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TRANSTORNO DO PÂNICO EM IDOSOS

Autores: Debora Pereira Thomaz, Camilla Rayane de Paula, Isabel Mendonça Fiuza
epub-PROGER-C10V3_Artigo2

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • diferenciar entre transtorno do pânico e ataque de pânico;
  • reconhecer as características do ataque de pânico;
  • revisar a epidemiologia do transtorno do pânico;
  • avaliar as opções de tratamento disponíveis para o transtorno do pânico em idosos.

Esquema conceitual

Introdução

A ansiedade é uma emoção indispensável para a sobrevivência humana. Trata-se de um sinal de alerta para diversas situações de dano potencial, possibilitando reações para contorná-las, garantindo a homeostase.

Quando patologicamente aumentada, entretanto, pode surgir na ausência de uma ameaça ou ser desproporcional à sua gravidade. Essa reação exacerbada impede o indivíduo de levar uma vida normal com comprometimento do funcionamento social, profissional e/ou familiar, caracterizando os transtornos de ansiedade.

O grupo de transtornos de ansiedade inclui o transtorno de estresse pós-traumático, o transtorno obsessivo compulsivo, a fobia social, as fobias específicas (medo de cair é um exemplo e ocorre em cerca de 50% dos idosos que caíram recentemente1), as fobias agudas, o transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e o transtorno do pânico (com e sem agorafobia), foco da discussão.

A agorafobia, frequentemente associada ao transtorno do pânico, é um forte medo ou ansiedade provocada pela exposição real ou antecipada a uma ampla gama de situações.

Os transtornos de ansiedade podem aparecer sozinhos ou, na maioria das vezes, fazer parte da apresentação de várias comorbidades, psiquiátricas ou não, como depressão, doenças cardiovasculares, pulmonares, metabólicas, entre outras.2 Existe um risco elevado de doença arterial coronariana em pacientes com transtorno do pânico, e o risco de morte súbita é aumentado em comparação com a população em geral.3

Além disso, há o risco de desenvolver outras doenças mentais, as quais desempenham um papel importante no desenvolvimento e prognóstico de doenças somáticas.2 Em todos os pacientes, mas principalmente nos idosos, é de extrema importância a avaliação detalhada de todos os sistemas para se descartar doenças somáticas subjacentes.

Transtorno do pânico

A seguir, são apresentadas as características e a abordagem do transtorno do pânico.

Definição

O transtorno do pânico se caracteriza pela ocorrência de ataques de pânico repetidos e inesperados, seguidos de 1 mês ou mais de preocupação persistente em ter mais ataques, junto com uma mudança no comportamento do indivíduo para evitar uma situação que possa desencadear o ataque.

São necessários pelo menos dois ataques de pânico inesperados, os quais não devem ser explicados pelo uso de uma substância ou condição médica geral ou outro problema psicológico. O transtorno do pânico pode ser diagnosticado com ou sem agorafobia.

Sinais e sintomas

Os ataques de pânico são ondas súbitas de desconforto e/ou medo intenso (geralmente com pico em 10 minutos e duração de 20 a 30 minutos) com manifestações físicas e mentais. Os sintomas físicos incluem:3

  • palpitações;
  • batimentos cardíacos acelerados;
  • sudorese;
  • tremores;
  • sensação de falta de ar ou sufocamento;
  • sensação de asfixia;
  • dor ou desconforto no peito;
  • náusea;
  • desconforto abdominal;
  • sensação de tontura;
  • instabilidade;
  • vertigens ou desmaios;
  • calafrios;
  • sensações de calor;
  • parestesias (sensações de dormência ou formigamento);
  • desrealização (sensação de irrealidade) ou despersonalização (desapego de si mesmo);
  • medo de perder o controle ou de enlouquecer;
  • medo de morrer.

Quatro ou mais sintomas físicos desse conjunto específico de sintomas acompanham um ataque de pânico.

O transtorno do pânico se caracteriza por ataques de pânico recorrentes e inesperados, sem aviso prévio e/ou gatilhos identificados. Os pacientes que sofrem com essas crises autopercebem falta de controle.3

Os ataques de pânico, entretanto, não se limitam ao transtorno do pânico. Eles podem ocorrer junto com outros transtornos de ansiedade, humor, psicóticos e por uso de substâncias. A presença de ataques repetidos e inesperados, especialmente noturnos, é quase um patognomônico do transtorno do pânico.3

Epidemiologia

A ansiedade é o transtorno psiquiátrico mais prevalente, com uma taxa de 29% ao longo da vida.1 Seu início ocorre, em geral, na adolescência ou no início da idade adulta.2 A taxa de transtorno do pânico entre pessoas com mais de 55 anos é de cerca de 1%, com ocorrência ao longo da vida de cerca de 4%.1

Como o pânico entre os idosos tem origem mais cedo na vida, novos casos são menos prováveis ao longo do tempo. Além disso, os primeiros ataques de pânico que ocorrem após os 55 anos são geralmente menos graves do que aqueles que começam mais cedo na vida.1

Os transtornos do pânico são mais comuns em:4

  • mulheres;
  • desempregados;
  • divorciados/separados/viúvos;
  • pessoas com menor escolaridade;
  • pessoas com baixa renda familiar.

