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ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES ATLETAS

Autores: Silvana Vertematti, Flavia Meyer
epub-BR-PROEMPED-C8V1_Artigo5

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • reconhecer o atendimento (ABCDE) de emergência no campo de jogo/treinamento;
  • reconhecer as particularidades das emergências esportivas na criança e no adolescente;
  • identificar os tipos de emergências e os respectivos tratamentos;
  • discutir os cuidados após o tratamento;
  • indicar os serviços especializados pertinentes para encaminhamento de crianças/adolescentes lesionados em atividades esportivas.

Esquema conceitual

Introdução

Clinicamente, a definição de atividade física é qualquer movimento produzido pelos músculos esqueléticos que resulta em gasto de energia.1

A atividade física pode ser categorizada como ocupacional, esportiva, de cuidados diários ou qualquer outra atividade.1 Em crianças, a atividade física por meio de brincadeiras é uma forma de expressão e desenvolvimento. A diversão por meio dessa atividade é o fator de maior inserção e manutenção da execução dos movimentos. São inequívocos os ganhos no condicionamento físico e os benefícios psicológicos e sociais decorrentes da atividade física em crianças e adolescentes.

Condicionamento físico é um conjunto de atributos relacionados à melhora das habilidades associadas a saúde e desempenho, que pode ser mensurado por meio de testes físicos específicos realizados por profissionais habilitados.1

Exercício físico é uma atividade física planejada, estruturada dentro do contexto esportivo e social, por meio de repetições lógicas e organizadas, com o objetivo de ganhar e manter o condicionamento físico. Atleta competitivo é aquele que participa de um time organizado ou esporte individual que requer treinamento sistemático e competições regulares visando a um objetivo, seja ele prêmio ou excelência na modalidade.2,3

As emergências em crianças e adolescentes atletas durante os treinamentos ou nas competições variam de leves-moderadas até muito graves, incluindo fatalidades.4

Os fatores de risco para emergências podem estar relacionados ao tipo de esporte, ao estresse ambiental e aos equipamentos/uniformes (extrínsecos) ou relacionados a fatores individuais (intrínsecos), seja por questões biológicas ou pela presença de alguma condição (doença) crônica.

Mesmo que as ações preventivas sejam a prioridade na promoção de treinamentos e competições seguras,5,6 a equipe de profissionais (pediatras, organizadores, treinadores) deve estar preparada e prontamente acessível para identificar o tipo de comprometimento e a gravidade do quadro clínico, bem como eficientemente atender a tais emergências.7

As lesões relativas ao esporte correspondem a 8% de todos os atendimentos de emergência pediátrica nos Estados Unidos. Considerando-se os desfechos, 40% das lesões que se tornam crônicas em indivíduos entre 6 e 18 anos são relacionadas ao esporte. Entre as mais importantes, destacam-se:8

  • fraturas no crânio;
  • hemorragias intracranianas;
  • pneumotórax traumático;
  • laceração do fígado e do baço;
  • comottio cordis.

As lesões cerebrais traumáticas e a parada cardiorrespiratória (PCR) lideram as causas de morte em jovens atletas, e aproximadamente 25% das fraturas da coluna cervical nesse grupo etário são decorrentes do esporte.8

É fundamental que os treinadores, professores e pais estejam cientes das emergências no esporte para atuarem na identificação/informação de possíveis riscos e na logística para o atendimento médico.

Em qualquer emergência durante a prática esportiva, é fundamental ter pessoal treinado em primeiros socorros disponível e preparado para acionar ajuda profissional, se necessário. Promover um ambiente seguro e consciente é essencial para garantir que crianças e adolescentes desfrutem dos benefícios do esporte enquanto se minimizam os riscos de lesões e emergências.

Atendimento de emergência no campo de jogo/treinamento

A avaliação e a estabilização são essenciais no atendimento inicial e básico de ocorrências em campo com crianças e adolescentes. A identificação imediata da questão médica facilita o rápido tratamento e determina os pontos iniciais da terapia.

O famoso ABCDE mostrado no Quadro 1 deve ser aplicado de forma sistemática a fim de não retardar a assistência correta e evitar a piora das lesões e suas repercussões.

QUADRO 1

ABCDE DO ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA NO ESPORTE

A

Vias aéreas e proteção cervical

B

Respiração

C

Circulação

D

Avaliação do estado neurológico

E

Controle do ambiente externo e exposição do atleta para melhor avaliação

// Fonte: Adaptado de Vopat e Micheli.8

Considerações gerais

Nas emergências médicas e traumáticas da população pediátrica, a manutenção das vias aéreas é o item de maior prioridade. Os pacientes são suscetíveis a sofrerem com problemas para manter a permeabilidade das vias aéreas em razão de suas particularidades anatômicas e fisiológicas, podendo, consequentemente, ter a ventilação e a oxigenação comprometidas.

A maior quantidade de tecidos moles na orofaringe (língua e tonsilas) pode ocasionar obstruções. Ao se ajustar a mandíbula e alinhar a coluna cervical para imobilização, já ocorre o ajuste do excesso de tecidos na orofaringe, o que ajuda na liberação das vias aéreas.8

A colocação do colar cervical rígido, com atenção ao tamanho do atleta, é importante para evitar hiperextensão, mobilização e flexão do pescoço, que poderiam prejudicar as lesões e aumentar as complicações.

A assistência às vias aéreas e a proteção à coluna cervical, mantendo-se, assim, oxigenação, ventilação e suporte cardiovascular, deve durar em torno de 10 segundos. Em seguida, para avaliar o comprometimento das vias aéreas e o nível de consciência, tenta-se a comunicação, solicitando para o jovem atleta se identificar e analisando se ele consegue falar claramente e descrever o que aconteceu.8,9

Hipoxia é a causa mais comum de PCR na faixa etária pediátrica, e sua gravidade preocupa especialmente em um atleta com lesão na cabeça. Se a respiração for inadequada e o equipamento estiver disponível, a ventilação com bolsa-válvula-máscara deve ser iniciada. Deve-se ter cuidado para evitar ventilação excessiva. Volumes correntes excessivos podem causar barotrauma, e a hiperventilação pode piorar a isquemia e os desfechos, principalmente em casos de traumatismo craniencefálico.8

A avaliação da circulação inclui avaliar o pulso e a perfusão enquanto se controla qualquer sinal de hemorragia. A pressão arterial baixa é menos útil para identificação de choque em crianças/adolescentes do que em adultos, pois os atletas jovens têm maior reserva fisiológica, o que permite a manutenção da pressão arterial normal mesmo na presença de choque.

Quanto a questões ambientais, a temperatura pode afetar a avaliação da perfusão por enchimento capilar, bem como a cor e a temperatura da pele; portanto, esses parâmetros são pouco confiáveis em determinadas situações. O nível de consciência é uma estimativa eficaz da perfusão central, exceto em casos de traumatismo craniano.8,10

O cérebro pediátrico é particularmente suscetível a lesões. Durante a pesquisa primária, o objetivo é avaliar o nível geral da lesão até que haja mais tempo para uma análise aprofundada, o que é conseguido com mais propriedade examinando-se o nível de consciência.8

São considerados não responsivos aqueles atletas não totalmente alertas que respondem ou não ao estímulo de voz e ao estímulo de dor — o que é mais provável que seja devido a trauma, mas pode haver outras causas perigosas (hemorragia subaracnóidea, arritmias cardíacas, hipoglicemia etc.). Em seguida, deve-se proceder à avaliação do tamanho e da reatividade da pupila e à avaliação geral do movimento e da sensação em cada extremidade para identificar possível lesão na medula espinhal.8

A Escala de Coma de Glasgow (ECG) é um método rápido, objetivo e reprodutível de definir o nível de consciência e o estado neurológico de uma criança. Uma pontuação de 13 a 15 pode indicar lesão cerebral leve, enquanto pontuações inferiores a 12 podem ser devidas a lesões cerebrais graves e são preditivas de pior resultado.

O componente final da avaliação primária inclui despir o paciente para garantir uma avaliação minuciosa. O paciente deve então ser envolvido com cobertores quentes para manter uma temperatura corporal normal após a avaliação.

O metabolismo mais elevado, a pele fina e a falta de tecido subcutâneo no paciente pediátrico podem contribuir para a perda de calor. Além de cobertores, aquecedores e líquidos quentes podem ser necessários para preservar o aquecimento do corpo. A privacidade e a confidencialidade devem ser mantidas durante a exposição, sobretudo no atleta adolescente.8

Se um jogador cair no chão, especialmente sem contato, o reconhecimento imediato e o tratamento são fundamentais para a sobrevivência. Qualquer atleta que caia sem contato e não responda deve ser considerado acometido por um problema cardíaco ou condição cardiovascular e, se não estiver respirando, em parada cardíaca.10

Se o jovem atleta não responder e respirar de forma anormal, a reanimação cardiopulmonar (RCP) deve ser iniciada imediatamente enquanto o desfibrilador externo automático (DEA) estiver sendo providenciado.8,10 Iniciam-se 30 compressões torácicas a uma taxa de 100 compressões por minuto seguidas de duas ventilações, com repetição em ciclos de 2 minutos.10

A RCP somente com as mãos é uma alternativa aceitável para o socorrista leigo sem treinamento em ventilação. Uma vez que um DEA estiver disponível, as pás devem ser colocadas no peito. As instruções do DEA devem ser seguidas, e a RCP deve ser mantida.

Assim que possível, o atleta deve ser removido do campo de jogo para o ambiente de emergência, sem que se espere pelo retorno da circulação espontânea, sendo essencial a transferência direta para o hospital.10 A Figura 1 ilustra o fluxograma/algoritmo do atendimento de emergência pediátrica em campo baseada no Suporte Básico de Vida (em inglês, Basic Life Support [BLS]).

