Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- descrever as opções técnicas de tratamento endoscópico do reganho de peso pós bypass gástrico;
- listar as principais evidências científicas sobre a eficácia e a segurança do tratamento endoscópico do reganho de peso pós bypass gástrico;
- identificar as principais indicações e contraindicações do tratamento endoscópico do reganho de peso pós-bypass gástrico.
Esquema conceitual
Introdução
A obesidade é uma doença crescente no mundo todo, especialmente, nos países desenvolvidos.1 Além da autoestima e das questões estéticas, representa enorme ameaça à saúde, pois é um fator de risco central para inúmeras outras doenças e aumenta o risco de morte por qualquer causa.2 Consequentemente, seu tratamento é uma grande preocupação da humanidade.
A cirurgia bariátrica é a modalidade terapêutica mais eficaz e segura no combate à obesidade complicada e refratária (índice de massa corporal [IMC] ≥35kg/m²).3 Diretrizes recentes sugerem abordagem cirúrgica para obesidade classe I após os métodos conservadores falharem;4 nesse sentido, a quantidade de procedimentos bariátricos vem aumentando de forma acentuada. Dados recentes mostram que o número de cirurgias em todo mundo passou de 460 mil, em 2013, para 680 mil, em 2016.5 Atualmente, o bypass gástrico em Y-de-Roux (BGYR) padrão é a cirurgia mais realizada no Brasil e na América Latina.5,6
O BGYR é o procedimento mais eficaz, em termos de controle do excesso de peso — até 85% de perda de excesso de peso (PEP) em longo prazo.7 Entretanto, a maioria dos pacientes recupera parte do peso perdido e até um terço reganha >25% da perda total de peso.8 Esse fato é particularmente preocupante, uma vez que os dados sugerem que a recuperação de apenas 15% da perda máxima de peso tem impacto negativo na qualidade de vida, pode piorar ou levar ao retorno de comorbidades relacionadas com o peso e aumenta os gastos em saúde.9,10 Além disso, até 20% dos pacientes não atinge sucesso clínico, comumente definido como PEP superior a 50% um ano após a cirurgia.10,11
A reoperação bariátrica, seja por complicações ou por reganho de peso, acarreta taxas substanciais de eventos adversos em comparação com o procedimento primário.12 Portanto, abordagens menos invasivas são oportunas e, entre as quais, se destacam os procedimentos endoscópicos com perfis de eficácia e segurança dignos de nota. Este capítulo sumariza as recentes evidências, indicações, contraindicações e técnicas para tratamento endoscópico do reganho de peso pós-BGYR.