Diagnósticos diferenciais

Como a maioria dos pacientes apresenta riqueza de sintomas físicos, muitos procuram explicações alternativas para os seus sintomas que não sejam relacionadas à saúde mental. Evitam os cuidados prestados por profissionais de saúde mental e, em vez disso, buscam consultores médicos especializados.3

Entre todos os transtornos de ansiedade, o transtorno do pânico é o que apresenta o maior número de consultas médicas e é uma condição de saúde mental muito dispendiosa.3 Cerca de 70 a 80% dos pacientes em pânico procuram ajuda de um especialista médico não focado em saúde mental,4 além de visitas frequentes a pronto-socorro, já que os sintomas imitam doenças potencialmente fatais.

Considerando a sobreposição de sintomas com doenças médicas, efeitos colaterais de medicamentos e outras condições de saúde mental, como depressão, o diagnóstico diferencial torna-se especialmente desafiador em pacientes idosos. A propedêutica excessiva e desnecessária pela qual jovens com transtorno do pânico são submetidos se torna aceitável e, muitas vezes, necessária na população idosa.

Alguns diagnósticos diferenciais incluem:

  • angina;
  • asma/doença pulmonar obstrutiva crônica;
  • insuficiência cardíaca;
  • prolapso da válvula mitral;
  • embolia pulmonar;
  • abuso de substâncias;
  • hipertireoidismo;
  • outros transtornos de saúde mental associados a ataques de pânico.

O uso de psicoestimulantes e as síndromes de abstinência a medicamentos podem contribuir para sintomas de pânico e devem ser considerados.

Fisiopatologia

Existem múltiplas teorias sobre a fisiopatologia do transtorno do pânico. A maioria o considera um desequilíbrio neuroquímico de neurotransmissores no cérebro, como serotonina, norepinefrina, dopamina e ácido gama-aminobutírico (GABA), além do cortisol.4,5

Etiologia

O transtorno do pânico é conceituado como etiologicamente complexo, com risco determinado pela interação de múltiplos fatores de risco genéticos e não genéticos, abrangendo múltiplos níveis de função, que incluem biológico/genético, psicológico, social e cultural/econômico.5

Condições adversas na infância podem levar ao transtorno do pânico na idade adulta.4

Fatores genéticos também desempenham um papel na etiologia do transtorno do pânico. Parentes de primeiro grau têm risco de 40% de desenvolver a síndrome se alguém da família já tiver sido diagnosticado com o transtorno.4

O transtorno do pânico é mais comum entre pacientes que relatam estresse recente, baixa qualidade de vida relacionada à saúde, taquicardia ou úlceras gástricas. Também está associado à depressão e a condições socioeconômicas mais baixas.4

Prognóstico

O transtorno do pânico não é uma doença benigna e pode afetar de forma significativa a qualidade de vida, levar à depressão e à incapacidade. O paciente não consegue funcionar normalmente na sua vida social e familiar, e o distúrbio está associado a um risco aumentado de comorbidades médicas e tabagismo.4

Os pacientes acometidos pelo transtorno do pânico também correm risco de suicídio, já que o transtorno está associado a um maior risco de ideação suicida.4

Em idosos portadores de demência, além da dificuldade diagnóstica, o transtorno do pânico pode piorar os sintomas comportamentais e aumentar o risco de institucionalização.

O prognóstico pode ser reservado. A maioria das pessoas terá recorrência dos sintomas mesmo após um período assintomático. Apenas cerca de 60% dos pacientes alcançam a remissão em seis meses.6

Os fatores para resultados desfavoráveis incluem:4

  • apresentar doença crônica;
  • ter alta sensibilidade interpessoal;
  • ser solteiro;
  • pertencer a uma classe social baixa;
  • morar sozinho.

Tratamento

O transtorno do pânico pode seguir cursos crônicos e remitentes. Sempre que possível, o objetivo do tratamento deve ser o alívio completo dos sintomas (remissão), o que está associado a um melhor funcionamento e a uma menor probabilidade de recaída.6

Os sintomas do transtorno do pânico variam em gravidade e complexidade, o que tem implicações na resposta ao tratamento. Desse modo, é importante considerar a gravidade dos sintomas, a duração, o grau de sofrimento, o comprometimento funcional, o histórico pessoal e as comorbidades ao realizar uma avaliação diagnóstica.7,8

É essencial monitorar a ideação suicida e a alteração dos sintomas em pacientes com transtorno do pânico.1

Os medicamentos que podem ser ansiogênicos são reduzidos em dosagem ou, se possível, descontinuados, como anticolinérgicos, anti-histamínicos, esteroides, simpaticomiméticos, estimulantes e agentes dopaminérgicos. Ao prescrevê-los, é especialmente importante considerar os problemas do paciente idoso, como marcha instável, metabolismo reduzido e interações medicamentosas.1

As principais estratégias para o manejo do transtorno do pânico envolvem a farmacoterapia e a terapia cognitivo-comportamental (TCC), ambas consideradas igualmente eficazes.2,7,8 A escolha por uma ou outra modalidade dependerá das preferências do paciente e da disponibilidade do tratamento.7,8

A terapia combinada pode ser recomendada principalmente em casos de ideação suicida, na presença de comorbidades psiquiátricas ou quando existe comprometimento funcional importante.4