DEA: desfibrilador externo automático; RCP: reanimação cardiopulmonar.

FIGURA 1: Atendimento de emergência em pediatria. // Fonte: Adaptado de Topjian e colaboradores.10

Categorias das emergências em crianças e adolescentes atletas

Para fins didáticos, é possível categorizar as emergências em cinco áreas:

  • lesões musculoesqueléticas;
  • emergências cardiovasculares;
  • lesões neurológicas;
  • lesões causadas pelo esforço no calor (hipertermia) e desequilíbrios hidreletrolíticos;
  • distúrbios induzidos pelo esforço por alguma condição/suscetibilidade crônica (doença crônica).

Lesões musculoesqueléticas

Lesões musculoesqueléticas esportivas em crianças e adolescentes são comuns em razão da participação ativa em esportes e atividades físicas. Essas emergências podem incluir

  • fraturas;
  • luxações;
  • entorses;
  • lesões de tecidos moles.

É essencial saber como identificar, tratar e prevenir essas lesões para minimizar o impacto e garantir uma recuperação rápida e segura.

A suscetibilidade para as lesões pode estar ligada a mudanças hormonais relacionadas ao processo de maturação biológica, combinadas ao estirão de crescimento e a alterações nas dimensões e composição corporais, além do controle neuromuscular em desenvolvimento. Esta compreensão é necessária por parte das equipes interdisciplinares assistentes para que sejam criados programas preventivos para diminuir a prevalência de lesões.11-14

Tipos

Fraturas ósseas podem ocorrer em razão de quedas, impactos diretos ou movimentos bruscos durante a prática esportiva. É importante reconhecer os sinais de uma fratura, como estes:

  • inchaço;
  • deformidade;
  • dor intensa e incapacidade de mover a área afetada.

Nessas situações, deve-se procurar atendimento médico imediatamente. Enquanto se aguarda socorro, é essencial imobilizar a área afetada usando técnicas apropriadas de imobilização.

As fraturas ósseas podem ser:

  • fraturas em galho verde — o osso dobra e quebra parcialmente; ocorrem frequentemente em crianças;
  • fraturas completas — o osso é quebrado em duas ou mais partes;
  • fraturas de placa de crescimento (fise) — a placa de crescimento é afetada, o que pode impactar o crescimento futuro do osso.

Luxações consistem na perda da congruência articular quando ocorre o deslocamento de um osso da sua posição normal na articulação. São comuns em ombros, cotovelos, dedos e joelhos. Uma luxação ocorre quando um osso se move para fora de sua articulação, o que pode resultar em

  • dor intensa;
  • inchaço;
  • deformidade visível na área afetada.

Em casos de luxação, é importante que o realinhamento seja feito por um profissional treinado e em ambiente adequado, de preferência, hospitalar e, se possível, após realização de radiografia para afastar fraturas associadas.

Entorses são lesões nos ligamentos que conectam os ossos nas articulações, enquanto distensões são lesões nos músculos ou nos tendões. Ambas podem ocorrer durante atividades esportivas em razão de movimentos bruscos, quedas ou excesso de alongamento.

O tratamento inicial de entorses e distensões geralmente envolve repouso, aplicação de gelo, compressão, elevação (método RICE — acrônimo em inglês de rest, ice, compression, elevation) e, em alguns casos, imobilização temporária da área afetada.

Lesões de tecidos moles incluem:

  • contusões — hematomas causados por impacto direto;
  • lacerações — cortes profundos que podem envolver tendões e músculos.

Lesões na cartilagem articular ou nos meniscos do joelho são comuns em esportes que envolvem movimentos de torção ou impacto direto no joelho, como futebol, basquete e ginástica.

O tratamento de lesões na cartilagem articular ou nos meniscos pode variar de fisioterapia para fortalecer os músculos ao redor do joelho até cirurgia em casos mais graves.

Atividades esportivas intensas e repetitivas podem levar a lesões por sobrecarga muscular, como síndrome do estresse tibial medial (popularmente conhecida como canelite) ou tendinopatias.

O tratamento de lesões por sobrecarga muscular geralmente envolve descanso, alongamento e fortalecimento muscular, além de modificações na prática esportiva para evitar o excesso de estresse na área afetada.

Avaliação e diagnóstico

Os sintomas que caracterizam as lesões musculoesqueléticas são os seguintes:

  • dor intensa no local da lesão;
  • inchaço e edema;
  • deformidade visível;
  • dificuldade ou incapacidade de mover a área afetada;
  • hematomas ou descoloração da pele;
  • sensação de formigamento ou dormência.

O exame físico consiste na avaliação da área afetada para verificar dor, inchaço, deformidade e função. São imagens radiológicas indicadas:

  • radiografia — consiste na primeira linha para diagnosticar fraturas e luxações;
  • ressonância magnética (RM) — é indicada para avaliação de lesões de tecidos moles e fraturas ocultas;
  • tomografia computadorizada (TC) — possibilita detalhamento adicional para fraturas complexas;
  • ultrassonografia (USG) — pode ser útil em certos tipos de lesões de tecidos moles e na avaliação de derrames articulares.

Tratamento

As etapas que compõem o tratamento de lesões musculoesqueléticas são descritas a seguir.

Atendimento inicial

O atendimento inicial de pacientes com lesões musculoesqueléticas conta com as seguintes medidas:

  • ABCDE e identificação da lesão;
  • protocolo RICE;
  • retirada do campo;
  • aplicação de gelo local com cuidados para não queimar a pele;
  • imobilização inicial;
  • encaminhamento para avaliação do especialista.
Atendimento específico

O atendimento específico de lesões musculoesqueléticas é apresentado no Quadro 2.

QUADRO 2

ATENDIMENTO ESPECÍFICO DE LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS

AÇÃO

DESCRIÇÃO

Imobilização

  • Gesso ou tala — material para estabilizar fratura ou lesão.
  • Órteses — dispositivos removíveis para suporte e imobilização.

Redução

  • Fechada — consiste na manipulação manual para reposicionar ossos deslocados ou fraturados.
  • Aberta (cirúrgica) — é necessária quando a redução fechada não é suficiente.

Cirurgia

  • Fixação interna — placas, parafusos ou hastes para estabilizar ossos fraturados.
  • Fixação externa — dispositivos externos para estabilização óssea.

Reabilitação

  • Fisioterapia — essencial para recuperar força, mobilidade e função.
  • Terapia ocupacional — indicada para lesões que afetam a capacidade funcional diária.

Prevenção

É importante enfatizar a necessidade de

  • aquecimento adequado;
  • uso de equipamentos de proteção adequados;
  • técnica apropriada;
  • descanso adequado entre as atividades físicas.

A supervisão de treinadores e profissionais de saúde qualificados durante a prática esportiva pode ajudar a identificar qualquer lesão ortopédica emergente e nela intervir precocemente.11-14

A prevenção de lesões musculoesqueléticas requer:

  • equipamentos de proteção — uso de capacetes, joelheiras, cotoveleiras e outros equipamentos de proteção adequados ao esporte praticado;
  • treinamento adequado — instrução correta sobre técnicas esportivas e aquecimento adequado antes das atividades;
  • supervisão de adultos durante a prática esportiva para garantir a segurança;
  • ambiente seguro — garantir que os locais de prática esportiva estejam em condições seguras, sem obstáculos ou superfícies perigosas.

O atendimento imediato das lesões musculoesqueléticas em crianças e adolescentes exige atenção rápida e adequada para minimizar complicações e promover a recuperação. Reconhecer precocemente os sintomas, determinar um diagnóstico preciso e iniciar o tratamento imediato são etapas fundamentais. Além disso, medidas preventivas, como o uso de equipamentos de proteção e o treinamento adequado, são essenciais para reduzir a incidência dessas lesões e garantir um ambiente seguro para a prática esportiva.15-17

Emergências cardiovasculares

As principais emergências cardiovasculares em crianças e adolescentes são

  • morte súbita;
  • trauma direto no tórax (comottio cordis);
  • síncope;
  • palpitações e mal-estar;
  • PCR.

Morte súbita

A morte súbita, por definição, é a morte que ocorre inesperadamente, sem sinais de trauma ou outras causas externas, em até 1 hora (ou nas primeiras 24 horas) após o início dos sintomas.

A morte súbita é relacionada ao esporte quando ocorre dentro de 1 hora após exercícios de moderada a alta intensidade. Em 60% dos casos, ocorre durante o esforço físico, configurando-se como evento trágico quando acontece com jovens atletas.18,19

Trata-se de um evento raro, acometendo 1:100 mil a 1:300 mil atletas/ano; porém há dificuldade para obter dados brasileiros em razão da subnotificação de registros oficiais, pois menos de 60% dos casos são devidamente registrados. Os dados revelam que a condição é três a nove vezes maior no sexo masculino, com risco superior nos afrodescendentes, fundistas e atletas de basquetebol e futebol.18,19

Em 80% dos casos, a morte súbita é causada por taquiarritmia ventricular; o restante, por assistolia ou bradicardia. Os substratos morfológicos envolvidos para desencadear alterações do ritmo consistem na hipertrofia cardíaca com alterações hemodinâmicas, alterações estruturais das fibras cardíacas, fibrose e necrose miocárdicas. Esses substratos morfológicos diante de alterações hidreletrolíticas, hemodinâmicas e catecolaminas circulantes, assim como alterações e doenças genéticas com potenciais arritmogênicos são os responsáveis pelo gatilho fisiopatológico da morte súbita relacionada ao esporte.18-22

As causas de morte súbita relacionada ao esporte são divididas pela idade: inferior e superior aos 35 anos. A morte súbita em pacientes com idade inferior a 35 anos, em que se insere a faixa etária pediátrica aqui em questão, é causada por condições cardiovasculares, incluindo cardiomiopatias e canalopatias geneticamente herdadas, cardiopatias congênitas e condições adquiridas.20-24

São as causas mais comuns entre as condições geneticamente herdadas:

  • cardiomiopatia hipertrófica;
  • cardiomiopatia arritmogênica do ventrículo direito;
  • origem anômala das artérias coronárias;
  • doenças do ritmo cardíaco (síndrome do QT longo, síndrome de Brugada).

