Entrar

Esse conteúdo é exclusivo para assinantes do programa.

Diagnóstico e manejo de pacientes com Neoplasia Endócrina Múltipla tipo 1

Ana Rosa Pinto Quidute

Carlos Eduardo De Melo Oliveira

Léo Nunes Benevides

Carla Antoniana Ferreira de Almeida Vieira

epub-BR-PROENDOCRINO-C15V3_Artigo

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • descrever os critérios diagnósticos para a neoplasia endócrina múltipla tipo 1 (NEM-1);
  • identificar os principais tumores associados à NEM-1;
  • reconhecer as particularidades da apresentação clínica e da terapia dos tumores associados à NEM-1.

Esquema conceitual

Introdução

A NEM-1 é uma síndrome rara, caracterizada pela apresentação de tumores com manifestações endócrinas. É, na maioria das vezes, familiar e compreende classicamente o desenvolvimento de hiperplasia nas paratiroides, tumores neuroendócrinos gastroduodenopancreáticos (TNEs-GEP) e tumores hipofisários (THs).1,2

Esses tumores aparecem em idade mais precoce quando comparados aos de ocorrência esporádica. A NEM-1 afeta todos os grupos etários, com relatos de diagnóstico dos principais tumores associados ocorrendo de forma precoce aos 5 anos de idade ou mais tardiamente, por volta da sexta década de vida.1,2

A NEM-1 é uma síndrome genética autossômica dominante com alta penetrância, resultando no desenvolvimento de manifestações clínicas em cerca de 80% dos pacientes e em mais de 98% em termos de manifestações bioquímicas até a quinta década de vida.1,2 Das três principais manifestações, o hiperparatiroidismo primário (HPTp) tem a maior penetrância e é considerado o primeiro a aparecer na NEM-1.1,3

Os TNEs-GEP associados à NEM-1 aparentam ter uma baixa taxa de proliferação celular e uma longa sobrevida, porém devem receber atenção especial, pois ainda são a principal causa de morte em pacientes com NEM-1. Os TNEs-GEP podem ser múltiplos, acometendo principalmente estômago, duodeno e pâncreas, ou lesões únicas.1,3

Manifestações clínicas associadas à secreção hormonal nos TNEs-GEP funcionantes podem ser a primeira manifestação da síndrome, como ocorre em casos de insulinomas, gastrinomas, entre outros, já os não secretores são atualmente mais diagnosticados durante a realização de exames como endoscopia digestiva, ressonância magnética (RM) e tomografia computadorizada (TC).1,3

Os THs também podem ser diagnosticados em indivíduos mais jovens, e os adenomas hipofisários secretores de prolactina (PRL) e os clinicamente não funcionantes são os mais frequentes.4 Adicionalmente, a NEM-1 está associada a relatos de outros tumores com comportamento agressivo, como os tumores de timo e o TNE de pulmão.

A diversidade clínica de apresentação torna a NEM-1 um desafio diagnóstico para o especialista, que deve entender as principais características da síndrome, suas diferentes formas de apresentação e as peculiaridades terapêuticas das suas manifestações.