Farmacoterapia

As classes com melhor nível de evidência para o tratamento do transtorno do pânico são os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs) e os inibidores seletivos da recaptação de serotonina e noradrenalina (ISRSNs).1,2 Alguns antidepressivos tricíclicos (ADTs) e benzodiazepínicos também são eficazes no tratamento agudo.2

Nos pacientes idosos, a escolha da classe medicamentosa deve ser individualizada, baseada em comorbidades, interações medicamentosas e efeitos colaterais que possam colocar o paciente em risco. Alguns exemplos bastante ilustrativos seriam a sedação excessiva, a hipotensão ortostática e o consequente aumento do risco de quedas. Tais efeitos deveriam ser avaliados com cuidado, principalmente em pacientes com instabilidade de marcha.

Deve-se atentar também para possíveis interações medicamentosas, polifarmácia e efeito cascata, além da necessidade de correção de dose em pacientes com insuficiência renal ou hepática e do risco de agravamento de deficiência cognitiva e/ou transtorno de comportamento.7

Independentemente da escolha, o medicamento deve ser iniciado em dose baixa e com progressão gradual, conforme tolerância e resposta do indivíduo.2

Antes de começar um tratamento farmacológico, o paciente e/ou familiar deve ser informado sobre os possíveis efeitos colaterais associados ao uso do medicamento escolhido, bem como deve ser orientado sobre o tempo para início do efeito terapêutico (em geral, 4 a 6 semanas). Também deve ser ressaltado que, durante os primeiros dias de uso, os medicamentos podem piorar os sintomas de nervosismo, agitação e ansiedade, ainda que transitoriamente.2

O paciente deve ser monitorado a cada 2 a 4 semanas, até a estabilização do quadro.9 O medicamento escolhido deve ser continuado por pelo menos 6 a 12 meses após o controle dos sintomas ter sido alcançado.1,8

A decisão pela desprescrição deve ser feita pelo médico e deve considerar a história prévia ou a presença de fatores de risco para recaídas (por exemplo, gravidade da doença, coexistência de comorbidades psiquiátricas, presença de estressores psicossociais e sintomas residuais).8 De forma semelhante ao início do tratamento, a descontinuação deve ser realizada de forma lenta e gradual.2,7

Inibidores seletivos da recaptação de serotonina

Os ISRSs constituem a classe com maior nível de evidência para o tratamento do transtorno do pânico. Devem sempre ser considerados no tratamento de primeira linha na população em geral.7 Isso também se aplica aos pacientes idosos, tendo em vista sua maior tolerabilidade, seu perfil de efeitos colaterais relativamente benignos e sua segurança em caso de overdose, além de serem mais seguros para pacientes coronariopatas.9,10

As doses terapêuticas de ISRS são aproximadamente as mesmas para o transtorno do pânico e para o tratamento da depressão.9,11 Os ISRSs, em particular a sertralina, diminuem a mortalidade cardiovascular, pois, entre outros, reduzem a agregação plaquetária, melhoram a variabilidade da frequência cardíaca e parecem ter efeito sobre o endotélio com aumento da biodisponibilidade de óxido nítrico.10

O Quadro 1 destaca os efeitos colaterais dos ISRSs de importância na população idosa.

QUADRO 1

EFEITOS COLATERAIS IMPORTANTES DOS INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA NA POPULAÇÃO IDOSA

Hiponatremia

  • Ocorre particularmente se em uso de outros fármacos que ocasionam hiponatremia.

Sangramento do trato gastrintestinal

  • Em pacientes com história prévia de sangramento do trato gastrintestinal e naqueles com uso concomitante de antiplaquetários, anti-inflamatórios e anticoagulantes, o uso de inibidores seletivos da recaptação de serotonina aumenta o risco de hemorragia digestiva devido ao fato de que a inibição da recaptação de serotonina altera a resposta homeostática plaquetária.

Prolongamento do intervalo QT

  • Ao utilizar citalopram ou escitalopram para pacientes idosos, deve-se atentar para o risco de cardiotoxicidade (aumento do intervalo QT) em doses maiores que 20mg e 10mg, respectivamente.

// Fonte: Cunha e Thomaz.10

Entre os efeitos colaterais mais comumente associados ao uso dos ISRSs, destacam-se:8

  • cefaleia;
  • irritabilidade;
  • desconforto gastrintestinal (náusea ou diarreia);
  • insônia;
  • disfunção sexual.

A interrupção abrupta no uso desses fármacos pode provocar uma síndrome de retirada, caracterizada por sintomas gastrintestinais, neurológicos e psiquiátricos.8

A Tabela 1 apresenta os ISRSs para o tratamento do transtorno do pânico.

TABELA 1

INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA

MEDICAMENTO

DOSE INICIAL (mg)

FAIXA DE DOSE (mg)

Citalopram

10

10–40

Escitalopram

5–10

10–20

Paroxetina

20

20–50

Sertralina

25–50

50–150

// Fonte: Adaptada de Pary e colaboradores.1

Inibidores seletivos da recaptação de serotonina e norepinefrina

Dos representantes dos ISRSNs, a venlafaxina foi a única que se mostrou eficaz no tratamento agudo e na prevenção de recaídas no transtorno do pânico.11,12

Deve-se atentar e monitorar os efeitos dos ISRSNs na pressão arterial em idosos, principalmente se usados em doses mais altas, acima de 200mg.