Como outras causas e causas adquiridas com grande importância, citam-se:21-23,25-27

  • síndrome de Wolf-Parkinson-White;
  • alterações cardiovasculares da síndrome de Marfan;
  • hipertensão arterial sistêmica;
  • complicações arrítmicas das miocardites.

Comottio cordis

Comottio cordis é definido como uma morte súbita desencadeada por um golpe repentino no precórdio, o que é mais comum em crianças e adolescentes que têm paredes torácicas flexíveis.24

Uma série de experimentos indica que, golpes precordiais no início da onda T no ciclo cardíaco podem resultar em fibrilação ventricular e parada cardíaca. Em um estudo recente do Reino Unido sobre uma grande coorte de adolescentes que morreram repentinamente, o commottio cordis foi a causa atribuída de morte em 1% dos casos e foi mais comum em atletas (5% em comparação com 1% em não atletas).24

Outra questão é o uso de substâncias que supostamente melhoram o desempenho. cada vez mais relatado em atletas, inclusive entre os adolescentes. As substâncias dopantes são de vários tipos e são classificadas de acordo com a Organização Mundial Antidopagem/Código Mundial Antidopagem. Alguns dos agentes mais comumente usados incluem esteroides anabólicos androgênicos (EAAs), estimulantes e moduladores de transporte de oxigênio. Os EAAs podem levar a:24

  • hipertrofia do ventrículo esquerdo (HVE);
  • aterosclerose prematura;
  • hipertensão;
  • infarto do miocárdio precoce.

A mortalidade entre atletas que abusam de EAAs é estimada em número seis vezes maior do que em atletas que não fazem uso de tais substâncias, e cerca de 30% dessas mortes podem ser atribuídas a doenças cardiovasculares. Estimulantes como a efedrina podem causar hipertensão, tremores e palpitações. A eritropoetina humana estimula a produção de hemoglobina, resultando em aumento de hematócrito e melhor desempenho atlético; porém, expõe o atleta a efeitos deletérios em razão de uso inadequado.24

Sintomas e sinais de alerta

Os sinais e sintomas de alerta associados a emergências cardiovasculares são estes:

  • dor torácica durante ou após o exercício;
  • desmaios (síncope) inexplicáveis, especialmente durante a atividade física;
  • palpitações ou sensação de batimentos cardíacos irregulares;
  • fadiga extrema ou falta de ar desproporcional ao nível de atividade.

Avaliação e diagnóstico

Como medida preventiva inicial de emergências cardiovasculares, recomenda-se a avaliação pré-participação esportiva (APPE), exame clínico do atleta ou de praticantes de atividade física que visa a detectar possíveis anormalidades clínicas e cardíacas, muitas delas silenciosas, que podem levar ao afastamento temporário ou definitivo do esporte e, em alguns casos, até à morte súbita. Apresenta grande importância para os atletas competitivos no intuito de identificar se as alterações encontradas são estruturais ou adaptações funcionais próprias decorrentes do treinamento.

Em até 90% das vezes, é possível identificar risco de morte súbita em situações de alterações cardíacas detectáveis pela sistemática do exame aplicada aos riscos inerentes de cada faixa etária. Esses dados foram identificados principalmente nos estudos italianos, como a coorte clássica de Corrado e colaboradores, e pela introdução da obrigatoriedade de exames complementares como forma de lei para atletas de alto rendimento.21,22

A APPE é um conjunto de medidas médicas que envolvem exame físico e exames complementares pertinentes, visando ao diagnóstico de potenciais situações clínicas que podem impor risco à prática de exercícios físicos de alta intensidade e competitivos de alto rendimento.

Crianças e adolescentes com doenças crônicas que desejam se engajar em exercícios nessas condições devem ter cuidados e avaliações específicas de acordo com as características de cada patologia.

Essa sistemática clínica é recomendada pela American Heart Association (AHA), pela European Society of Cardiology (ESC) e pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).18-22 No mundo, há vários protocolos referentes à faixa etária pediátrica, e a grande discussão se faz em relação ao custo-efetividade dos exames em uma população em que existem riscos, como já demonstrado por Corrado e colaboradores, que indicaram haver 2,5 mais riscos de morte súbita em jovens atletas seguindo as causas já elencadas anteriormente.20-22

O eletrocardiograma auxilia no diagnóstico de doenças como miocardiopatia hipertrófica, síndrome do QT longo, síndrome de Brugada, síndrome de Wolf-Parkinson-White e de pré-excitação, bem como displasia do ventrículo direito, além das alterações que podem ser características de cardiopatias congênitas e miocardite.20,23,24,26,27

Tanto no Brasil quanto na Itália, é recomendada a realização obrigatória do exame clínico, com exame físico e anamnese, e do eletrocardiograma. Os demais exames têm sua pertinência de acordo com as alterações patológicas encontradas no exame clínico e no eletrocardiograma. Para atletas jovens, especialmente aqueles com histórico familiar de doenças cardíacas ou sintomas suspeitos, uma avaliação cardiológica é crucial, o que pode incluir:

  • ecocardiograma;
  • teste ergométrico;
  • teste cardiopulmonar de exercício;
  • Holter de 24 horas;
  • RM cardíaca.

Prevenção e gestão

A prevenção e a gestão de emergências cardiovasculares incluem:

  • exames pré-participação — realizar avaliações médicas antes de iniciar atividades esportivas competitivas;
  • educação — garantir que treinadores, pais e atletas estejam cientes dos sinais de alerta e da importância de buscar atendimento médico;
  • DEAs — disponibilizar DEAs em locais de práticas esportivas e treinar pessoal em seu uso;
  • plano de emergência — desenvolver e praticar planos de ação de emergência para eventos cardíacos súbitos.

A conscientização sobre os potenciais problemas cardiológicos em jovens atletas é fundamental para prevenir eventos adversos graves. A avaliação médica adequada, juntamente com medidas de prevenção e a preparação para emergências, pode salvar vidas.

ATIVIDADES

1. Sobre os conceitos associados à atividade física, observe as afirmativas.

I. A atividade física é definida como qualquer movimento produzido pelos músculos esqueléticos que resulta em gasto de energia.

II. O condicionamento físico é uma atividade física planejada, estruturada dentro do contexto esportivo e social, com repetições lógicas e organizadas.

III. O atleta competitivo é aquele que participa de um time organizado ou esporte individual que requer treinamento sistemático e competições regulares visando a um objetivo, seja ele prêmio ou excelência na modalidade.

Qual(is) está(ão) correta(s)?

A) Apenas a I e a II.

B) Apenas a II.

C) Apenas a I e a III.

D) Apenas a III.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".


O exercício físico é uma atividade física planejada, estruturada dentro do contexto esportivo e social, por meio de repetições lógicas e organizadas, com o objetivo de ganhar e manter o condicionamento físico, que consiste em um conjunto de atributos relacionados à melhora das habilidades associadas a saúde e desempenho, que pode ser mensurado por meio de testes físicos específicos realizados por profissionais habilitados.

Resposta correta.


O exercício físico é uma atividade física planejada, estruturada dentro do contexto esportivo e social, por meio de repetições lógicas e organizadas, com o objetivo de ganhar e manter o condicionamento físico, que consiste em um conjunto de atributos relacionados à melhora das habilidades associadas a saúde e desempenho, que pode ser mensurado por meio de testes físicos específicos realizados por profissionais habilitados.

A alternativa correta é a "C".


O exercício físico é uma atividade física planejada, estruturada dentro do contexto esportivo e social, por meio de repetições lógicas e organizadas, com o objetivo de ganhar e manter o condicionamento físico, que consiste em um conjunto de atributos relacionados à melhora das habilidades associadas a saúde e desempenho, que pode ser mensurado por meio de testes físicos específicos realizados por profissionais habilitados.

2. Com relação ao atendimento de emergência no campo de jogo/treinamento, assinale a alternativa correta.

A) Nas emergências médicas e traumáticas da população pediátrica, a avaliação do estado neurológico é o item de maior prioridade.

B) A colocação do colar cervical rígido, com atenção ao tamanho do atleta, é importante para evitar hiperextensão, mobilização e flexão do pescoço.

C) A hipovolemia é a causa mais comum de PCR na faixa etária pediátrica, e sua gravidade preocupa especialmente em um atleta com lesão na cabeça.

D) Uma pontuação de 10 a 15 na ECG pode indicar lesão cerebral leve, enquanto pontuações inferiores a 9 podem ser devidas a lesões cerebrais graves e são preditivas de pior resultado.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".


Nas emergências médicas e traumáticas da população pediátrica, a manutenção das vias aéreas é o item de maior prioridade. A hipoxia é a causa mais comum de PCR na faixa etária pediátrica, e sua gravidade preocupa especialmente em um atleta com lesão na cabeça. Uma pontuação de 13 a 15 na ECG pode indicar lesão cerebral leve, enquanto pontuações inferiores a 12 podem ser devidas a lesões cerebrais graves e são preditivas de pior resultado.

Resposta correta.


Nas emergências médicas e traumáticas da população pediátrica, a manutenção das vias aéreas é o item de maior prioridade. A hipoxia é a causa mais comum de PCR na faixa etária pediátrica, e sua gravidade preocupa especialmente em um atleta com lesão na cabeça. Uma pontuação de 13 a 15 na ECG pode indicar lesão cerebral leve, enquanto pontuações inferiores a 12 podem ser devidas a lesões cerebrais graves e são preditivas de pior resultado.

