TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DOS SINTOMAS COGNITIVOS EM DEMÊNCIAS

Autores deste artigo

• CHRISTIANE MACHADO SANTANA

• SIMONE LESSA METZGER

• JONAS GORDILHO SOUZA

Resumo

Demência é uma condição sindrômica, em que há comprometimento das funções cognitivas, de caráter progressivo, o suficiente para interferir em atividades cotidianas, sociais e/ou profissionais. Existem muitas etiologias, a mais prevalente sendo a doença de Alzheimer, e a maioria delas cursa com alteração primordial da transmissão colinérgica, neurotransmissor que protagoniza as funções relacionadas à cognição, a exemplo de memória, gnosia, linguagem. Apesar de muitos avanços da ciência no conhecimento dessas doenças, bem como nos métodos diagnósticos que são cada vez mais precisos, são doenças para as quais não existe cura ou tratamento que modifique o caráter neurodegenerativo e progressivo da maioria delas. No entanto, existem recursos terapêuticos farmacológicos que, apesar de não interferirem no curso, levam à melhora sintomática e representam um importante pilar no cuidado aos pacientes acometidos por demência. Eles agem essencialmente inibindo a ação da colinesterase, enzima que degrada a acetilcolina na fenda sináptica em regiões corticais responsáveis pelas funções cognitivas. Uma segunda classe de medicamento, representada pela memantina, pode ser associada aos anticolinesterásicos ou usada em monoterapia em fase moderada a grave de demência. A memantina antagoniza a ação do glutamato nos receptores N-metil D-Aspartato, reduzindo o efeito excitatório que, no caso da demência de Alzheimer e da demência vascular, tem ação neurotóxica, somando dano neuronal e morte celular à patologia de base. Outras substâncias já foram testadas, mas nenhuma delas se provou eficaz no manejo dos sintomas cognitivos nas demências; mais recentemente, nos EUA, foram aprovadas três substâncias da classe dos anticorpos monoclonais: adecanumab, lecanemab e donanemab. Elas atuam reduzindo os depósitos de proteína β-amiloide em pacientes com doença de Alzheimer confirmada e em fase leve. Trata-se de um mecanismo de ação diferente dos experimentados até então, mas com resultados ainda controversos.

Palavras-chave

Transtornos neurocognitivos; Demência; Doença de Alzheimer; Inibidores da colinesterase; Memantina.