- Introdução
A anemia é uma condição clínica comum em pacientes graves internados em unidades de terapia intensiva (UTIunidades de terapia intensiva). O efeito fisiopatológico da anemia deve-se à redução do conteúdo arterial de oxigênio (CaO2conteúdo arterial de oxigênio), com consequente potencial prejuízo na oferta de oxigênio (DO2oferta de oxigênio) aos órgãos e tecidos, com possibilidade de disóxia celular e comprometimento orgânico, complicações e óbito.
Como medida terapêutica, seria óbvio pensar que a transfusão de hemácias com correção da anemia pudesse reduzir complicações e óbito, porém as evidências da literatura não confirmam essa lógica de uma maneira geral. Em diferentes cenários clínicos, há distintas respostas à transfusão de hemocomponentes e também riscos de complicações e óbito inerentes à transfusão.
Portanto, quando os mecanismos fisiológicos de “compensação” são insuficientes para manter uma relação adequada entre a DO2oferta de oxigênio e o consumo de oxigênio (VO2consumo de oxigênio) tecidual, a transfusão passa a ser uma possibilidade terapêutica, e esse nível de hemoglobina (Hbhemoglobina) é chamado de “gatilho transfusional”. Definir esse “gatilho” é um grande desafio diário no cuidado do paciente crítico.
- Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- definir o perfil epidemiológico do paciente anêmico na UTIunidades de terapia intensiva;
- descrever a etiologia e, principalmente, as causas evitáveis de anemia em UTIunidades de terapia intensiva;
- identificar a fisiopatologia das complicações decorrentes da anemia;
- definir as principais complicações relacionadas à transfusão de hemocomponentes (hemácias);
- listar as atuais evidências de gatilhos transfusionais em diferentes situações comuns à terapia intensiva.
- Esquema conceitual