A alternativa correta é a "B".


Nas emergências médicas e traumáticas da população pediátrica, a manutenção das vias aéreas é o item de maior prioridade. A hipoxia é a causa mais comum de PCR na faixa etária pediátrica, e sua gravidade preocupa especialmente em um atleta com lesão na cabeça. Uma pontuação de 13 a 15 na ECG pode indicar lesão cerebral leve, enquanto pontuações inferiores a 12 podem ser devidas a lesões cerebrais graves e são preditivas de pior resultado.

3. Com relação às lesões musculoesqueléticas, assinale a alternativa correta.

A) Fraturas ósseas podem ocorrer em razão de quedas, impactos diretos ou movimentos bruscos durante a prática esportiva e, quando decorrem de quebra do osso em duas ou mais partes, são denominadas fraturas em galho verde, frequentemente identificadas em crianças.

B) O tratamento inicial das entorses, que são lesões nos músculos ou nos tendões, geralmente é realizado pelo método RICE e, em alguns casos, inclui imobilização temporária da área afetada.

C) O tratamento das lesões de tecidos moles, comuns em esportes que envolvem movimentos de torção ou impacto direto no joelho, pode variar de fisioterapia para fortalecer os músculos ao redor do joelho até cirurgia em casos mais graves.

D) Lesões por sobrecarga muscular, como síndrome do estresse tibial medial ou tendinopatia, geralmente são tratadas com descanso, alongamento e fortalecimento muscular, além de modificações na prática esportiva para evitar o excesso de estresse na área afetada.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "D".


Fraturas ósseas podem ocorrer em razão de quedas, impactos diretos ou movimentos bruscos durante a prática esportiva e, quando decorrem de dobra e quebra parcial do osso, são denominadas fraturas em galho verde, frequentemente identificadas em crianças. O tratamento inicial de entorses — lesões nos ligamentos que conectam os ossos nas articulações — e de distensões — lesões nos músculos ou nos tendões — geralmente é realizado pelo método RICE e, em alguns casos, inclui imobilização temporária da área afetada. As lesões na cartilagem articular ou nos meniscos do joelho são comuns em esportes que envolvem movimentos de torção ou impacto direto no joelho, e seu tratamento pode variar de fisioterapia para fortalecer os músculos ao redor do joelho até cirurgia em casos mais graves.

Resposta correta.


Fraturas ósseas podem ocorrer em razão de quedas, impactos diretos ou movimentos bruscos durante a prática esportiva e, quando decorrem de dobra e quebra parcial do osso, são denominadas fraturas em galho verde, frequentemente identificadas em crianças. O tratamento inicial de entorses — lesões nos ligamentos que conectam os ossos nas articulações — e de distensões — lesões nos músculos ou nos tendões — geralmente é realizado pelo método RICE e, em alguns casos, inclui imobilização temporária da área afetada. As lesões na cartilagem articular ou nos meniscos do joelho são comuns em esportes que envolvem movimentos de torção ou impacto direto no joelho, e seu tratamento pode variar de fisioterapia para fortalecer os músculos ao redor do joelho até cirurgia em casos mais graves.

A alternativa correta é a "D".


Fraturas ósseas podem ocorrer em razão de quedas, impactos diretos ou movimentos bruscos durante a prática esportiva e, quando decorrem de dobra e quebra parcial do osso, são denominadas fraturas em galho verde, frequentemente identificadas em crianças. O tratamento inicial de entorses — lesões nos ligamentos que conectam os ossos nas articulações — e de distensões — lesões nos músculos ou nos tendões — geralmente é realizado pelo método RICE e, em alguns casos, inclui imobilização temporária da área afetada. As lesões na cartilagem articular ou nos meniscos do joelho são comuns em esportes que envolvem movimentos de torção ou impacto direto no joelho, e seu tratamento pode variar de fisioterapia para fortalecer os músculos ao redor do joelho até cirurgia em casos mais graves.

4. Sobre a abordagem das lesões musculoesqueléticas, observe as afirmativas.

I. A TC é indicada para avaliação de lesões de tecidos moles e fraturas ocultas.

II. O atendimento específico de lesões ortopédicas inclui imobilização, redução, cirurgia e reabilitação.

III. A prevenção dessas lesões requer aquecimento, uso de equipamentos de proteção, técnica e descanso adequados entre as atividades físicas, além da supervisão de treinadores e profissionais de saúde qualificados.

Qual(is) está(ão) correta(s)?

A) Apenas a I.

B) Apenas a I e a II.

C) Apenas a II e a III.

D) Apenas a III.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".


A TC possibilita detalhamento adicional para fraturas complexas, ao passo que a RM é indicada para avaliação de lesões de tecidos moles e fraturas ocultas.

Resposta correta.


A TC possibilita detalhamento adicional para fraturas complexas, ao passo que a RM é indicada para avaliação de lesões de tecidos moles e fraturas ocultas.

A alternativa correta é a "C".


A TC possibilita detalhamento adicional para fraturas complexas, ao passo que a RM é indicada para avaliação de lesões de tecidos moles e fraturas ocultas.

5. Com relação às emergências cardiovasculares, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).

A morte súbita é causada em 80% dos casos por taquiarritmia ventricular e no restante por assistolia ou bradicardia.

Alterações hidreletrolíticas, hemodinâmicas e catecolaminas circulantes podem ser gatilhos para substratos morfológicos para morte súbita.

O comottio cordis é definido como uma morte súbita desencadeada por um golpe repentino no precórdio, o que é mais comum em crianças e adolescentes que têm paredes torácicas rígidas.

Cerca de dois terços das mortes de atletas que abusam de EAAs podem ser atribuídos a doenças cardiovasculares.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V — V — F — F

B) F — F — V — V

C) F — V — F — V

D) V — F — V — F

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".


O comottio cordis é definido como uma morte súbita desencadeada por um golpe repentino no precórdio, o que é mais comum em crianças e adolescentes que têm paredes torácicas flexíveis. Cerca de um terço das mortes de atletas que abusam de EAAs pode ser atribuído a doenças cardiovasculares.

Resposta correta.


O comottio cordis é definido como uma morte súbita desencadeada por um golpe repentino no precórdio, o que é mais comum em crianças e adolescentes que têm paredes torácicas flexíveis. Cerca de um terço das mortes de atletas que abusam de EAAs pode ser atribuído a doenças cardiovasculares.

A alternativa correta é a "A".


O comottio cordis é definido como uma morte súbita desencadeada por um golpe repentino no precórdio, o que é mais comum em crianças e adolescentes que têm paredes torácicas flexíveis. Cerca de um terço das mortes de atletas que abusam de EAAs pode ser atribuído a doenças cardiovasculares.

6. Com relação às medidas indicadas para emergências cardiovasculares, assinale a alternativa correta.

A) Medida curativa inicial para tratar emergências cardiovasculares, a APPE é realizada antes de qualquer exame físico e não envolve exames complementares, sendo destinada apenas ao diagnóstico de doenças já confirmadas que excluem a prática de qualquer exercício físico.

B) O ecocardiograma auxilia no diagnóstico de doenças como miocardiopatia hipertrófica, síndrome do QT longo, síndrome de Brugada, síndrome de Wolf-Parkinson-White e de pré-excitação.

C) Atletas jovens, especialmente aqueles com histórico familiar de doenças cardíacas ou sintomas suspeitos, devem ser submetidos a uma avaliação cardiológica, o que inclui eletrocardiograma, teste de esforço, teste cardiopulmonar, USG e TC.

D) Disponibilizar DEAs em locais de práticas esportivas e treinar pessoal em seu uso está entre as medidas de prevenção e gestão de emergências cardiovasculares.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "D".


Medida preventiva inicial de emergências cardiovasculares, a APPE envolve exame físico e exames complementares pertinentes, visando ao diagnóstico de potenciais situações clínicas que podem impor risco à prática de exercícios físicos de alta intensidade e competitivos de alto rendimento. O eletrocardiograma auxilia no diagnóstico de doenças como miocardiopatia hipertrófica, síndrome do QT longo, síndrome de Brugada, síndrome de Wolf-Parkinson-White e de pré-excitação. Atletas jovens, especialmente aqueles com histórico familiar de doenças cardíacas ou sintomas suspeitos, devem ser submetidos a uma avaliação cardiológica, o que pode incluir ecocardiograma, teste de esforço, teste cardiopulmonar, Holter de 24 horas e RM cardíaca.

Resposta correta.


Medida preventiva inicial de emergências cardiovasculares, a APPE envolve exame físico e exames complementares pertinentes, visando ao diagnóstico de potenciais situações clínicas que podem impor risco à prática de exercícios físicos de alta intensidade e competitivos de alto rendimento. O eletrocardiograma auxilia no diagnóstico de doenças como miocardiopatia hipertrófica, síndrome do QT longo, síndrome de Brugada, síndrome de Wolf-Parkinson-White e de pré-excitação. Atletas jovens, especialmente aqueles com histórico familiar de doenças cardíacas ou sintomas suspeitos, devem ser submetidos a uma avaliação cardiológica, o que pode incluir ecocardiograma, teste de esforço, teste cardiopulmonar, Holter de 24 horas e RM cardíaca.

A alternativa correta é a "D".


Medida preventiva inicial de emergências cardiovasculares, a APPE envolve exame físico e exames complementares pertinentes, visando ao diagnóstico de potenciais situações clínicas que podem impor risco à prática de exercícios físicos de alta intensidade e competitivos de alto rendimento. O eletrocardiograma auxilia no diagnóstico de doenças como miocardiopatia hipertrófica, síndrome do QT longo, síndrome de Brugada, síndrome de Wolf-Parkinson-White e de pré-excitação. Atletas jovens, especialmente aqueles com histórico familiar de doenças cardíacas ou sintomas suspeitos, devem ser submetidos a uma avaliação cardiológica, o que pode incluir ecocardiograma, teste de esforço, teste cardiopulmonar, Holter de 24 horas e RM cardíaca.