Os ISRSNs podem provocar:7,9

  • boca seca;
  • náusea;
  • constipação intestinal;
  • anorexia;
  • sudorese;
  • elevação dos níveis pressóricos;
  • disfunção sexual.

A interrupção abrupta no uso desses fármacos pode provocar uma síndrome de retirada, caracterizada por sintomas gastrintestinais, neurológicos e psiquiátricos.12

A Tabela 2 apresenta o ISRSN para o tratamento do transtorno do pânico.

TABELA 2

INIBIDOR SELETIVO DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA E NOREPINEFRINA

MEDICAMENTO

DOSE INICIAL (mg)

FAIXA DE DOSE (mg)

Venlafaxina

37,5

75–225

// Fonte: Adaptada de Pary e colaboradores;1 Stein e colaboradores.11

Benzodiazepínicos

Em casos de sofrimento ou disfunção acentuada, quando é necessária intervenção imediata, é indicado o tratamento de curto prazo com benzodiazepínicos, além de ISRS ou ISRSN.7,9 Os benzodiazepínicos também podem ser usados para o tratamento agudo de estados de tensão, excitação e ansiedade, incluindo o transtorno do pânico.2 Nesse caso, eles são utilizados como potencializadores e adjuvantes.

Ao considerar o uso desses medicamentos, deve-se realizar uma avaliação cuidadosa dos riscos e benefícios associados, com prescrição pelo menor tempo possível e monitoramento rigoroso.1,2

Além do risco de uso inadequado e do desenvolvimento de dependência, os benzodiazepínicos podem provocar efeitos adversos, como:7,9

  • sedação;
  • fadiga;
  • comprometimento psicomotor;
  • prejuízo na memória e concentração.

Em indivíduos idosos, os benzodiazepínicos aumentam o risco de quedas e de fraturas de quadril, especialmente quando são utilizados os fármacos de meia-vida mais longa ou quando em associação com outros fármacos.1

De maneira geral, a relação risco-benefício da farmacoterapia com benzodiazepínicos em pacientes idosos não é favorável. Por outro lado, esses medicamentos possuem menos efeitos colaterais metabólicos e sexuais e são capazes de promover alívio rápido da ansiedade.1

A Tabela 3 apresenta os benzodiazepínicos para o tratamento do transtorno do pânico.

TABELA 3

BENZODIAZEPÍNICOS

MEDICAMENTO

DOSE INICIAL (mg)

Clonazepam

0,5–4

Alprazolam

0,5–6

Lorazepam

0,5–6

Para indivíduos com falência terapêutica, caracterizada por resposta fraca ou nenhuma resposta aos ISRSs ou ISRSNs e/ou benzodiazepínicos, considerar o disposto a seguir.1,8,11

Antidepressivos tricíclicos

Devido à sua maior carga de efeitos adversos em comparação aos ISRSs ou ISRSNs, os ADTs são reservados para os casos de falência terapêutica.7,11

Para o paciente idoso, o ADT de escolha seria a nortriptilina, com base em sua menor propensão para induzir hipotensão postural e menor taxa de efeitos colaterais anticolinérgicos em comparação com outros ADTs.10,13

Deve-se evitar o uso de ADTs em pacientes com risco/ideação suicida.9,13 Deve-se evitar o uso também nos pacientes cardiopatas, pois pode gerar taquicardia, hipotensão ortostática e prolongamento de QT.10 O ADT também está contraindicado na presença de bloqueio completo de ramo e/ou coronariopatia ou nos pacientes que já apresentam alargamento de QT prévio.10

Outros efeitos colaterais dos ADTs incluem:13

  • sudorese;
  • distúrbios do sono;
  • fadiga e fraqueza;
  • ganho de peso;
  • aumentos modestos da pressão arterial;
  • hipotensão ortostática;
  • disfunção sexual.

A retirada abrupta dos ADTs pode causar uma síndrome de descontinuação.1,7

A Tabela 4 apresenta o ADT para o tratamento do transtorno do pânico.

TABELA 4

ANTIDEPRESSIVO TRICÍCLICO

MEDICAMENTO

DOSE INICIAL (mg)

FAIXA DE DOSE (mg)

Nortriptilina

10

25–150

// Fonte: Adaptada de Stein e colaboradores.11

Inibidores da monoamina oxidase

Os IMAOs têm eficácia comprovada no transtorno do pânico,11 mas o baixo investimento da indústria farmacêutica, a complexidade de sua prescrição e a falta de experiência dos médicos possivelmente limitam o seu uso.

Entre os fatores limitantes ao uso dos IMAOs, destacam-se o risco de interação medicamentosa com serotoninérgicos e noradrenérgicos e a necessidade de restrição de ingesta de alimentos ricos em tiramina, pelo risco de síndrome serotoninérgica e hipertensiva. É importante destacar que, embora potencialmente graves, tais efeitos podem ser controlados por meio de boa orientação.

