Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- descrever os aspectos anatômicos e biomecânicos da articulação glenoumeral;
- conceituar e classificar as fraturas do úmero;
- identificar as fases do processo de consolidação óssea;
- reconhecer o processo de reabilitação funcional das fraturas proximais, diafisárias e distais do úmero;
- identificar as principais complicações clínicas e funcionais após fratura do úmero;
- discutir sobre os principais critérios para reabilitação cinético-funcional.
Esquema conceitual
Introdução
As fraturas umerais são responsáveis por 5 a 8% de todas as fraturas tratadas no corpo humano, podendo acontecer na região proximal, diafisária e distal.1
As fraturas proximais do úmero podem ser classificadas em fraturas de uma parte, duas partes, três partes ou até quatro partes e são caracterizadas pela lesão de um dos quatro segmentos da região proximal (tubérculo maior, tubérculo menor, colo anatômico ou colo cirúrgico) e representam 70% de todas as fraturas do membro superior.2,3
As fraturas diafisárias são aquelas localizadas no terço médio do úmero, no segmento distal ao colo cirúrgico e proximal ao epicôndilo, o que representa 1 a 2% de todas as fraturas que ocorrem no corpo humano e 14% de todas as fraturas do úmero.2,3
As fraturas distais são lesões que ocorrem em, aproximadamente, 2% de todas as fraturas localizadas no terço distal do úmero, considerada uma das lesões mais difíceis de tratar em razão da anatomia complexa e da forma multifragmentar, com maior incidência na população idosa acometida por osteoporose.3,4
Atualmente, existe uma escassez de estudos epidemiológicos sobre as fraturas umerais no Brasil, embora alguns dados mostrem que esse tipo de fratura é mais frequente no sexo feminino, com média de idade de 65 anos, e no sexo masculino, com média de idade de 47 anos. Nos pacientes do sexo feminino, a maioria se dá em decorrência de queda ao solo, enquanto, no sexo masculino, os mecanismos de lesão mais comuns são acidentes automobilísticos.5
O tratamento para esse tipo de lesão pode ser conservador ou cirúrgico. Os fatores que irão determinar qual a melhor escolha terapêutica serão as características da fratura (quantidade de fragmentos, localização [proximal, diafisária, distal]), o tipo de fratura (fechada/exposta), a experiência do cirurgião, além das características clínicas e individuais do paciente. A intervenção fisioterapêutica auxilia no processo de reabilitação em ambos os casos.6,7
O tratamento conservador visa imobilizar o segmento lesionado. Algumas estratégias são utilizadas para estabilizar as articulações, como gesso, imobilizadores e órteses funcionais, com o intuito de evitar angulações no foco da fratura e favorecer melhor a consolidação óssea. O tratamento cirúrgico é indicado quando o prognóstico de consolidação com a utilização do tratamento conservador não é possível de acontecer e são usadas placas de compressão dinâmicas/bloqueadas e, em alguns casos, fixadores externos.6,7 As estratégias e as abordagens fisioterapêuticas são discutidas no decorrer deste capítulo.