, uma revisão recente sobre a prevalência de doença obstrutiva epicárdica em pacientes submetidos à investigação invasiva por coronariografia revelou que, em aproximadamente metade desses pacientes, não havia obstrução significativa ou os vasos eram angiograficamente normais.1
Tal achado destaca a importância da microcirculação coronariana e dos distúrbios vasomotores como elementos fisiopatológicos potencialmente associados ao aparecimento de isquemia miocárdica/angina do peito na ausência de doença aterosclerótica significativa. Nesse contexto, três novos termos foram incorporados ao estudo das síndromes coronarianas e serão objeto de discussão neste capítulo:
- angina com doença coronariana não obstrutiva (em inglês, angina with no obstructive coronary artery disease [ANOCA]);
- isquemia com doença coronariana não obstrutiva (em inglês, ischemia with no obstructive coronary artery disease [INOCA]);
- infarto do miocárdio com doença coronariana não obstrutiva (em inglês, myocardial infarction with no obstructive coronary disease [MINOCA]).