Lesões neurológicas

As lesões neurológicas no esporte para crianças e adolescentes são menos comuns, mas é importante que sejam reconhecidas e tratadas adequadamente. Algumas das emergências neurológicas que podem ocorrer no esporte serão apresentadas a seguir.

Tipos

As lesões neurológicas incluem concussões, acidente vascular cerebral (AVC), traumatismo craniano e convulsões.

Concussões

Concussões são lesões cerebrais traumáticas causadas por impacto ou movimento repentino da cabeça.

As concussões podem ocorrer em esportes de contato, como futebol, rúgbi, hóquei e basquete. Os sintomas podem incluir

  • dor de cabeça;
  • tontura;
  • confusão;
  • náusea;
  • sensibilidade à luz;
  • problemas de memória.28,29

É fundamental que qualquer suspeita de concussão seja tratada imediatamente e que o jovem atleta seja removido do jogo e avaliado por um profissional de saúde. O retorno ao esporte deve ser gradual e com a autorização médica adequada.28,29

Idealmente, a abordagem inicial de um atleta consciente com suspeita de concussão necessita de uma avaliação de sintomas neurológicos como cognição, equilíbrio e visão. O profissional ideal para essa avaliação é aquele que já conhece o atleta e está apto a identificar sintomas mesmo que sutis.28,29

Se um atleta ficar inconsciente após um ferimento na cabeça, a avaliação inicial inclui o ABCDE. Se permanecer inconsciente, deve-se presumir que o atleta tem uma lesão associada da coluna cervical e requer medidas adequadas de estabilização da coluna cervical, imobilização e transporte para o serviço de emergência.

Se o atleta recuperar a consciência, deve-se avaliar a sensibilidade e a mobilidade das quatro extremidades para reavaliar a necessidade da imobilização cervical e aplicar as ferramentas de avaliação de concussão, como a Sport Concussion Assessment Tool (SCAT) em sua versão apropriada à idade do paciente: infantil, entre 5 e 12 anos, e acima de 13 anos e adultos, que são atualizadas a cada reunião do grupo de especialistas. O tempo para essa avaliação é de 10 minutos.29

Alterações no equilíbrio, anomalias na marcha, tropeços, incapacidade de responder adequadamente às perguntas, desorientação, olhar vago e lesão facial são componentes que merecem atenção e medidas de transferência para avaliação específica.29

Cada concussão é única e tem um espectro de gravidade e tipos de sintomas. Excluídas lesões cerebrais e cervicais de emergência, os sintomas podem ser insidiosos e talvez o atleta necessite de um tempo de afastamento de suas atividades físicas e intelectuais, além de seguimento neurológico até completa recuperação fisiológica de suas funções cerebrais.

A Figura 2 ilustra um fluxograma para atendimento de concussão.

ECG: Escala de Coma de Glasgow; SCAT6: Sport Concussion Assessment Tool 6.

FIGURA 2: Fluxograma para atendimento de concussão. // Fonte: Adaptada de Echemendia e colaboradores.29

São sintomas indicativos de concussão:29

  • dor ou sensibilidade no pescoço;
  • convulsão;
  • visão dupla;
  • perda de consciência;
  • fraqueza ou formigamento/ardor em mais de um braço ou nas pernas;
  • deterioração do estado de consciência;
  • vômito;
  • dor de cabeça intensa ou crescente;
  • agitação, inquietação ou comportamento combativo crescente;
  • ECG inferior a 15;
  • deformidade visível do crânio.
Traumatismo craniano

Outros tipos de lesões traumáticas na cabeça podem ocorrer durante a prática esportiva, como contusões cerebrais mais graves ou hematomas intracranianos. Elas podem ser emergências médicas graves e exigir atendimento hospitalar imediato.

Acidente vascular cerebral

Embora seja raro, um AVC pode ocorrer durante a prática esportiva, especialmente em adolescentes com fatores de risco subjacentes, como malformações arteriovenosas ou problemas de coagulação.

Os sintomas de um AVC podem incluir fraqueza súbita em um lado do corpo, dificuldade na fala, perda de visão ou dor de cabeça intensa.

Qualquer suspeita de AVC deve ser tratada como uma emergência médica, e a pessoa deve ser levada imediatamente ao hospital.

Convulsões

As convulsões podem ocorrer durante ou após a prática esportiva em razão de uma variedade de causas, como epilepsia não diagnosticada, desidratação ou exaustão. Se uma criança ou adolescente tiver uma convulsão durante a prática esportiva, é importante:

  • protegê-los de lesões (por exemplo, afastando objetos pontiagudos);
  • garantir uma boa ventilação ao redor deles;
  • buscar assistência médica imediata, se necessário.

Tratamento

O tratamento de lesões neurológicas inclui:

  • ABCDE;
  • BLS — deve ser sempre considerado, pois situações cardiovasculares que desencadeiam alterações de consciência podem se confundir com quadros neurológicos e a assistência básica de manutenção à vida não deve ser retardada.

Se houver a possibilidade de administrar medicação no local ou na ambulância, manter diazepam até transferência para serviço de emergência hospitalar.

Distúrbios causados pelo esforço no calor — hipertermia — e desequilíbrios hidreletrolíticos

Os esforços físicos realizados em condições ambientais de calor podem causar distúrbios que se relacionam principalmente ao grau do aumento da temperatura corporal interna (core), que não corresponde à temperatura da pele (cutânea).

Na prática, como o resfriamento corporal deve ser imediato, já se assume como quadro de hipertermia corporal se a criança/adolescente apresentar piora do desempenho físico acompanhada de sinais e sintomas durante atividades esportivas prolongadas (com mais de 60 a 75 minutos) ou esforços intensos e intermitentes realizados no calor. Tal conduta é indicada porque, geralmente, há indisponibilidade de aferir em campo ou em ambulatório — mesmo que indiretamente — a temperatura interna.

O desequilíbrio hídrico mais comum é a desidratação causada pela ingestão insuficiente de líquidos para compensar as perdas pela sudorese.30 Apesar de menos comum, também se deve atentar aos outros sinais de hiper-hidratação, principalmente com água pura, que pode causar hiponatremia.

Diante de crianças e adolescentes que apresentam algum distúrbio causado por esforços no calor, o estado de hipo ou de hiper-hidratação corporal deve ser distinguido já no início do atendimento para estabelecer o direcionamento terapêutico. O Quadro 3 orienta a abordagem dessa avaliação por meio de anamnese e quadro clínico.

QUADRO 3

IDENTIFICAÇÃO DO ESTADO DE HIPO OU HIPER-HIDRATAÇÃO CAUSADO POR ATIVIDADES ESPORTIVAS EM CRIANÇAS/ADOLESCENTES

HIPO-HIDRATAÇÃO

HIPER-HIDRATAÇÃO

Anamnese/hábitos

  • Pouca ingestão de líquidos antes ou durante uma atividade esportiva que causou muita sudorese.
  • Ingestão exagerada de líquidos antes ou durante a atividade esportiva.

Sinais/sintomas indicadores

  • Boca e língua secas
  • Sede intensa
  • Aumento da frequência cardíaca
  • Fraqueza e fadiga
  • Tontura ou desmaio
  • Dificuldade de urinar e pouca urina
  • Urina escura
  • Diminuição do peso corporal — verificada se houver a possibilidade de comparar com o valor do peso antes da atividade esportiva de modo fidedigno (mínimo de roupa e corpo seco).
  • Alerta: durante o exercício no calor, a desidratação a partir de 3% já pode agravar a hipertermia. Desidratação >5% é considerada grave e apresenta risco de colapso térmico.
  • Edema de membros inferiores e mãos
  • Cefaleia
  • Náuseas e vômitos
  • Cãibras
  • Inquietação
  • Urina muito clara
  • Aumento do peso corporal — verificado se houver a possibilidade de comparar com o valor do peso antes da atividade esportiva de modo fidedigno (mínimo de roupa e corpo seco).
  • Alerta: se houve ingestão de água pura ou líquidos isentos de sódio em uma atividade esportiva que causou muita sudorese: risco de hiponatremia.

// Fonte: Adaptado de Meyer e colaboradores.30

Nesta seção, designa-se, como padrão geral, o termo “distúrbios causados pelo esforço no calor”. Alguns termos tradicionalmente ou erroneamente traduzidos como “insolação”, “intermação” ou “golpe de calor” devem ser evitados, pois acabam confundindo a comunicação entre profissionais da saúde, da mídia e a comunidade.

Os distúrbios provocados pelo esforço no calor são ainda classificados em cinco categorias:31,32

  • cãibras pelo calor;
  • exaustão térmica;
  • colapso térmico induzido pelo esforço;
  • síncope pelo calor;
  • hiponatremia.

O Quadro 4 mostra as características e o manejo inicial para cada uma dessas categorias.

QUADRO 4

CARACTERÍSTICAS E MANEJO DOS DISTÚRBIOS CAUSADOS PELO ESFORÇO NO CALOR CONFORME A CATEGORIA

DISTÚRBIO

CARACTERÍSTICAS (SINAIS E SINTOMAS)

MANEJO

Cãibras por calor

  • Espasmos musculares dolorosos em abdome, coxas e panturrilhas
  • Suor intenso
  • Fadiga
  • Quando intensas, podem evoluir para espasmo muscular difuso e prolongado.
  • Interromper a atividade.
  • Mover para um lugar sombreado.
  • Alongar e massagear os músculos afetados.
  • Na suspeita de hiponatremia, restringir hidratação e ingerir sal.

