Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer a evolução temporal do conceito de psiquiatria digital;
- reconhecer as alterações terapêuticas proporcionadas pela integração da tecnologia ao cuidado, principalmente por meio de aplicativos de smartphones;
- identificar evidências científicas que suportam o uso de aplicativos para tratamento dos transtornos mentais e suas especificidades;
- reconhecer o conceito de clínica digital e sua forma de abordagem.
- identificar e avaliar aplicativos úteis e seguros para auxílio no manejo de pacientes com transtornos psiquiátricos.
Esquema conceitual
Introdução
Os transtornos mentais afetam cerca de 1 bilhão de pessoas a cada ano, trazendo impactos sociais, educacionais e profissionais importantes.1 O modelo de tratamento atual tem encontrado diversas barreiras que impactam na entrega de um acompanhamento adequado a esses pacientes, devido ao insuficiente número de profissionais, ao estigma ou às dificuldades geográficas. Relatório norte-americano, publicado em 2020, destacou que seria necessário acrescentar 4 milhões de profissionais, nos EUA, para suprir a demanda de atendimentos em saúde mental.2
Em escala global, não parece que o modelo atual, baseado exclusivamente em atendimento presencial, seja capaz de atender a essa crescente demanda. O tratamento dos transtornos mentais deve mudar consideravelmente nos próximos anos, a fim de reduzir esse hiato existente entre a demanda por tratamento e a capacidade humana de supri-la.3
A psiquiatria digital surge nesse contexto como uma possibilidade de aumentar a qualidade dos serviços e o acesso aos cuidados em saúde mental. Apesar de avanços prévios tecnológicos, a pandemia por COVID-19 salientou a necessidade de inovações e novas ferramentas que possam oferecer um cuidado mais acessível e abrangente.4
A era digital tem oferecido uma elevada quantidade de dados (big data), principalmente por meio dos smartphones, e a possibilidade de analisar esses dados para prover cuidado aos pacientes. Observa-se que esses novos métodos irão possibilitar ao clínico maior precisão na avaliação e tomada de conduta e permitirão que os pacientes tenham um papel mais ativo em seu próprio cuidado.5