Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar e investigar pacientes com hemorragia digestiva baixa (HDB);
- distinguir entre as principais causas de HDB;
- manejar pacientes com HDB;
- reconhecer os procedimentos endoscópicos indicados para o tratamento de HDB.
Esquema conceitual
Introdução
A incidência anual da HDB com necessidade de hospitalização é de aproximadamente 21 casos por 100 mil adultos nos Estados Unidos. É uma entidade que predomina em idosos, com média de idade variando de 63 a 77 anos. O sangramento tende a ser autolimitado e cessa de modo espontâneo em cerca de 80% dos casos, com a mortalidade variando de 2 a 4% nos principais estudos.1
A HDB pode resultar em instabilidade clínica, anemia e/ou necessidade de hemotransfusão, ou o sangramento pode acontecer por período mais prolongado, de forma mais lenta ou intermitente. As principais manifestações clínicas são a pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSOF) positiva, os episódios de melena, hematoquezia ou pequenos sangramentos visíveis pelo reto.1 Já em relação à HDB de apresentação mais aguda, historicamente, as principais causas, inclusive passíveis de abordagem endoscópica, são a doença diverticular, as lesões vasculares e o sangramento pós-polipectomia (SPP).
Quanto às causas da HDB aguda, em um grande estudo multicêntrico japonês em que 88% dos pacientes foram submetidos a colonoscopia, a doença diverticular foi responsável por 64% dos casos, incluindo pacientes com diagnóstico definitivo do sangramento (com estigmas de sangramento recente) e com diagnóstico presuntivo, ou seja, diagnóstico de divertículos sem outras causas de sangramento. Outras causas citadas foram colite isquêmica, hemorroidas, angiectasias, neoplasia, SPP, colites, úlceras secundárias ao uso de anti-inflamatório não esteroide (AINE) e proctopatia actínica. Causas menos frequentes foram varizes colorretais e lesões vasculares de Dieulafoy.2