Fadiga térmica

  • Incapacidade de continuar o exercício.
  • Presença ou combinação destes sintomas ou sinais:
    • fraqueza e fadiga;
    • suor intenso;
    • perda de coordenação;
    • tontura ou desmaio;
    • náuseas e vômitos;
    • desidratação;
    • dor de cabeça;
    • pele fria e úmida;
    • pulso rápido e fraco.
  • Suspender a atividade e não retornar ao evento esportivo em curso.
  • Priorizar o resfriamento efetivo da temperatura corporal:
    • levar a criança/adolescente para local sombreado/ventilado;
    • iniciar medidas para resfriamento corporal — retirar vestimentas, uniformes, capacetes e calçados;
    • aplicar bolsas de gelo ou toalhas molhadas em regiões de grandes vasos (virilha, axilas);
    • usar ventilador.
  • Massagear as extremidades para ativar fluxo sanguíneo.
  • Monitorar sinais vitais e estado clínico.
  • Avaliar estado de hidratação para tratamento correspondente.
  • Sob supervisão e monitoramento: considerar a imersão do corpo em água fria até altura do peito.

Obs.: quando grave, exames de sangue e urina podem ser solicitados para avaliar o equilíbrio eletrolítico e a função renal.

Colapso térmico induzido pelo esforço

  • Forma mais grave e urgente de hipertermia central (temperatura interna >40°C).
  • Falha termorregulatória: o organismo não mais responde ao aumento da temperatura corporal por meio da sudorese.
  • Sintomas neurológicos:
    • confusão;
    • desorientação;
    • delírio;
    • convulsão;
    • perda de consciência;
    • coma;
    • desidratação;
    • alteração de sinais vitais;
    • fraqueza;
    • hipotensão;
    • hiperventilação;
    • vômitos e diarreia.

Síncope pelo calor

  • Ocorre por vasodilatação periférica, acúmulo de sangue postural, diminuição do retorno venoso e do débito cardíaco e isquemia cerebral.
  • Pode ser desencadeada em altas temperaturas, pela mudança rápida de postura naqueles não aclimatizados ao calor e/ou desidratados.
  • Sintomas:
    • fadiga;
    • visão em túnel;
    • palidez;
    • pele suada;
    • diminuição da frequência cardíaca;
    • tontura, desmaio.
  • Conduzir o paciente/atleta para área sombreada.
  • Conferir o estado de hidratação e, caso necessário, realizar reposição.
  • Observar até o restabelecimento dos sinais vitais.
  • Considerar diagnósticos diferenciais.
  • Se necessário, providenciar a realização de eletrocardiograma e exames bioquímicos laboratoriais.

Hiponatremia pelo esforço

  • Padrão hipervolêmico: ocorre principalmente pela ingestão exagerada de água pura ou líquidos sem sódio.
  • Outros fatores de risco:
    • perda exagerada de sódio por meio da sudorese volumosa;
    • dieta hipossódica, uso de diuréticos, retenção hídrica;
    • gravidade dos sintomas conforme a concentração do sódio sérico: leve — 130–134mmol/L; moderada — 120–129mmol/L; grave — <120mmol/L;
    • náusea e vômitos;
    • cefaleia progressiva;
    • inchaço nas extremidades (mãos e pés);
    • confusão mental, letargia, apatia;
    • edema pulmonar;
    • edema cerebral;
    • convulsões e coma.
  • Restringir líquidos.
  • Administrar medicamentos para alívio dos sintomas, como cefaleia, náuseas e convulsão.
  • Se for grave, administrar solução de NaCl a 3% IV para lentamente aumentar os níveis de sódio em uma taxa de correção de 6 a 12mmol/L nas primeiras 24 horas e 18mmol/L em 48 horas.

NaCl: cloreto de sódio. IV: intravenosa. // Fonte: Adaptado de Binkley e colaboradores.31

Distúrbios induzidos pelo esforço por alguma condição/suscetibilidade crônica — doença crônica

Durante as atividades esportivas, crianças e adolescentes suscetíveis podem apresentar reações alérgicas que são induzidas:33

  • pelo próprio esforço;
  • pela ação combinada de outros agravantes (alimentos e medicamentos);
  • pela exposição a fatores alérgenos (plantas, picada de inseto).

Quando a reação envolve edema de vias aéreas, como em um quadro de anafilaxia induzida pelo exercício, o atendimento deve ocorrer em caráter emergencial pelo risco de obstrução das vias respiratórias.34

Anafilaxia induzida pelo exercício

A anafilaxia induzida pelo exercício é uma reação alérgica grave e potencialmente fatal que pode ocorrer frente a um estímulo alérgeno. Os sintomas incluem:

  • dificuldade para respirar;
  • inchaço de face, lábios e garganta;
  • urticária (erupções na pele);
  • queda de pressão arterial;
  • desmaio.

O tratamento é de caráter emergencial mediante os seguintes procedimentos:

  • manter sinais vitais — manter vias aéreas (A), checar respiração (B), circulação (C) e sensório (D);
  • posicionar o desportista em decúbito dorsal, com os membros inferiores elevados;
  • administrar adrenalina (1:1.000 ou 1mg/mL) por via IM, na região anterolateral da coxa, em dose de 0,01mg/kg até o máximo 0,3mg em crianças e de 0,2 a 0,5mg em adolescentes;
    • repetir a cada 5 a 15 minutos, se necessário;
    • monitorar a toxicidade por meio da frequência cardíaca;
  • estabelecer suporte de oxigênio sob cânula nasal ou máscara;
    • se a saturação de oxigênio (SatO2) for inferior ou igual a 95%, é necessária outra dose de adrenalina;
    • manter o desportista monitorado com oxímetro de pulso;
  • obter acesso venoso e adequada manutenção da volemia com solução salina ou lactato de Ringer;
  • se houver broncoespasmo, administrar β-2-agonista por via inalatória (sulfato de salbutamol,100mcg/jato), em dose de 1 jato para cada 2kg de peso (dose máxima de 10 jatos);
  • se ocorrer urticária e angioedema, iniciar administração de anti-histamínicos;
  • manter o desportista em observação clínica;
    • em caso leve por 8 a 12 horas;
    • em caso grave por 24 a 48 horas.

Na reação aguda, os glicocorticoides por via oral ou parenteral (prednisona e metilprednisolona) não apresentam evidências de benefícios, mas são utilizados para prevenção de reações bifásicas.

O glicocorticoide por via oral para tratamento da anafilaxia induzida pelo exercício deve ser mantido por 5 a 7 dias após a alta, na dose de 1 a 2mg/kg/dia em dose única.

Anti-histamínicos H1 de segunda geração (fexofenadina, cetirizina, desloratadina) nas doses habituais devem ser utilizados para todas as faixas etárias por, pelo menos, 7 dias.

Usar precocemente a adrenalina, aos primeiros sinais da reação anafilática, pode ser determinante na reversão do quadro.

Todo paciente que sabidamente sofre de anafilaxia deveria ter consigo sua caneta de adrenalina autoinjetável. Além dos pacientes, a equipe de profissionais e os organizadores de eventos esportivos devem estar orientados quanto às medidas específicas de cada contexto e à logística do atendimento.

Asma induzida pelo exercício

O exercício físico pode provocar broncoconstrição na maioria (~70%) das crianças e adolescentes com diagnóstico de asma. Porém, tal condição pode também ocorrer naqueles não diagnosticados e que, durante a atividade esportiva, ao se exporem a determinados fatores do ambiente e/ou esforço, experimentam um quadro de crise asmática.35

Tipicamente, os sintomas de asma iniciam de 2 a 4 minutos após o exercício, com pico nos 5 a 10 minutos seguintes. As crianças e os jovens atletas previamente diagnosticados geralmente já são orientados para a prevenção ou atenuação da broncoconstrição por meio da inalação de medicação β-adrenérgica de ação rápida (como o salbutamol) cerca de 15 a 20 minutos antes da atividade esportiva.

Geralmente, a broncoconstrição mais preocupante provocada pelo esforço ocorre quando o atleta é inesperadamente acometido pelos sintomas, pois desconhece tal suscetibilidade e não usa broncodilatador antes do exercício.

A equipe médica e de profissionais do esporte pode ser surpreendida pelo quadro, já que, além dos sintomas típicos (tosse, falta de ar, sibilância, taquipneia, fadiga), o aperto ou desconforto no peito pode ser uma queixa. Logo, é importante o diagnóstico diferencial com as complicações cardiovasculares.

Frente à ocorrência, a criança/adolescente deve interromper a atividade, e a equipe médica deve seguir com o plano de ação emergencial do manejo de crise asmática: uso de β2-agonistas de curta duração por via inalatória, a cada 10 a 30 minutos, na primeira hora. Sprays com espaçadores podem ser usados quando a nebulização não estiver disponível.

O uso IV de β2-agonistas de curta duração para asma só é indicado nos casos graves que não respondem ao tratamento inalatório.

Nas crises agudas moderadas ou graves, deve-se considerar o seguinte:

  • o uso de corticoide (1mg de prednisolona/kg) logo no início da crise ajuda a reverter a inflamação e a promover a recuperação;
  • o oxigênio deve ser usado para manter a SatO2 arterial igual ou superior a 95%;
  • sedativos, mucolíticos e fisioterapia não devem ser empregados.

Hipoglicemia em atletas com diabetes tipo 1

Crianças e adolescentes com diabetes tipo 1 podem alcançar desempenhos atléticos em variadas modalidades esportivas.36 Na rotina de treinamentos e competições, eles aprendem a coordenar seus regimes individuais de ingestão de carboidratos e/ou administração da insulina para evitar oscilações graves da glicemia, e a preocupação mais frequente no exercício é hipoglicemia igual a glicose plasmática inferior ou igual a 70mg/dL.

