- Introdução
Nas últimas décadas, mais marcadamente nos últimos anos, tem-se evidenciado o desenvolvimento de novas terapêuticas e a incorporação de avanços tecnológicos que causaram um enorme impacto na sobrevida de recém-nascidos de muito baixo peso (RNMBPs).
Se, na década de 1970, a sobrevivência de um recém-nascido (RNrecém-nascido) com menos de 1.000g era uma ocorrência rara (menos de 10% dos casos), hoje as taxas de sobrevida são superiores a 70%.1 A cada ano nascem cerca de 15 milhões de prematuros em todo o mundo, e o Brasil ocupa o 10º lugar na lista de países que apresentam os maiores números desses nascimentos.2
Conhecidas as complicações da manutenção de indivíduos em ventilação mecânica invasiva (VMIventilação mecânica invasiva), especialmente em RNrecém-nascidos e crianças (ulcerações, edema de mucosas, hemorragias, estenoses de traqueia, pneumonias associadas à VMIventilação mecânica invasiva, extubações acidentais, lesão de cordas vocais), a ventilação não invasiva (VNIventilação não invasiva) começou a ser instituída como opção terapêutica nesse contexto, seja para evitar a necessidade do uso da VMIventilação mecânica invasiva prolongada, seja para reduzir seu período de utilização.3
A VNIventilação não invasiva é definida como uma técnica que fornece um suporte ventilatório sem a necessidade de instituir uma via aérea artificial, como o tubo endotraqueal ou a traqueostomia.3 O suporte ventilatório não invasivo tem sido oferecido para manter a capacidade residual funcional e melhorar a complacência pulmonar e a oxigenação, por meio da pressão positiva contínua nasal (NCPAPpressão positiva contínua nasal) e da ventilação com pressão positiva intermitente nasal (NIPPVventilação com pressão positiva intermitente nasal), indicadas como suporte ventilatório inicial e após extubação.4-7
A NCPAPpressão positiva contínua nasal é utilizada por meio de aparelhos de ventilação pulmonar mecânica (VPMventilação pulmonar mecânica) e também de forma artesanal, por meio de selo d’água, ambos em respiração espontânea.8 A NIPPVventilação com pressão positiva intermitente nasal pode ser sincronizada com a inspiração do bebê ou não sincronizada, fornecida pelo aparelho. As pressões fornecidas, geralmente, são semelhantes às utilizadas durante o suporte ventilatório convencional.4
A VNIventilação não invasiva tem como objetivos:9-13
- facilitar as trocas gasosas;
- reduzir a fadiga muscular, com a diminuição do trabalho respiratório;
- reduzir a dispneia;
- melhorar a capacidade residual funcional;
- melhorar a ventilação alveolar;
- melhorar a complacência pulmonar.
- Objetivos
Após a leitura deste artigo, espera-se que o leitor seja capaz de:
- compreender a importância da VNIventilação não invasiva;
- identificar as vantagens e as desvantagens do uso da VNIventilação não invasiva: NCPAPpressão positiva contínua nasal x NIPPVventilação com pressão positiva intermitente nasal.
- Esquema conceitual