- Introdução
A doença de Cushing (DCdoença de Cushing) está associada ao aumento de morbidade e mortalidade entre 2 e 10 vezes acima da população normal.1,2 A doença cardiovascular constitui o principal fator associado à piora da qualidade e da expectativa de vida.3 O controle do hipercortisolismo está associado à melhora desses desfechos.1
O tratamento ideal da DCdoença de Cushing consiste no desaparecimento tumoral e na resolução do hipercortisolismo com restauração da fisiologia do eixo hipotálamo-hipófise adrenal. A única opção terapêutica capaz de proporcionar esse conjunto de resultados é a cirurgia hipofisária transesfenoidal (CTEcirurgia hipofisária transesfenoidal). Dessa maneira, a ressecção cirúrgica constitui, como regra geral, a primeira escolha terapêutica para a DCdoença de Cushing.4,5 Entretanto, a remissão cirúrgica da DCdoença de Cushing atinge, em bons centros, 60 a 90% do casos.1,5,6
Os pacientes sem remissão cirúrgica necessitarão de tratamento complementar para controle do hipercortisolismo. Além disso, a recidiva da DCdoença de Cushing após a remissão cirúrgica pode chegar a 25% ao longo de vários anos de seguimento.1 A abordagem para esses casos deve ser individualizada e pode incluir uma nova abordagem cirúrgica por cirurgião com experiência e/ou radioterapia, levando-se em consideração o atraso na resposta de 2 a 5 anos após a realização da radioterapia7,8 e o elevado risco de hipopituitarismo. Em situações de emergência ou de resgate, a adrenalectomia bilateral também é uma alternativa, devendo-se levar em conta a dependência crônica de glico e mineralocorticoide.1,7
- Objetivos
Após a leitura deste artigo, espera-se que o leitor possa:
- reconhecer o papel do tratamento medicamentoso no manejo da DCdoença de Cushing;
- indicar as diferentes classes de medicamentos utilizadas para controle do hipercortisolismo, seus mecanismos de ação e possíveis efeitos adversos;
- identificar e tratar as comorbidades associadas à DCdoença de Cushing.
- Esquema conceitual