As manifestações de hipoglicemia (sudorese, aumento da frequência cardíaca, cansaço, tontura) podem ser mascaradas com aquelas do próprio exercício. Então, como nem sempre é possível medir a glicemia, ao aparecer algum sintoma sugestivo, deve-se orientar o atleta para:

 

  • interromper o exercício;
  • tratar o quadro como hipoglicemia.

É importante consumir carboidratos absorvidos rapidamente (alto índice glicêmico), como:37

  • açúcar puro (tabletes);
  • sucos adocicados;
  • refrigerantes não diet;
  • balas moles.

Cerca de 15g de carboidrato podem aumentar rapidamente a glicemia. Após a ingestão, é necessário aguardar 15 minutos para verificar novamente a glicemia. Se a glicemia se mantiver baixa, recomenda-se ingerir novamente carboidratos.

A hipoglicemia grave, com manifestações neurológicas incluindo convulsões, requer ações emergenciais de profissionais da saúde com a administração de glicose IV e/ou glucagon.

Em crianças com mais do que 20kg, deve-se administrar 1mg (1 unidade) de glucagon por via subcutânea, IM ou IV.37

ATIVIDADES

7. Com relação às lesões neurológicas, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).

Os sintomas de uma concussão podem incluir fraqueza súbita em um lado do corpo, dificuldade na fala, perda de visão ou dor de cabeça intensa.

Alterações no equilíbrio, anomalias na marcha, tropeços, incapacidade de responder adequadamente às perguntas, desorientação, olhar vago e lesão facial são componentes que merecem atenção e medidas de transferência para avaliação específica.

Epilepsia não diagnosticada, desidratação ou exaustão estão entre as possíveis causas de convulsões durante ou após a prática esportiva.

Se houver a possibilidade de administrar medicação no local ou na ambulância, manter diazepam até transferência para serviço de emergência hospitalar.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V — F — V — F

B) F — V — V — V

C) V — F — F — F

D) F — V — F — V

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".


Os sintomas de uma concussão podem incluir dor de cabeça, tontura, confusão, náusea, sensibilidade à luz e problemas de memória. Os sintomas de um AVC podem incluir fraqueza súbita em um lado do corpo, dificuldade na fala, perda de visão ou dor de cabeça intensa.

Resposta correta.


Os sintomas de uma concussão podem incluir dor de cabeça, tontura, confusão, náusea, sensibilidade à luz e problemas de memória. Os sintomas de um AVC podem incluir fraqueza súbita em um lado do corpo, dificuldade na fala, perda de visão ou dor de cabeça intensa.

A alternativa correta é a "B".


Os sintomas de uma concussão podem incluir dor de cabeça, tontura, confusão, náusea, sensibilidade à luz e problemas de memória. Os sintomas de um AVC podem incluir fraqueza súbita em um lado do corpo, dificuldade na fala, perda de visão ou dor de cabeça intensa.

8. Sabendo-se que o desequilíbrio hidreletrolítico é um agravante para ocorrência de distúrbios causados pelos esforços prolongados no calor, quanto aos sinais e indicadores que se esperaria de um tenista em um quadro de desidratação, assinale a alternativa correta.

A) Aumento da frequência cardíaca e da diurese.

B) Aumento da frequência cardíaca e diminuição da diurese.

C) Diminuição da frequência cardíaca e aumento da diurese.

D) Diminuição da frequência cardíaca e da diurese.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".


Um dos sinais da desidratação decorrentes do exercício é maior aumento da frequência cardíaca (FC). Essa resposta fisiológica aguda ocorre para tentar manter o débito cardíaco (DC), já que o volume de ejeção (VE) diminui (DC = VE × FC). A diminuição da diurese é uma outra resposta compensatória da desidratação (mediante aumento da vasopressina) para evitar maior perda hídrica.

Resposta correta.


Um dos sinais da desidratação decorrentes do exercício é maior aumento da frequência cardíaca (FC). Essa resposta fisiológica aguda ocorre para tentar manter o débito cardíaco (DC), já que o volume de ejeção (VE) diminui (DC = VE × FC). A diminuição da diurese é uma outra resposta compensatória da desidratação (mediante aumento da vasopressina) para evitar maior perda hídrica.

A alternativa correta é a "B".


Um dos sinais da desidratação decorrentes do exercício é maior aumento da frequência cardíaca (FC). Essa resposta fisiológica aguda ocorre para tentar manter o débito cardíaco (DC), já que o volume de ejeção (VE) diminui (DC = VE × FC). A diminuição da diurese é uma outra resposta compensatória da desidratação (mediante aumento da vasopressina) para evitar maior perda hídrica.

9. Com relação aos distúrbios causados pelo esforço no calor, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).

Quando intensas, as cãibras por calor podem evoluir para espasmo muscular difuso e prolongado.

Na fadiga térmica, o organismo não mais responde ao aumento da temperatura corporal por meio da sudorese.

A síncope pelo calor pode ser desencadeada em altas temperaturas, pela mudança rápida de postura em atletas não aclimatizados ao calor e/ou desidratados.

Diante de hiponatremia pelo esforço, a restrição de líquidos e a administração de medicamentos para alívio dos sintomas, como cefaleia, náuseas e convulsão, são medidas indicadas.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V — V — F — V

B) F — F — V — F

C) V — F — V — V

D) F — V — F — F

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".


No colapso térmico induzido pelo esforço, o organismo não mais responde ao aumento da temperatura corporal por meio da sudorese.

Resposta correta.


No colapso térmico induzido pelo esforço, o organismo não mais responde ao aumento da temperatura corporal por meio da sudorese.

A alternativa correta é a "C".


No colapso térmico induzido pelo esforço, o organismo não mais responde ao aumento da temperatura corporal por meio da sudorese.

10. Quanto ao manejo emergencial medicamentoso preconizado para uma criança que apresenta reação anafilática induzida pelo exercício, assinale a alternativa correta.

A) Administrar adrenalina (1:1.000) por via IM.

B) Nebulizar com adrenalina de 3 a 5mL (1:100).

C) Administrar glicocorticoide (prednisona ou metilprednisolona) por via IM.

D) Administrar glicocorticoide (prednisona ou metilprednisolona) por via oral.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".


Pelo risco de edema e obstrução nas vias aéreas, o tratamento para reversão imediata do quadro de reação anafilática induzida pelo exercício é o uso de adrenalina IM. Na fase aguda, o emprego de glicocorticoides não demonstra evidências de melhora.

Resposta correta.


Pelo risco de edema e obstrução nas vias aéreas, o tratamento para reversão imediata do quadro de reação anafilática induzida pelo exercício é o uso de adrenalina IM. Na fase aguda, o emprego de glicocorticoides não demonstra evidências de melhora.

A alternativa correta é a "A".


Pelo risco de edema e obstrução nas vias aéreas, o tratamento para reversão imediata do quadro de reação anafilática induzida pelo exercício é o uso de adrenalina IM. Na fase aguda, o emprego de glicocorticoides não demonstra evidências de melhora.

11. Com relação à asma induzida pelo exercício, complete as lacunas.

I. Tipicamente, os sintomas de asma iniciam de 2 a 4 minutos após o exercício, com pico nos ____________ minutos seguintes.

II. O uso de ____________ por via inalatória deve ocorrer a cada 10 a 30 minutos na primeira hora.

III. O uso de ____________ logo no início da crise ajuda a reverter a inflamação e a promover a recuperação.

IV. O oxigênio deve ser administrado para manter a SatO2 arterial igual ou superior a ______.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) 5 a 10 — β2-agonistas de curta duração — corticoide — 95%

B) 10 a 15 — corticoide — β2-agonistas de curta duração — 95%

C) 5 a 10 — corticoide — β2-agonistas de curta duração — 92%

D) 10 a 15 — β2-agonistas de curta duração — corticoide — 92%

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".


Geralmente, a broncoconstrição mais preocupante provocada pelo esforço ocorre quando o atleta é inesperadamente acometido pelos sintomas, pois desconhece tal suscetibilidade e não usa broncodilatador antes do exercício.

Resposta correta.


Geralmente, a broncoconstrição mais preocupante provocada pelo esforço ocorre quando o atleta é inesperadamente acometido pelos sintomas, pois desconhece tal suscetibilidade e não usa broncodilatador antes do exercício.

A alternativa correta é a "A".


Geralmente, a broncoconstrição mais preocupante provocada pelo esforço ocorre quando o atleta é inesperadamente acometido pelos sintomas, pois desconhece tal suscetibilidade e não usa broncodilatador antes do exercício.

12. Sobre a hipoglicemia em atletas com diabetes tipo 1, observe as afirmativas.

I. Sudorese, aumento da frequência cardíaca, cansaço e tontura são manifestações de hipoglicemia.

II. Após a ingestão de cerca de 15g de carboidrato para aumentar rapidamente a glicemia, é necessário aguardar 30 minutos para verificar novamente a glicemia.

III. A hipoglicemia grave, com manifestações neurológicas incluindo convulsões, requer ações emergenciais de profissionais da saúde com a administração de glicose IV e/ou glucagon.

Qual(is) está(ão) correta(s)?

A) Apenas a I e a II.

B) Apenas a II.

C) Apenas a I e a III.

D) Apenas a III.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".


Após a ingestão de cerca de 15g de carboidrato para aumentar rapidamente a glicemia, é necessário aguardar 15 minutos para verificar novamente a glicemia.

Resposta correta.


Após a ingestão de cerca de 15g de carboidrato para aumentar rapidamente a glicemia, é necessário aguardar 15 minutos para verificar novamente a glicemia.

A alternativa correta é a "C".


Após a ingestão de cerca de 15g de carboidrato para aumentar rapidamente a glicemia, é necessário aguardar 15 minutos para verificar novamente a glicemia.

1

Atleta de futebol, 14 anos de idade, durante partida dos jogos escolares, tem choque com colega, perde o equilíbrio, sofre torção no joelho direito e cai no chão, gritando de dor no joelho.

