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O TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR É UMA DOENÇA INFLAMATÓRIA?

Autores: Gislaine Zilli Reus, Luana Meller Manosso, Ritele Hernandez da Silva
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • reconhecer a relação entre o transtorno depressivo maior (TDM) — aqui tratado também como depressão — e a inflamação;
  • compreender a origem da inflamação e como ela chega no sistema nervoso central (SNC);
  • entender como a neuroinflamação pode impactar na fisiopatologia do TDM;
  • identificar oportunidades terapêuticas para o TDM no contexto neuroinflamatório.

Esquema conceitual

Introdução

O TDM é incapacitante e de alcance global, afetando todas as faixas etárias, sexos, raças e estratos econômicos.1 Apesar dos avanços significativos na compreensão atual da fisiopatologia do TDM, nenhum mecanismo único parece explicar todas as facetas desse transtorno de humor.1

A farmacoterapia do TDM baseia-se na conhecida hipótese monoaminérgica, que postula que o TDM está associado a uma deficiência dos neurotransmissores monoaminérgicos, incluindo a serotonina, a dopamina e a noradrenalina na fenda sináptica.1 Embora os fármacos antidepressivos aumentem os níveis dessas monoaminas logo após o uso, a melhora nos sintomas clínicos pode levar semanas. Além disso, alguns pacientes são resistentes ao tratamento, não apresentando melhora significativa nos sintomas clínicos.1

Com base nessas observações, sugere-se que outros aspectos, além da diminuição das monoaminas, podem estar envolvidos na fisiopatologia do TDM, entre os quais, podem-se destacar:1

 

  • fatores genéticos e epigenéticos;
  • desregulação no eixo hipotálamo–hipófise–adrenal (HPA), principal eixo ativado durante situações de estresse;
  • diminuição dos níveis de neurotrofinas, em especial do fator neurotrófico-derivado do encéfalo (BDNF, do inglês, brain-derived neurotrophic factor), responsável por estimular a neurogênese, contribuir para a sobrevivência de neurônios já existentes e estimular a plasticidade sináptica;
  • elevação nos níveis do neurotransmissor glutamato;
  • mudanças no eixo microbiota–intestino–cérebro;
  • aumento de estresse oxidativo e inflamação.

Embora esses fatores possam se sobrepor, evidências recentes indicam que o sistema imunológico e, em particular, a resposta inflamatória, podem estar envolvidos na fisiopatologia do TDM.2

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