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SÍNDROMES GERIÁTRICAS E OS CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Autores: Maria Helena Lenardt, Márcia Daniele Seima, Tânia Maria Lourenço, Susanne Elero Betiolli, Tatiane Prette Kuznier, Clarice Maria Setlik
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  • Introdução

O envelhecimento populacional trouxe grandes desafios à sociedade, com novas demandas sociais e de saúde, vinculadas, principalmente, às doenças crônicas e incapacidades funcionais. Logo, o conceito de saúde para o idoso também sofreu alterações, sendo definida como a capacidade individual de realização de aspirações e de satisfação das necessidades, independentemente da idade ou da presença de doenças.1

Essas alterações conceituais exigem dos profissionais de enfermagem um trabalho intenso para recuperar o sentido e a aplicabilidade do cuidado na prática clínica de enfermagem. As bases dos cuidados gerontológicos estipulam que se identifique a velhice como uma etapa universal, heterogênea, individual e única.

Considera-se essencial, à frente dos cuidados, reconhecer a capacidade individual da pessoa idosa em gerir a própria vida e desempenhar as atividades do cotidiano, com o olhar para a satisfação de suas necessidades.

Essas capacidades envolvem o conceito de funcionalidade global, que está intimamente relacionado à saúde do idoso, representada pela presença de autonomia (capacidade individual de decisão e comando sobre as ações, estabelecendo e seguindo as próprias convicções) e independência (capacidade de realizar algo com os próprios meios), permitindo que o indivíduo cuide de si e de sua vida.2

A saúde do idoso é determinada pelo funcionamento harmonioso de quatro domínios funcionais: cognição, humor, mobilidade e comunicação. A perda dessas funções resulta nas síndromes geriátricas clássicas, também conhecidas como Gigantes da Geriatria:3

 

  • incapacidade cognitiva;
  • incapacidade comunicativa;
  • imobilidade;
  • instabilidade postural;
  • insuficiência familiar;
  • iatrogenia;
  • incontinência esfincteriana.

As síndromes geriátricas são condições multifatoriais, complexas, inter-relacionadas e que causam alta morbidade e mortalidade entre os idosos.4

A identificação precoce das síndromes pode ajudar a melhorar o atendimento integral aos idosos da comunidade e postergar o declínio funcional.4 Isso porque, quando o idoso é acometido por uma ou mais síndromes, torna-se mais vulnerável para desfechos negativos, como incapacidade, declínio funcional, institucionalização, hospitalização e morte.

As síndromes têm singular importância, em razão das implicações que se apresentam para os idosos, a ponto de comprometerem sua funcionalidade global, com repercussões nas esferas da família, dos cuidadores e dos serviços de saúde.

O médico Bernard Isaacs, do Hospital Royal Infirmary de Glasgow (Inglaterra), foi quem, em 1969, publicou o resultado de um estudo comparativo, no qual descreve os fatores médicos que caracterizam os idosos, os chamados pacientes geriátricos.5

Esse pesquisador encontrou uma série de problemas, que denominou sintomas e que são evidenciados na imobilidade, na incontinência urinária (IUincontinência urinária), nas quedas e nas chamadas alterações mentais. A história reconhece que essa é a primeira descrição de que se tem notícia, sendo atualmente compreendida, conforme já mencionado, como síndromes geriátricas clássicas, ou Gigantes da Geriatria.5

As síndromes geriátricas estão associadas a um conjunto de disfunções orgânicas, com repercussões funcionais e sociais, exigindo cuidados complexos.6 Por tratarem-se de cuidados complexos e multifatoriais, o manejo dessas síndromes exige abordagem multidimensional e sistematizada, realizada por uma equipe multiprofissional. Nesse sentido, a identificação precoce das síndromes fornece subsídios para a construção do plano de cuidados individualizado e com vistas à manutenção da capacidade funcional do idoso.

O enfermeiro gerontológico tem papel essencial no levantamento dos diagnósticos, no planejamento e na execução dos cuidados ao idoso, por ser profissional presente nos diferentes níveis de atenção à saúde, capaz de propor, organizar e promover ações de cuidados preventivas/promocionais, curativas/paliativas ou reabilitadoras.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • reconhecer os conceitos básicos relacionados às síndromes geriátricas;
  • identificar as implicações das síndromes geriátricas para a vida e saúde do idoso;
  • descrever os métodos de avaliação e identificação das síndromes geriátricas;
  • discorrer acerca do plano de cuidados e das intervenções de enfermagem para cada síndrome geriátrica.

 

  • Esquema conceitual
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