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EVIDÊNCIAS ATUAIS PARA A UTILIZAÇÃO DE HORMÔNIOS BIOIDÊNTICOS NA PÓS-MENOPAUSA

Autores: José Maria Soares Júnior, Cesar Eduardo Fernandes, Edmund Chada Baracat, Isabel Cristina Esposito Sorpreso, Gustavo Arantes Rosa Maciel
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  • Introdução

Após o surgimento dos primeiros hormônios para terapia das mulheres no climatério, seu emprego foi restrito a poucos centros no mundo.1 Contudo, depois do lançamento do livro do ginecologista Robert Wilson intitulado Feminina pra sempre, na década de 1960, essa terapia tomou força mundialmente.

Infelizmente, o estrogênio foi considerado como milagroso, pois devolvia a juventude, a beleza e a sexualidade da mulher por muitos anos.1 O apogeu desse hormônio ocorreu nas décadas seguintes, tornando-se quase obrigatório o uso da terapia de reposição hormonal nas mulheres que chegavam à menopausa.2

Todavia, esse cenário mudou muito após as primeiras divulgações do estudo Women’s Health Initiative, que colocou em dúvida a segurança da terapia hormonal clássica (estrogênio conjugado equino associado com medroxiprogesterona), em razão do aumento do risco para neoplasia mamária e para doença cardiovascular, sobretudo o acidente vascular cerebral (AVCacidente vascular cerebral).3 A repercussão desses dados foi devastadora tanto no ambiente acadêmico quanto na população em geral. Como consequência, o uso dessa terapia declinou de forma dramática.4

Depois da queda na prescrição de terapia hormonal, houve uma grande discussão entre os investigadores. Alguns colocavam o emprego de estrogênios conjugados equinos como grande culpado, até as primeiras publicações feitas com esse hormônio de forma isolada em 20045 e, posteriormente, outros acreditavam que o uso da medroxiprogesterona seria o responsável, pois era sintética e tinha afinidade por outros receptores hormonais, como glicocorticoide.6,7

Nem todos os investigadores concordam com essa ideia e incluem outros progestagênios,8 ao mesmo tempo em que houve temporariamente uma grande procura pela tibolona (progestagênio)9 e pelos fito-hormônios.10 Contudo, todas essas alternativas tinham suas vantagens e desvantagens, que apareceram com os estudos clínicos e com as metanálises.11,12 Porém, não existia uma terapia hormonal ideal, que concedesse grande eficácia sem riscos cardiovasculares e mamários. Por isso, há muito interesse em estudos com hormônios idênticos aos da mulher na tentativa de diminuir os riscos.13

Apesar das preocupações relacionadas à terapia hormonal clássica na pós-menopausa, essa modalidade terapêutica ainda é a mais efetiva em amenizar os sintomas vasomotores de moderados a intensos, bem como em melhorar a mucosa vaginal e prevenir a perda de massa óssea, que ocorre mais acentuadamente em mulheres após a menopausa.14

Paradoxalmente, o medo e a queda de prescrição dessa terapia de forma mundial ocasionou a procura por compostos hormonais semelhantes à terapia hormonal clássica, chamados de bioidênticos, alguns dos quais já faziam parte da terapia hormonal tradicional.15 Contudo, surgiram vários produtos sem registro ou regulamentação dos órgãos de fiscalização em vários países, o que trouxe muita inquietação, pois não havia testes analisando sua segurança e/ou sua efetividade.1

A revisão sistemática da literatura apresentada neste artigo utilizou as bases de dados Medline e Cochrane, com as buscas ancoradas nas palavras-chave hormone bioidentics, hormone therapy e postmenopause. Artigos publicados em inglês, em espanhol, em português e em francês, nos últimos 5 anos, revisões sistemáticas, metanálises e referências citadas nos artigos foram consultadas, mas apenas os trabalhos originais foram incluídos nesta revisão.

A seleção dos estudos, a avaliação dos títulos e de resumos obtidos com a estratégia de busca nas bases de informação consultadas foi conduzida por dois pesquisadores com habilidade na elaboração de revisões sistematizadas, de forma independente e cegadas, obedecendo rigorosamente aos critérios de inclusão e exclusão. Após essa etapa, o artigo original foi avaliado criticamente visando decidir incluí-lo ou não na revisão. Quando havia discordância sobre a seleção dos estudos entre os investigadores, um terceiro revisor foi consultado.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

 

  • identificar os hormônios bioidênticos empregados na pós-menopausa;
  • descrever o tratamento hormonal com hormônios bioidênticos na pós-menopausa, para amenizar os sintomas vasomotores e melhorar a qualidade de vida;
  • reconhecer a segurança dos hormônios bioidênticos.
  • Esquema conceitual
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