A embolia por líquido amniótico (ELAembolia por líquido amniótico) é uma patologia rara, mas potencialmente letal. A ELAembolia por líquido amniótico também é conhecida como síndrome anafilactoide da gravidez (SAG), nome proposto por Clark e colaboradores,1 tendo em vista a variedade de fatores humorais e imunes envolvidos. A ELAembolia por líquido amniótico é considerada a complicação mais catastrófica da gestação, ocorre durante a gestação ou logo após o nascimento.2

A ELAembolia por líquido amniótico felizmente é uma condição rara, mas apresenta índices de mortalidade materna que variam entre 20 e 80%,3,4 é considerada causa importante de morte materna em todo o mundo e uma das principais causas de morte materna nos países desenvolvidos.4-7 O reconhecimento precoce e o pronto-atendimento dessa grave patologia são fundamentais para diminuir a morbidade e mortalidade materna e fetal consequente a essa síndrome. Assim, este artigo irá revisar a fisiopatologia, o diagnóstico e o tratamento dessa grave patologia obstétrica que é a ELAembolia por líquido amniótico.

A presença de células escamosas e mucina de origem fetal nos vasos pulmonares de mulheres que morreram subitamente ao longo do trabalho de parto foi inicialmente descrita, em 1926, pelo brasileiro J.R. Meyer,8 mas, somente em 1941, a ELAembolia por líquido amniótico foi reconhecida como entidade clínica capaz de causar colapso vascular seguido de morte em parturientes, conforme Steiner e Lushbaugh.9 Outros investigadores posteriormente descreveram a presença de debris fetais no leito vascular de vários outros órgãos maternos, os quais:7,10

 

• ■ rins;
• ■ fígado;
• ■ baço;
• ■ pâncreas;
• ■ cérebro.

O entendimento da patogênese da ELAembolia por líquido amniótico tem evoluído nos últimos anos, especialmente nas duas últimas décadas, mas a baixa frequência da condição faz a maioria das informações ser baseada em séries de autópsias, relatos de casos ou séries de casos não controlados. Dessa forma, trata-se de uma patologia ainda imprevisível, de alta letalidade e alvo de muitas controvérsias.11

 

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de:

 

• ■ atualizar-se em relação às evidências científicas atuais sobre ELAembolia por líquido amniótico;
• ■ ter alto grau de suspeita diagnóstica e vigilância para o rápido tratamento e encaminhamento em situações críticas obstétricas;
• ■ identificar os principais sinais e sintomas;
• ■ solicitar exames complementares para o diagnóstico diferencial da ELAembolia por líquido amniótico;
• ■ realizar o correto diagnóstico dessa rara, mas potencialmente letal condição obstétrica;
• ■ instituir o tratamento e o encaminhamento de cada caso.