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O futuro da endoscopia bariátrica e metabólica

Autores: Eduardo Guimarães Hourneaux de Moura, Luís Correia Gomes
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • reconhecer o impacto social, econômico e na saúde da obesidade;
  • reconhecer os principais mecanismos da fisiopatologia da obesidade;
  • reconhecer as principais indicações para o tratamento endoscópico;
  • identificar o papel da endoscopia na obesidade;
  • indicar os principais tratamentos endoscópicos;
  • reconhecer as principais complicações dos tratamentos endoscópicos:
  • reconhecer o prognóstico e os resultados dos procedimentos endoscópicos;
  • reconhecer as perspectivas do futuro da endoscopia bariátrica.

Esquema conceitual

Introdução

A obesidade, definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o acúmulo excessivo de gordura que pode prejudicar a saúde, diagnosticado em pacientes com um índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30kg/m², está associada a uma diminuição da expectativa de vida estimada em 5 a 20 anos, dependendo da gravidade da condição e das doenças comórbidas.1 Globalmente, 39% dos adultos com mais de 18 anos tinham excesso de peso (IMC acima de 25kg/m²) e 13% apresentavam obesidade (IMC superior a 30kg/m²) em 2016.2

No Brasil, dados recentes da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que seis em cada 10 adultos brasileiros estão com excesso de peso, representando aproximadamente 96 milhões de pessoas. Evidências epidemiológicas convincentes sugerem que um alto IMC aumenta o risco de várias doenças não transmissíveis (DNTs), como doenças cardiovasculares, diabetes melito e vários tipos de câncer. Em 2016, as DNTs foram responsáveis por 71,0% de todas as mortes no mundo e 76,4% de todas as mortes no Brasil.3

A prevalência alarmante de sobrepeso e obesidade tem sido uma preocupação significativa para a saúde pública e representa um substancial ônus econômico para os sistemas de saúde.4,5 Assim, em decorrência dessa pandemia, organizações internacionais, como OMS, Nações Unidas, European Society for Clinical Nutrition and Metabolism (ESPEN)/United European Gastroenterology (UEG), Federação Mundial da Obesidade, Associações Médicas Americana e Canadense, declararam que a obesidade é uma doença crônica progressiva, em vez de apenas um fator de risco, e desenvolveram estratégias e metas para reduzir o ônus causado por ela.5,6

Intervenções para perda de peso, visando a reduzir a ingestão calórica e aumentar o gasto de energia, frequentemente não são bem-sucedidas a longo prazo, e a cirurgia, apesar de ser o método mais eficaz e duradouro para perda de peso sustentada e controle da obesidade, está associada a uma taxa de comorbidade perioperatória significativa (0,5 a 9,6%), e cerca da metade dos pacientes desenvolverá algum grau de reganho de peso a longo prazo.7 Nesse sentido, o tratamento da obesidade e de suas comorbidades associadas recentemente expandiu-se para o campo da endoscopia bariátrica:

  • por meio de terapias primárias, preenchendo a lacuna entre terapias menos invasivas (modificação do estilo de vida e/ou terapia farmacológica) e a cirurgia bariátrica;
  • por meio de terapias de revisão, otimizando o tratamento do reganho de peso após a cirurgia bariátrica;
  • no manejo das complicações pós-cirúrgicas da cirurgia bariátrica.

A seguir, é explorada detalhadamente uma variedade de tratamentos endoscópicos destinados ao manejo da obesidade, examinando-se suas indicações, técnicas, potenciais complicações e desfechos clínicos.

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