Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar o quadro clínico característico da síndrome de poliuria-polidipsia (em inglês, polyuria-polydipsia syndrome [PPS]);
- analisar a fisiopatologia das condições clínicas associadas à PPS;
- listar os testes diagnósticos disponíveis, suas indicações e limitações;
- descrever as diferentes etapas utilizadas na avaliação propedêutica dos estados de PPS.
Esquema conceitual
Introdução
A PPS é um distúrbio hídrico caracterizado por poliuria hipotônica (excreção de grandes volumes de urina diluída) e polidipsia. Recentemente, um grupo de especialistas de diversas Sociedades de Endocrinologia e Endocrinologia Pediátrica ao redor do mundo propôs mudar o termo diabetes insipidus (DI) para deficiência de arginina vasopressina (AVP-D), no caso de etiologias centrais, e para resistência à AVP (AVP-R), em situações de etiologias nefrogênicas.
A principal justificativa para essa proposição baseia-se na confusão que o termo comum diabetes causa, prejudicando os pacientes com DI quando estão sob cuidados de não especialistas. A mudança do nome também considera os três diferentes mecanismos fisiopatológicos que compõem a PPS:1−3
- defeito na síntese e secreção do hormônio AVP — AVP-D (DI central [DIC]);
- resistência à ação de AVP nos túbulos renais — AVP-R (DI nefrogênico [DIN]);
- ingestão hídrica excessiva ocasionando poliuria hipotônica secundária — polidipsia primária (PP).
Independentemente do mecanismo fisiopatológico, tais condições são semelhantes, do ponto de vista clínico, pois determinam incapacidade de concentração máxima urinária, o que torna desafiadora a elucidação diagnóstica, particularmente no caso de formas parciais. Para tanto, é necessária a melhor compreensão das ferramentas diagnósticas disponíveis, permitindo o seu uso racional.
Neste capítulo, serão abordados alguns aspectos da avaliação diagnóstica da PPS, como patogênese, apresentação clínica, critérios diagnósticos e diagnóstico diferencial.