Entre os efeitos colaterais dos IMAOs, talvez o mais desafiador em pacientes idosos seja a hipotensão ortostática, por vários motivos: alta prevalência, difícil manejo e potenciais consequências. Entre outros efeitos adversos, destacam-se:11

  • tremores;
  • excitação;
  • mioclonia;
  • insônia;
  • convulsões;
  • sintomas anticolinérgicos, como xerostomia;
  • visão embaçada;
  • retenção urinária;
  • constipação;
  • disfunção sexual;
  • ganho de peso.

A Tabela 5 apresenta o IMAO para o tratamento do transtorno do pânico.

TABELA 5

INIBIDOR DA MONOAMINA OXIDASE

MEDICAMENTO

DOSE INICIAL (mg)

FAIXA DE DOSE (mg)

Tranilcipromina

10

20–60

// Fonte: Adaptada de Stein e colaboradores.11

Pregabalina

A pregabalina tem eficácia comprovada no tratamento agudo e na prevenção de recaídas no TAG,7 podendo também ser utilizada nos casos de falência terapêutica no transtorno do pânico. Seus efeitos colaterais mais comuns são a sonolência e a tontura. Sua farmacocinética favorece os pacientes com disfunção renal e hepática.

A Tabela 6 apresenta as doses de pregabalina para o tratamento do transtorno do pânico.

TABELA 6

PREGABALINA

DOSE INICIAL (mg)

FAIXA DE DOSE (mg)

50 (em doses divididas)

50–300 (em doses divididas)

// Fonte: Adaptada de Pary e colaboradores.1

Tratamento não farmacológico

O tratamento não farmacológico do transtorno do pânico compreende a TCC, porém novas modalidades terapêuticas têm sido avaliadas.

Terapia cognitivo-comportamental

A TCC consiste na modalidade de psicoterapia com maior grau de evidência na literatura, sendo recomendada como primeira linha de tratamento para todos os tipos de transtorno de ansiedade.2

A abordagem da TCC envolve sessões supervisionadas por um terapeuta, nas quais o paciente experimenta as situações que geralmente desencadeiam os sintomas ansiosos e é treinado a interpretá-las como inofensivas.2 As dificuldades inerentes à TCC seriam custo, disponibilidade e déficit cognitivo preexistente.

Outros

Novas modalidades terapêuticas — como terapia metacognitiva, terapia de aceitação e compromisso, mindfulness e técnicas de estimulação não invasivas — têm sido aplicadas ao longo dos últimos anos. No entanto, ainda é necessária uma revisão sistemática da literatura para avaliar sua aplicabilidade e seu grau de recomendação na prática clínica.2

A atividade física e a prática de exercícios consistem em modalidades de baixo custo financeiro e com poucos efeitos colaterais indesejados, devendo ser encorajadas e aplicadas em combinação com as terapias de primeira linha, quando possível.2

Prevenção

O desenvolvimento e a implementação de medidas preventivas contra os transtornos de ansiedade são primordiais, tendo em vista a elevada prevalência, a cronicidade, o potencial de gravidade dessas doenças, seus elevados custos socioeconômicos e sua associação com o surgimento de outros transtornos.2 A prevenção, no caso dos idosos, passa por convívio social adequado, apoio familiar, ressignificação e resiliência.

ATIVIDADES

1. Observe as alternativas a seguir com relação aos sinais e sintomas que podem estar presentes durante um ataque de pânico.

I. Palpitações.

II. Sensação de falta de ar.

III. Despersonalização.

IV. Alucinações.

Quais estão corretas?

A) Apenas a I, a II e a III.

B) Apenas a I, a II e a IV.

C) Apenas a I, a III e a IV.

D) Apenas a II, a III e a IV.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".


Os sintomas físicos do ataque de pânico incluem: palpitações, batimentos cardíacos acelerados, sudorese, tremores, sensação de falta de ar ou sufocamento, desrealização (sensação de irrealidade) ou despersonalização (desapego de si mesmo), medo de perder o controle ou de enlouquecer e medo de morrer.

Resposta correta.


Os sintomas físicos do ataque de pânico incluem: palpitações, batimentos cardíacos acelerados, sudorese, tremores, sensação de falta de ar ou sufocamento, desrealização (sensação de irrealidade) ou despersonalização (desapego de si mesmo), medo de perder o controle ou de enlouquecer e medo de morrer.

A alternativa correta é a "A".


Os sintomas físicos do ataque de pânico incluem: palpitações, batimentos cardíacos acelerados, sudorese, tremores, sensação de falta de ar ou sufocamento, desrealização (sensação de irrealidade) ou despersonalização (desapego de si mesmo), medo de perder o controle ou de enlouquecer e medo de morrer.

2. No que se refere aos fatores de risco para o desenvolvimento do transtorno do pânico, analise as alternativas a seguir.

I. Sexo masculino.

II. Baixa renda.

III. Baixa escolaridade.

IV. Divórcio/separação conjugal.

Quais estão corretas?

A) Apenas a I, a II e a III.

B) Apenas a I, a II e a IV.

C) Apenas a I, a III e a IV.

D) Apenas a II, a III e a IV.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "D".


Os transtornos do pânico são mais comuns em mulheres e em indivíduos desempregados, divorciados/separados/viúvos, com menor escolaridade e baixa renda familiar.

Resposta correta.