Quando o médico chega para avaliar o quadro, o paciente chora de dor, mas respira bem, refere toda a sequência do trauma até cair no chão e está assustado, pois sentiu um estalo no joelho e está com muita dor. Ao exame, é constatado que o membro direito não está desalinhado e há edema 3+/4+ em joelho direito.

ATIVIDADES

13. Qual é a conduta indicada para o caso clínico 1?

Confira aqui a resposta

O médico assistente da emergência deve realizar o ABCDE e a identificação da lesão, seguir o protocolo RICE, providenciar a retirada do atleta do campo, manter aplicação de gelo, realizar imobilização inicial e proceder ao encaminhamento do jovem para avaliação do especialista.

Resposta correta.


O médico assistente da emergência deve realizar o ABCDE e a identificação da lesão, seguir o protocolo RICE, providenciar a retirada do atleta do campo, manter aplicação de gelo, realizar imobilização inicial e proceder ao encaminhamento do jovem para avaliação do especialista.

O médico assistente da emergência deve realizar o ABCDE e a identificação da lesão, seguir o protocolo RICE, providenciar a retirada do atleta do campo, manter aplicação de gelo, realizar imobilização inicial e proceder ao encaminhamento do jovem para avaliação do especialista.

2

Criança de 11 anos de idade, durante partida de basquetebol, enquanto corre, leva a mão ao peito e cai desacordada. O médico assistente à beira do campo e vai avaliar o quadro. Ao examinar o paciente, ele não responde ao chamado e não apresenta respiração.

ATIVIDADES

14. A sequência correta de atendimento na situação descrita no caso clínico 2 é

A) instalar intubação orotraqueal, promover sedação, proceder à desfibrilação e providenciar internação em unidade de terapia intensiva.

B) solicitar serviço de emergência e DEA, iniciar massagem cardíaca, reavaliar resposta e, se negativa, instalar DEA e seguir o protocolo.

C) solicitar serviço de emergência e DEA, realizar intubação orotraqueal, reavaliar resposta e proceder à desfibrilação.

D) chamar ajuda, instalar DEA, realizar massagem cardíaca e instalar intubação orotraqueal.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".


A conduta descrita no caso clínico 2 está em conformidade com o fluxograma de PCR não responsiva do BLS.

Resposta correta.


A conduta descrita no caso clínico 2 está em conformidade com o fluxograma de PCR não responsiva do BLS.

A alternativa correta é a "B".


A conduta descrita no caso clínico 2 está em conformidade com o fluxograma de PCR não responsiva do BLS.

Considerações finais

A preparação em eventos esportivos é essencial para lidar com emergências esportivas em crianças e adolescentes. Conhecer os agravos e como podem vir a ocorrer no campo de jogo, os recursos necessários ao atendimento de emergência, os sinais e sintomas, bem como agir rapidamente pode salvar vidas.

A colaboração entre pais, treinadores, professores e profissionais de saúde tanto na preparação como ao longo da jornada esportiva de jovens atletas será a responsável pela longevidade na modalidade e pelo consequente sucesso seja na manutenção da saúde, seja na carreira profissional futura desses indivíduos em formação.

Atividades: Respostas

Atividade 1 // Resposta: C

Comentário: O exercício físico é uma atividade física planejada, estruturada dentro do contexto esportivo e social, por meio de repetições lógicas e organizadas, com o objetivo de ganhar e manter o condicionamento físico, que consiste em um conjunto de atributos relacionados à melhora das habilidades associadas a saúde e desempenho, que pode ser mensurado por meio de testes físicos específicos realizados por profissionais habilitados.

Atividade 2 // Resposta: B

Comentário: Nas emergências médicas e traumáticas da população pediátrica, a manutenção das vias aéreas é o item de maior prioridade. A hipoxia é a causa mais comum de PCR na faixa etária pediátrica, e sua gravidade preocupa especialmente em um atleta com lesão na cabeça. Uma pontuação de 13 a 15 na ECG pode indicar lesão cerebral leve, enquanto pontuações inferiores a 12 podem ser devidas a lesões cerebrais graves e são preditivas de pior resultado.

Atividade 3 // Resposta: D

Comentário: Fraturas ósseas podem ocorrer em razão de quedas, impactos diretos ou movimentos bruscos durante a prática esportiva e, quando decorrem de dobra e quebra parcial do osso, são denominadas fraturas em galho verde, frequentemente identificadas em crianças. O tratamento inicial de entorses — lesões nos ligamentos que conectam os ossos nas articulações — e de distensões — lesões nos músculos ou nos tendões — geralmente é realizado pelo método RICE e, em alguns casos, inclui imobilização temporária da área afetada. As lesões na cartilagem articular ou nos meniscos do joelho são comuns em esportes que envolvem movimentos de torção ou impacto direto no joelho, e seu tratamento pode variar de fisioterapia para fortalecer os músculos ao redor do joelho até cirurgia em casos mais graves.

Atividade 4 // Resposta: C

Comentário: A TC possibilita detalhamento adicional para fraturas complexas, ao passo que a RM é indicada para avaliação de lesões de tecidos moles e fraturas ocultas.

Atividade 5 // Resposta: A

Comentário: O comottio cordis é definido como uma morte súbita desencadeada por um golpe repentino no precórdio, o que é mais comum em crianças e adolescentes que têm paredes torácicas flexíveis. Cerca de um terço das mortes de atletas que abusam de EAAs pode ser atribuído a doenças cardiovasculares.

Atividade 6 // Resposta: D

Comentário: Medida preventiva inicial de emergências cardiovasculares, a APPE envolve exame físico e exames complementares pertinentes, visando ao diagnóstico de potenciais situações clínicas que podem impor risco à prática de exercícios físicos de alta intensidade e competitivos de alto rendimento. O eletrocardiograma auxilia no diagnóstico de doenças como miocardiopatia hipertrófica, síndrome do QT longo, síndrome de Brugada, síndrome de Wolf-Parkinson-White e de pré-excitação. Atletas jovens, especialmente aqueles com histórico familiar de doenças cardíacas ou sintomas suspeitos, devem ser submetidos a uma avaliação cardiológica, o que pode incluir ecocardiograma, teste de esforço, teste cardiopulmonar, Holter de 24 horas e RM cardíaca.

Atividade 7 // Resposta: B

Comentário: Os sintomas de uma concussão podem incluir dor de cabeça, tontura, confusão, náusea, sensibilidade à luz e problemas de memória. Os sintomas de um AVC podem incluir fraqueza súbita em um lado do corpo, dificuldade na fala, perda de visão ou dor de cabeça intensa.

Atividade 8 // Resposta: B

Comentário: Um dos sinais da desidratação decorrentes do exercício é maior aumento da frequência cardíaca (FC). Essa resposta fisiológica aguda ocorre para tentar manter o débito cardíaco (DC), já que o volume de ejeção (VE) diminui (DC = VE × FC). A diminuição da diurese é uma outra resposta compensatória da desidratação (mediante aumento da vasopressina) para evitar maior perda hídrica.

Atividade 9 // Resposta: C

Comentário: No colapso térmico induzido pelo esforço, o organismo não mais responde ao aumento da temperatura corporal por meio da sudorese.

Atividade 10 // Resposta: A

Comentário: Pelo risco de edema e obstrução nas vias aéreas, o tratamento para reversão imediata do quadro de reação anafilática induzida pelo exercício é o uso de adrenalina IM. Na fase aguda, o emprego de glicocorticoides não demonstra evidências de melhora.

Atividade 11 // Resposta: A

Comentário: Geralmente, a broncoconstrição mais preocupante provocada pelo esforço ocorre quando o atleta é inesperadamente acometido pelos sintomas, pois desconhece tal suscetibilidade e não usa broncodilatador antes do exercício.

Atividade 12 // Resposta: C

Comentário: Após a ingestão de cerca de 15g de carboidrato para aumentar rapidamente a glicemia, é necessário aguardar 15 minutos para verificar novamente a glicemia.

Atividade 13

RESPOSTA: O médico assistente da emergência deve realizar o ABCDE e a identificação da lesão, seguir o protocolo RICE, providenciar a retirada do atleta do campo, manter aplicação de gelo, realizar imobilização inicial e proceder ao encaminhamento do jovem para avaliação do especialista.

Atividade 14 // Resposta: B

Comentário: A conduta descrita no caso clínico 2 está em conformidade com o fluxograma de PCR não responsiva do BLS.

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Autoras

SILVANA VERTEMATTI // Residência Médica em Pediatria pelo Hospital Professor Edmundo Vasconcelos (HPEV). Especialização em Cardiologia Pediátrica pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC). Aperfeiçoamento em Cardiologia Pediátrica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (SCM/SP). Estágio em Cardiologia do Esporte pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC). Mestre Profissional em Ciências da Saúde Aplicadas ao Esporte e à Atividade Física pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Membro do Grupo de Trabalho em Atividade Física da SBP. Membro do Grupo de Estudos de Pediatria da SBMEE.

FLAVIA MEYER // Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Residência em Pediatria pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Especialização em Medicina do Esporte e Saúde Escolar pela UFRGS. Doutora em Ciências da Saúde: Fisiologia e Farmacologia com ênfase em Medicina do Exercício em Pediatria pela McMaster University, Canadá. Pós-doutorado pela McMaster University, Canadá. Professora Titular aposentada da UFRGS. Membro do Grupo de Trabalho em Atividade Física da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Como citar a versão impressa deste documento

Vertematti S, Meyer F. Atendimento de emergências em crianças e adolescentes atletas. In: Sociedade Brasileira de Pediatria; Simon Junior H, Pascolat G, organizadores. PROEMPED Programa de Atualização em Emergência Pediátrica: Ciclo 8. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2024. p. 125–60. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 1).

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