Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar os componentes da comunicação e sua importância na prática da ginecologia e da obstetrícia;
- apontar o que é uma má notícia e como as pacientes reagem a esse tipo de comunicação;
- indicar as habilidades essenciais para comunicação de más notícias de forma efetiva, os principais equívocos e as principais barreiras;
- descrever o protocolo Spikes para comunicação de más notícias.
Esquema conceitual
Introdução
Assista aqui a vídeo aula do capítulo
Assista aquiHistoricamente, aprendia-se a comunicação com pacientes apenas por meio de observação informal de um profissional mais experiente e por tentativa e erro. Nas últimas décadas, o reconhecimento das dificuldades geradas pela falta de treinamento dos profissionais despertou o meio acadêmico para a necessidade do treinamento em habilidades de comunicação voltado aos profissionais de saúde, destacando-se a comunicação de más notícias.1
No entanto, ainda se observa uma grande lacuna na oferta de treinamento formal nessa área, principalmente durante a residência. Esse déficit na formação é particularmente importante em obstetrícia, em que a ocorrência de desfechos inesperados gera sobrecarga emocional para o especialista e contribui para a maior incidência de ações judiciais.2–4
No Brasil, as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina e a Matriz de Competências dos Programas de Residência Médica em Ginecologia e Obstétrica incluíram as habilidades de comunicação como competência essencial na formação médica.5,6 O treinamento formal na área ganha ainda maior destaque à medida que o Conselho Federal de Medicina (CFM) também reconhece que deficiências na comunicação estão relacionadas às queixas por má prática e aos processos jurídicos no Brasil.7
A comunicação eficaz é reconhecida como condição indispensável para a qualidade dos serviços em saúde.1 Estudos demonstram que a melhoria na qualidade da comunicação médico–paciente está relacionada à maior satisfação dos pacientes e à adesão ao tratamento proposto,8 bem como à redução de reclamações por má prática,9 aumentando a segurança do paciente e reduzindo erros médicos.10
Estudos evidenciam que muitos profissionais não se sentem preparados para a comunicação de más notícias, o que aumenta a ansiedade diante dessas situações. Por outro lado, diversos estudos demonstram que ginecologistas e obstetras que receberam treinamento sentem-se mais confiantes, confortáveis e com menor sobrecarga de estresse diante desse desafio.2,3,11
Este capítulo apresenta uma visão geral dos conceitos e das recomendações práticas relativos à comunicação de más notícias para ginecologistas e obstetras que desejam melhorar suas competências nessa área.