Os transtornos do pânico são mais comuns em mulheres e em indivíduos desempregados, divorciados/separados/viúvos, com menor escolaridade e baixa renda familiar.

A alternativa correta é a "D".


Os transtornos do pânico são mais comuns em mulheres e em indivíduos desempregados, divorciados/separados/viúvos, com menor escolaridade e baixa renda familiar.

3. Analise as alternativas a seguir quanto ao transtorno do pânico.

I. Os primeiros ataques de pânico que ocorrem em idade mais avançada são menos graves do que aqueles que começam mais cedo na vida.

II. O uso de psicoestimulantes e as síndromes de abstinência a medicamentos não têm qualquer relação com o desenvolvimento de sintomas de pânico.

III. A angina, a insuficiência cardíaca congestiva e o hipertireoidismo constituem alguns dos diagnósticos diferenciais possíveis.

Quais estão corretas?

A) Apenas a I.

B) Apenas a II.

C) Apenas a III.

D) Apenas a II e a III.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".


O uso de psicoestimulantes e as síndromes de abstinência a medicamentos podem contribuir para sintomas de pânico. A idade de início do transtorno não é um fator determinante de gravidade.

Resposta correta.


O uso de psicoestimulantes e as síndromes de abstinência a medicamentos podem contribuir para sintomas de pânico. A idade de início do transtorno não é um fator determinante de gravidade.

A alternativa correta é a "C".


O uso de psicoestimulantes e as síndromes de abstinência a medicamentos podem contribuir para sintomas de pânico. A idade de início do transtorno não é um fator determinante de gravidade.

4. Sobre o prognóstico de pacientes diagnosticados com transtorno do pânico, assinale a afirmativa correta.

A) A doença não compromete a funcionalidade.

B) Em idosos portadores de demência, o transtorno pode piorar os sintomas comportamentais e aumentar o risco de institucionalização.

C) O distúrbio não tem associação com outras comorbidades médicas ou com hábitos de vida.

D) Não é comum haver recorrência dos sintomas, e a maioria dos pacientes alcança remissão após seis meses.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".


O transtorno do pânico impacta diretamente a funcionalidade e a qualidade de vida dos pacientes e geralmente está associado a outras comorbidades médicas. A recorrência de sintomas é comum, e apenas 60% dos pacientes alcançam a remissão em seis meses.

Resposta correta.


O transtorno do pânico impacta diretamente a funcionalidade e a qualidade de vida dos pacientes e geralmente está associado a outras comorbidades médicas. A recorrência de sintomas é comum, e apenas 60% dos pacientes alcançam a remissão em seis meses.

A alternativa correta é a "B".


O transtorno do pânico impacta diretamente a funcionalidade e a qualidade de vida dos pacientes e geralmente está associado a outras comorbidades médicas. A recorrência de sintomas é comum, e apenas 60% dos pacientes alcançam a remissão em seis meses.

5. Com relação ao uso de ISRSs, analise as alternativas a seguir e marque V (verdadeiro) ou F (falso).

Os ISRSs são a classe com maior nível de evidência para tratamento do transtorno do pânico.

As doses terapêuticas diferem muito daquelas usadas para o tratamento da depressão, em geral mais baixas.

Os ISRSs apresentam maior tolerabilidade e perfil de efeitos colaterais benignos, mesmo quando usados em pacientes idosos.

Os efeitos colaterais com maior destaque para a população idosa são hiponatremia, sangramento do trato gastrintestinal e alargamento de intervalo QT.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V — V — F — F

B) V — F — V — V

C) F — V — F — V

D) F — F — V — F

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".


As doses terapêuticas de ISRSs são aproximadamente as mesmas para o transtorno do pânico e para o tratamento da depressão.

Resposta correta.


As doses terapêuticas de ISRSs são aproximadamente as mesmas para o transtorno do pânico e para o tratamento da depressão.

A alternativa correta é a "B".


As doses terapêuticas de ISRSs são aproximadamente as mesmas para o transtorno do pânico e para o tratamento da depressão.

6. Analise as alternativas a seguir no que se refere aos efeitos colaterais comumente associados ao uso de benzodiazepínicos nos pacientes idosos.

I. Hipernatremia.

II. Sedação.

III. Prejuízo na memória e concentração.

IV. Aumento no risco de quedas.

Quais estão corretas?

A) Apenas a I, a II e a III.

B) Apenas a I, a II e a IV.

C) Apenas a I, a III e a IV.

D) Apenas a II, a III e a IV.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "D".


Os benzodiazepínicos podem provocar efeitos adversos como sedação, fadiga, comprometimento psicomotor, prejuízo na memória e concentração e aumento do risco de quedas.

Resposta correta.


Os benzodiazepínicos podem provocar efeitos adversos como sedação, fadiga, comprometimento psicomotor, prejuízo na memória e concentração e aumento do risco de quedas.

A alternativa correta é a "D".


Os benzodiazepínicos podem provocar efeitos adversos como sedação, fadiga, comprometimento psicomotor, prejuízo na memória e concentração e aumento do risco de quedas.

7. Sobre o uso de ADTs para o tratamento do transtorno do pânico, analise as alternativas a seguir.

I. Os ADTs geralmente são reservados para os casos de falência terapêutica.

II. A amitriptilina constitui o ADT de escolha na população geriátrica.

III. O uso de ADT deve ser evitado em pacientes com risco/ideação suicida.

IV. A retirada abrupta de um ADT pode provocar síndrome de descontinuação.

Quais estão corretas?

