Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar as principais apresentações clínicas do trauma vascular;
- caracterizar os principais mecanismos de trauma associados à lesão vascular, seja no traumatismo fechado ou penetrante;
- identificar os principais sinais de lesão vascular em um exame físico estruturado;
- reconhecer os princípios do tratamento inicial e as principais técnicas no tratamento cirúrgico das lesões vasculares traumáticas;
- identificar o mecanismo de trauma associado, as características das lesões vasculares específicas e os princípios de seu tratamento.
Esquema conceitual
Introdução
A abordagem e o tratamento das lesões vasculares por trauma tiveram seu desenvolvimento associado à atuação médica em conflitos militares do último século. O trauma vascular é menos comum no ambiente civil, estando associado a 1 a 2% de lesões associadas a trauma; porém, é relacionado a uma maior mortalidade (20% das mortes por trauma).1
No Brasil, as causas externas são a principal causa de morte de jovens com menos de 40 anos de idade, e 80% desses pacientes são do sexo masculino.2 Apesar da evolução no atendimento pré-hospitalar, dos métodos diagnósticos e do desenvolvimento de técnicas menos invasivas de tratamento, as hemorragias permanecem como a segunda principal causa de mortalidade por trauma.3
Topograficamente, as lesões vasculares traumáticas acometem as extremidades em cerca de 45 a 50%, o tórax em 20 a 25%, o abdome/pelve em 20 a 25% e a região cervical em 5 a 10% dos casos.4
As estratégias para diagnóstico e tratamento do trauma vascular variam de acordo com a distribuição topográfica, e a abordagem dos pacientes deve seguir os protocolos do Advanced Trauma Life Support (ATLS) para identificação de lesões críticas e adequada ressuscitação desses pacientes.
As lesões penetrantes representam 75 a 80% das lesões vasculares periféricas (50 a 60% por armas de fogo), enquanto 5 a 25% são causadas por trauma fechado (associam-se a menos de 1% de todas as fraturas).1,5,6