- Introdução
A ultrassonografia (USGultrassonografia) é um método de imagem diagnóstico utilizado desde a segunda metade do século XX, inicialmente para a avaliação de órgãos sólidos, desprovidos de ar em sua estrutura. Porém, a partir dos anos 1990, em especial na última década, a ultrassonografia pulmonar (USG-Pultrassonografia pulmonar) está se tornando uma ferramenta cada vez mais usada em cuidados intensivos, em função da padronização e da racionalização na interpretação dos artefatos ultrassonográficos criados pela presença de ar e/ou de líquido no parênquima pulmonar, o que deu impulso a essa nova aplicação da USGultrassonografia.
A implantação da USG-Pultrassonografia pulmonar no ambiente de terapia intensiva passa, didaticamente, por uma série de processos, sendo o primeiro a parte de caracterização de imagens nas diversas patologias, o segundo para a comparação com as outras ferramentas diagnósticas e, finalmente, chegando para os protocolos de terapêuticas guiadas por esse exame.
Estudos já evidenciaram que a USG-Pultrassonografia pulmonar pode ser utilizada como ferramenta diagnóstica em pacientes que apresentam sinais ou sintomas de insuficiência respiratória com alta sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de edema pulmonar, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOCdoença pulmonar obstrutiva crônica) ou asma, pneumotórax e pneumonia. Há evidência de superioridade desse método, se comparado ao exame físico e à radiografia nessas patologias, e, muitas vezes, mais disponível que a tomografia computadorizada (TCtomografia computadorizada) de tórax em alguns serviços.
Existem, ainda, as vantagens de a USG-Pultrassonografia pulmonar não necessitar do transporte do paciente a outro setor do hospital, a possibilidade de realização de exames múltiplos para o acompanhamento terapêutico, a ausência de radiação e o baixo custo.
As imagens em USG-Pultrassonografia pulmonar não requerem um probe específico, são utilizados o probe vascular (5 a 8MHz) e o abdominal (3 a 5MHz) do aparelho de ultrassom. O vascular tem a vantagem de melhor definição de imagem e a desvantagem da dificuldade de visualização em pacientes com maior espessura de tecido subcutâneo, nos quais o feixe ultrassonográfico precisa de uma penetração maior. Já o abdominal, antagonicamente, não forma uma imagem tão nítida; entretanto, apresenta menos dificuldade em relação à espessura da pele.
O posicionamento (a localização da colocação) do probe varia conforme protocolos; porém, em comum, todos são feitos de forma a não se esquecer de realizar imagens nas regiões anterior e posterior em cada hemitórax. Segue a orientação das áreas de realização de imagem de acordo com o APECHO Study,1 que recomenda a realização em 12 pontos, 6 em cada hemitórax, como demonstrado na Figura 1A–C.
Figura 1 — A–C) Usando como limites a linha paraesternal (LPE), a linha axilar anterior (LAA), a linha axilar posterior (LAP) e a linha paravertebral (LPV), dividiu-se cada hemitórax em região anterior, lateral e posterior. A divisão entre superior e posterior não é tão bem definida por causa das alterações anatômicas.
Fonte: Cedida por Jean-Jacques Rouby.
- Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- descrever o desenvolvimento da USG-Pultrassonografia pulmonar na terapia intensiva;
- reconhecer os padrões de imagem em USG-Pultrassonografia pulmonar;
- correlacionar a USG-Pultrassonografia pulmonar com os outros exames;
- correlacionar os padrões com as patologias encontradas nas unidades de terapia intensiva (UTIunidades de terapia intensiva);
- fazer o uso prático da USG-Pultrassonografia pulmonar no ambiente de terapia intensiva;
- analisar a curva de aprendizado na USG-Pultrassonografia pulmonar.
- Esquema conceitual