■ Introdução
A ruptura prematura de membranas (rupremeruptura prematura de membranas) em gestações no limite inferior da viabilidade fetal, felizmente evento raro, caracteriza-se como importante complicação obstétrica, com graves consequências neonatais. A decisão sobre o seu manejo, expectante ou intervencionista, depende, em primeiro lugar, da idade gestacional (IGidade gestacional) na qual ocorreu a amniorrexe.
Quando a rupremeruptura prematura de membranas ocorre abaixo do limite inferior da viabilidade fetal, a gestante deve ser extensivamente esclarecida a respeito das complicações da manutenção da gravidez e das consequências da prematuridade extrema, para que então, em conjunto com a equipe médica, possa-se tomar a melhor decisão a respeito da gestação.
O aconselhamento do casal frente à adoção de estratégia de exceção, aqui representada pela conduta expectante em gestação com menos de 20 semanas, exige o conhecimento pelo casal de que a prematuridade está associada a elevadas taxas de morbidade e mortalidade perinatal e a elevados custos assistenciais.
Mesmo com assistência intraparto adequada, as sequelas físicas e neurológicas podem ser gravíssimas, pois elevam o risco de uma infecção subclínica progredir, o que pode evoluir à necessidade de histerectomia, com risco de mortalidade materna em decorrência de uma nada desprezível septicemia.
A desafiadora tarefa de abordar a ruptura prematura de membranas deriva de duas questões elementares. A primeira, como classificar cada caso concreto entre prematuridade e aborto; e a segunda, quando investir no feto e quando a prioridade é pensar no futuro reprodutivo da mãe. São esses os questionamentos que serão discutidos em detalhes, que permitirão ao leitor uma atualização sobre o prognóstico e o manejo da ruptura prematura pré-termo de membranas (rupremeruptura prematura de membranas pré-termo) em gestações consideradas no limite inferior de viabilidade fetal, de forma a auxiliar o médico assistente a definir-se pela melhor decisão baseada em evidências atuais.
■ Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de:
- ■ reconhecer a importância de estabelecer o limite da viabilidade extrauterina;
- ■ identificar fatores determinantes de sobrevida neonatal;
- ■ reconhecer as complicações gestacionais, perinatais e infantis em curto e longo prazo secundários à prematuridade extrema associada à rupremeruptura prematura de membranas;
- ■ predizer o prognóstico de acordo com a causa de rupremeruptura prematura de membranas;
- ■ reconhecer o manejo expectante, conservador, não medicamentoso;
- ■ definir quais são as contraindicações absolutas para aplicação do manejo expectante;
- ■ reconhecer em que situações a indução do parto é a conduta ideal;
- ■ compreender a importância do aconselhamento detalhado do casal, individualizar caso a caso, informar os riscos e complicações associados à manutenção de uma gestação intrauterina associada à rupremeruptura prematura de membranas em IGidade gestacional inferior a 20 semanas a fim de embasá-los a optar pela melhor alternativa para o caso em questão.
■ Esquema conceitual