A) Apenas a I, a II e a III.

B) Apenas a I, a II e a IV.

C) Apenas a I, a III e a IV.

D) Apenas a II, a III e a IV.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".


Para a população geriátrica, o ADT de escolha seria a nortriptilina, com base em sua menor propensão para induzir hipotensão postural e menor taxa de efeitos colaterais anticolinérgicos em comparação com outros ADTs.

Resposta correta.


Para a população geriátrica, o ADT de escolha seria a nortriptilina, com base em sua menor propensão para induzir hipotensão postural e menor taxa de efeitos colaterais anticolinérgicos em comparação com outros ADTs.

A alternativa correta é a "C".


Para a população geriátrica, o ADT de escolha seria a nortriptilina, com base em sua menor propensão para induzir hipotensão postural e menor taxa de efeitos colaterais anticolinérgicos em comparação com outros ADTs.

8. Quanto à TCC para o tratamento do transtorno do pânico, assinale a afirmativa correta.

A) A TCC é recomendada como primeira linha de tratamento para todos os tipos de transtorno de ansiedade, porém seu uso pode ser limitado em pacientes idosos, sobretudo naqueles com déficit cognitivo.

B) A TCC não deve ser aplicada em associação com o tratamento farmacológico para o transtorno do pânico.

C) As sessões podem ser realizadas por qualquer profissional da área da saúde.

D) A terapia envolve experienciar sessões tranquilas e prazerosas.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".


A TCC consiste na modalidade de psicoterapia com maior grau de evidência na literatura, sendo recomendada como primeira linha de tratamento para todos os tipos de transtorno de ansiedade.

Resposta correta.


A TCC consiste na modalidade de psicoterapia com maior grau de evidência na literatura, sendo recomendada como primeira linha de tratamento para todos os tipos de transtorno de ansiedade.

A alternativa correta é a "A".


A TCC consiste na modalidade de psicoterapia com maior grau de evidência na literatura, sendo recomendada como primeira linha de tratamento para todos os tipos de transtorno de ansiedade.

F.M., 79 anos, portadora de hipertensão arterial controlada, hipotireoidismo compensado e osteoartrose de joelhos, mantinha controle médico com clínico regularmente e apresentava boa saúde física. Sempre foi uma mulher ativa, mas bastante preocupada, o que frequentemente impactava em seu sono.

Negava que fosse ansiosa, mas reconhecia que se sentia muito bem com pregabalina, que foi prescrita como modulador de dor durante quatro meses no último ano. Viúva, morava sozinha, totalmente independente, com a cognição preservada.

Cerca de dois meses antes de seu aniversário de 80 anos, com programação de grande festa, tornou-se mais irritada, com medo de tudo, deixando de dirigir e, durante a noite, acordando com crises de dispneia, desconforto torácico e diarreia. Procurou atendimento médico, sendo prescritos escitalopram e alprazolam.

Evoluiu com intensificação dos sintomas, inclusive em frequência. Passou a não dormir mais em casa e se mudou para a casa da filha. Resolveu procurar outro profissional por acreditar que o diagnóstico e o tratamento estavam incorretos.

ATIVIDADES

9. Qual é o diagnóstico da paciente do caso clínico?

Confira aqui a resposta

O diagnóstico da paciente seria de transtorno do pânico, que possivelmente se sobrepôs ao quadro de ansiedade generalizada de curso crônico.

Resposta correta.


O diagnóstico da paciente seria de transtorno do pânico, que possivelmente se sobrepôs ao quadro de ansiedade generalizada de curso crônico.

O diagnóstico da paciente seria de transtorno do pânico, que possivelmente se sobrepôs ao quadro de ansiedade generalizada de curso crônico.

10. Qual seria o tratamento medicamentoso adequado para a paciente do caso clínico?

Confira aqui a resposta

O tratamento medicamentoso poderia ser com ISRS associado a benzodiazepínico. Na ausência de resposta, deve-se considerar as seguintes opções: novo ISRS; troca por ISRSN (venlafaxina); troca por ADT (nortriptilina); troca por anticonvulsivante (pregabalina). A associação ao benzodiazepínico pode ser realizada com todas as classes citadas, se necessário.

Resposta correta.


O tratamento medicamentoso poderia ser com ISRS associado a benzodiazepínico. Na ausência de resposta, deve-se considerar as seguintes opções: novo ISRS; troca por ISRSN (venlafaxina); troca por ADT (nortriptilina); troca por anticonvulsivante (pregabalina). A associação ao benzodiazepínico pode ser realizada com todas as classes citadas, se necessário.

O tratamento medicamentoso poderia ser com ISRS associado a benzodiazepínico. Na ausência de resposta, deve-se considerar as seguintes opções: novo ISRS; troca por ISRSN (venlafaxina); troca por ADT (nortriptilina); troca por anticonvulsivante (pregabalina). A associação ao benzodiazepínico pode ser realizada com todas as classes citadas, se necessário.

