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Alcance da equidade cirúrgica — ação e reconhecimento

Maria Isabel Toulson Davisson Correia

epub-PROACI-C18V2_Artigo

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • discutir o conceito de equidade;
  • avaliar a equidade em cirurgia;
  • abordar o impacto da equidade sobre as ações do cirurgião;
  • propor ações para estimular a equidade cirúrgica.

Esquema conceitual

Introdução

O princípio de equidade é definido pela relação ao direito que cada indivíduo detém, independentemente da lei positiva, contemplando como base o que se considera justo.1 A equidade determina a integridade quanto ao proceder, opinar e julgar ou, ainda, a disposição para reconhecer imparcialmente, no direito de cada um, a equanimidade, a igualdade, a imparcialidade, a justiça e a retidão.1

De tal forma, o significado da palavra equidade é similar ao de igualdade. Contudo, o conceito de equidade é mais amplo, uma vez que, para alcançá-la, é necessário que se crie situação ou instrumento que possa propiciar a indivíduos, em situação desfavorável, atingir o mesmo objetivo. Em saúde, o conceito de equidade determina a ausência de disparidades sistemáticas como determinantes sociais entre grupos com níveis distintos de ação, atuação, cobertura, proteção e desempenho.

Em particular, em cirurgia, a discussão sobre a equidade deveria ser mais frequente, tanto para a atenção ao paciente como ao profissional cirurgião. As disparidades econômicas, raciais e de sexo/gênero impactam negativamente a vida de todos os envolvidos com essa terapêutica. A falta de equidade tanto social como de sexo/gênero ou ainda de hierarquia profissional interfere, de forma direta, no desempenho do(a) cirurgião(ã).

No tocante ao aspecto social, a discrepância econômica determina a possibilidade de uso de materiais que poderiam estar associados a melhores técnicas e a resultados cirúrgicos, o que interfere na atenção ao paciente. Por outro lado, em se considerando sexo/gênero, em especial, do profissional cirurgião, há nítida influência sobre o desempenho e a satisfação, quando esses atributos são avaliados. As mulheres tendem a se sentir mais pressionadas na profissão, além da maior percepção de assédio.

Estimular a equidade em cirurgia perpassa primeiramente por reconhecer que há desigualdade em ações que contemplam questões raciais, de sexo e de status econômico dos pacientes, assim como abordagens distintas entre profissionais cirurgiões para temas similares.2 Assim, é essencial estar atento para as disparidades no momento de discutir o método científico quando se avaliam populações de estudos com predominância de determinada classe social ou sexo.

No quesito profissional, assumir que a falta de cirugiãs que representem a liderança e o exemplo para as mais jovens é a primeira etapa que poderá estimular entidades a dar mais oportunidades a mulheres líderes em cirurgia.

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