Introdução
A otite média com efusão (OME), também chamada de otite média secretora, é definida pela presença de fluido na orelha média na ausência de sinais ou sintomas de uma infecção aguda no ouvido.1
Apesar dessa descrição, estudos detectaram recentemente bactérias no fluido da OME que utilizaram métodos moleculares, mostrando que não é um líquido com ausência de bactérias, como a definição o apresenta. Os biofilmes colonizando a orelha média foram encontrados em um número significativo de crianças.2
A OME é uma das patologias mais comuns entre as crianças.3 Por vezes diagnosticada em adultos, é uma doença considerada pediátrica pela alta incidência nessa faixa etária,2 chegando a 90% das crianças antes da idade escolar, com quatro episódios, em média, por ano.1 Outros autores relatam que 60% das crianças foram acometidas por, pelo menos, um episódio de OME antes dos 7 anos de idade.3
Apesar de ser subdiagnosticada e provocar vários episódios assintomáticos ou com poucos sintomas, nos Estados Unidos ocorrem 2,2 milhões de diagnósticos por ano, com um custo de 4 bilhões de dólares para o sistema de saúde.1
O diagnóstico da OME se baseia em anamnese completa, um bom exame físico utilizando otoscópio para avaliar se há alterações timpânicas sugestivas de efusão na orelha média, aliado à audiometria e timpanometria, e avaliação nasal e da nasofaringe a procura de fatores obstrutivos. Seu manejo é baseado principalmente em watchful waiting, tratamento clínico e intervenção cirúrgica.4
Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar a relação da OME e da COME com algumas malformações craniofaciais, assim como suas alterações anatômicas que predispõe a OME;
- identificar os pontos-chave do diagnóstico por meio da fisiopatologia, epidemiologia, etiopatogênese e da história natural da OME;
- indicar os exames diagnósticos e o manejo da OME nas anormalidades craniofaciais.