11. Qual é o motivo da falha terapêutica no tratamento da paciente do caso clínico?

Confira aqui a resposta

Ao se iniciar o tratamento medicamentoso, é comum uma piora transitória dos sintomas. Isso precisa ficar claro para os pacientes e familiares. É importante destacar que o paciente precisa de acompanhamento próximo nessa fase do tratamento.

Resposta correta.


Ao se iniciar o tratamento medicamentoso, é comum uma piora transitória dos sintomas. Isso precisa ficar claro para os pacientes e familiares. É importante destacar que o paciente precisa de acompanhamento próximo nessa fase do tratamento.

Ao se iniciar o tratamento medicamentoso, é comum uma piora transitória dos sintomas. Isso precisa ficar claro para os pacientes e familiares. É importante destacar que o paciente precisa de acompanhamento próximo nessa fase do tratamento.

Conclusão

O transtorno do pânico é caracterizado por ataques de pânico recorrentes e inesperados associados a diversas comorbidades psiquiátricas e não psiquiátricas. Seus sintomas imitam uma doença grave e, em idosos, seu diagnóstico diferencial pode ser extremante desafiador e exigir propedêutica mais extensa. O distúrbio está associado a um risco aumentado de comorbidades médicas, tabagismo, etilismo e suicídio.

O transtorno do pânico pode ser tão incapacitante quanto a depressão grave e deve ser considerado um grande problema de saúde. A terapia farmacológica e a TCC formam os pilares do tratamento, mas muitos pacientes continuam a apresentar sintomas que levam à má qualidade de vida.

Atividades: Respostas

Atividade 1 // Resposta: A

Comentário: Os sintomas físicos do ataque de pânico incluem: palpitações, batimentos cardíacos acelerados, sudorese, tremores, sensação de falta de ar ou sufocamento, desrealização (sensação de irrealidade) ou despersonalização (desapego de si mesmo), medo de perder o controle ou de enlouquecer e medo de morrer.

Atividade 2 // Resposta: D

Comentário: Os transtornos do pânico são mais comuns em mulheres e em indivíduos desempregados, divorciados/separados/viúvos, com menor escolaridade e baixa renda familiar.

Atividade 3 // Resposta: C

Comentário: O uso de psicoestimulantes e as síndromes de abstinência a medicamentos podem contribuir para sintomas de pânico. A idade de início do transtorno não é um fator determinante de gravidade.

Atividade 4 // Resposta: B

Comentário: O transtorno do pânico impacta diretamente a funcionalidade e a qualidade de vida dos pacientes e geralmente está associado a outras comorbidades médicas. A recorrência de sintomas é comum, e apenas 60% dos pacientes alcançam a remissão em seis meses.

Atividade 5 // Resposta: B

Comentário: As doses terapêuticas de ISRSs são aproximadamente as mesmas para o transtorno do pânico e para o tratamento da depressão.

Atividade 6 // Resposta: D

Comentário: Os benzodiazepínicos podem provocar efeitos adversos como sedação, fadiga, comprometimento psicomotor, prejuízo na memória e concentração e aumento do risco de quedas.

Atividade 7 // Resposta: C

Comentário: Para a população geriátrica, o ADT de escolha seria a nortriptilina, com base em sua menor propensão para induzir hipotensão postural e menor taxa de efeitos colaterais anticolinérgicos em comparação com outros ADTs.

Atividade 8 // Resposta: A

Comentário: A TCC consiste na modalidade de psicoterapia com maior grau de evidência na literatura, sendo recomendada como primeira linha de tratamento para todos os tipos de transtorno de ansiedade.

Atividade 9

RESPOSTA: O diagnóstico da paciente seria de transtorno do pânico, que possivelmente se sobrepôs ao quadro de ansiedade generalizada de curso crônico.

Atividade 10

RESPOSTA: O tratamento medicamentoso poderia ser com ISRS associado a benzodiazepínico. Na ausência de resposta, deve-se considerar as seguintes opções: novo ISRS; troca por ISRSN (venlafaxina); troca por ADT (nortriptilina); troca por anticonvulsivante (pregabalina). A associação ao benzodiazepínico pode ser realizada com todas as classes citadas, se necessário.

Atividade 11

RESPOSTA: Ao se iniciar o tratamento medicamentoso, é comum uma piora transitória dos sintomas. Isso precisa ficar claro para os pacientes e familiares. É importante destacar que o paciente precisa de acompanhamento próximo nessa fase do tratamento.

Referências

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Titulação das autoras

DEBORA PEREIRA THOMAZ // Especialista em Geriatria pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia/Associação Médica Brasileira (SBGG/AMB). Preceptora da Residência Médica em Geriatria do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (IPSEMG).

CAMILLA RAYANE DE PAULA // Residência em Clínica Médica pelo Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (IPSEMG). Especializanda em Geriatria pelo IPSEMG.

ISABEL MENDONÇA FIUZA // Residência em Clínica Médica pelo Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (IPSEMG). Especializanda em Geriatria pelo IPSEMG.

Como citar a versão impressa deste documento

Thomaz DP, Paula CR, Fiuza IM. Transtorno do pânico em idosos. In: Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia; Cabrera M, Cunha UGV, Moreira VG, organizadores. PROGER Programa de Atualização em Geriatria e Gerontologia: Ciclo 10. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2024. p. 61–81. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 3).

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