Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- avaliar os benefícios funcionais e psíquicos da cirurgia de ninfoplastia ou labioplastia;
- revisar alguns pontos da anatomia da vulva;
- identificar os vários tipos anatômicos de pequenos lábios;
- descrever as diferentes classificações da hipertrofia dos pequenos lábios;
- indicar a melhor técnica cirúrgica para correção dessa variação anatômica.
Esquema conceitual
Introdução
Segundo a mitologia grega, a ninfa é conhecida como a divindade que habita lagos, florestas, bosques, rios, montanhas e demais ambientes da natureza. Assim, as ninfas seriam a personificação da fertilidade da natureza e, por esse motivo, são representadas sempre por seres do sexo feminino.
A saúde sexual é definida como “um estado de bem-estar físico, emocional, mental e social em relação à sexualidade”. Não é, portanto, simplesmente a ausência de doença, disfunção ou enfermidade, de acordo com a World Health Organization (WHO).1 Assim, a preocupação feminina com a função e a aparência de seus órgãos genitais externos inclui-se na definição de saúde de forma integral, merecendo ser identificada e, na medida do possível, tratada.
A cirurgia íntima ou cirurgia plástica genital compreende procedimentos cirúrgicos na genitália feminina, com o objetivo de melhorar a sua estética. Em 2007, a American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) elaborou um documento de recomendações sobre a cirurgia íntima, no qual considera apropriada a cirurgia para corrigir os defeitos resultantes de circuncisão, frouxidão, defeitos da vagina pós-parto e hipertrofia dos pequenos lábios. Essas recomendações foram revalidadas pela ACOG em 2016.2
A região genital feminina tem uma ampla variação anatômica, em relação às dimensões e à aparência, o que impossibilita estabelecer um padrão anatômico de normalidade genital.3 Por ser uma área erógena e primordial para a função sexual, a melhora da aparência da genitália externa visa atender ao padrão de beleza e à sensualidade estabelecida pelas tendências da moda, divulgadas na televisão e nas redes sociais. Isso proporciona um dilema para o médico, no sentido de decidir sobre intervir no que é anatomicamente normal para adequar ao que é socialmente idealizado para a mulher.3