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Processo de enfermagem na disfunção do trato urinário inferior de pacientes adultos e pediátricos

Autores: Laís Fumincelli, Nayara dos Santos Rodrigues, Julia Blanco, Gisele Martins
epub-COLETANEA-DIAG-ENF-V2_Artigo2

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • definir disfunção do trato urinário inferior;
  • reconhecer os fatores de risco para esse quadro no paciente adulto e pediátrico;
  • identificar os diagnósticos de enfermagem pertinentes ao contexto da disfunção do trato urinário inferior;
  • estabelecer resultados a serem alcançados e intervenções.

Esquema conceitual

Introdução

O processo de enfermagem (PE) subsidia a prática profissional do enfermeiro, auxiliando na tomada de decisões. Trata-se de um instrumento dinâmico e sistemático, que permite identificar, compreender, descrever, prever e avaliar a assistência de enfermagem ao paciente, à família e à comunidade. Além disso, o PE proporciona ao enfermeiro uma análise constante de suas habilidades, por meio do desenvolvimento do pensamento crítico e do raciocínio clínico profissional.1

No contexto das disfunções crônicas envolvendo a eliminação urinária (DTUIs), as ações de enfermagem, voltadas tanto aos pacientes (crianças e adultos) quanto a seus cuidadores, têm como foco a aplicação de ações não invasivas, a realização de treinos de procedimentos e a educação em saúde. Os principais objetivos são reconhecer os fatores de risco associados às disfunções urinárias.

Reconhecê-los permite o incentivo a uma maior continência urinária e, consequentemente, à prevenção do desenvolvimento de uma doença renal crônica.2 A prestação de uma assistência sistematizada e segura, por meio do PE, ao paciente com DTUI (seja adulto ou criança), significa a garantia de práticas de enfermagem seguras e uma melhor qualidade de vida (QV) ao paciente e a seu cuidador.

Neste capítulo, serão desenvolvidas as habilidades e o raciocínio clínico do enfermeiro para as melhores escolhas de ações e decisões nas diferentes etapas do PE voltado ao paciente com DTUI. Portanto, as intervenções de enfermagem devem ser subsidiadas por um diagnóstico de enfermagem (DE).

Tanto as intervenções quanto os resultados esperados dessas ações devem ser estabelecidos por meio de sistemas de linguagem padronizada (SLPs) — Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC) e Classificação dos Resultados de Enfermagem (NOC), respectivamente —, com base em evidências da literatura científica para a abordagem do paciente com DTUI.

Eliminação urinária

A eliminação urinária é uma das funções essenciais do corpo humano, uma vez que filtra as impurezas e os resíduos sanguíneos e linfáticos. O sistema urinário é composto por dois rins, dois ureteres, bexiga, uretra e meato urinário. A bexiga urinária é um órgão muscular oco e elástico, que funciona como um reservatório temporário para o armazenamento da urina.3

Ela possui fibras musculares que, quando contraídas, realizam pressão na urina em direção à uretra proximal durante a micção. A bexiga tem inervação simpática na porção localizada acima dos orifícios ureterais, denominada corpo vesical, assim como na base, que incorpora o trígono e o colo vesical.3

Para que ocorra a eliminação urinária, é necessário que os músculos da bexiga se contraiam por estímulos parassimpáticos. O ato da micção também é coordenado, em diferentes níveis, pelos sistemas nervosos central e periférico e por um conjunto de estruturas das musculaturas da bexiga, da uretra e dos esfíncteres.4 O declínio da função miccional pode, ainda, ter causas atreladas a alterações anatômicas, neurológicas ou vesicais.3,4

O enfermeiro é o profissional de saúde que mais se aproxima da pessoa com uma doença crônica que altera a eliminação urinária, seja na fase da infância ou idade adulta. Compete a ele capacitar o indivíduo à autorrealização das atividades e dos procedimentos relacionados ou habilitar o cuidador desse paciente para a adaptação das novas rotinas, além de garantir e promover a QV do paciente e de seu cuidador.5–7 Os principais objetivos do enfermeiro é reabilitar e melhorar as funções de armazenamento e esvaziamento da bexiga urinária, assim como preservar as funções renais do paciente.8

O processo de reabilitação do paciente com alteração na eliminação urinária deve ser iniciado na fase aguda da doença, logo após a ocorrência de alguma incapacidade. Os objetivos disso envolvem instituir a adaptação da pessoa, do cuidador e da família à nova condição e prevenir agravamentos e o aparecimento de possíveis complicações. No caso da criança, a reabilitação se inicia a partir do diagnóstico de DTUI, que pode ser associado a uma incapacidade, malformações congênitas, entre outras condições.2,5,6

A atuação do enfermeiro no processo de reabilitação urinária é primordial, incluindo os seguintes fatores:2,5,6

  • realização da assistência;
  • fornecimento de orientações;
  • capacitação ao cuidado no indivíduo no domicílio:
    • uso de medicações diárias;
    • utilização de dispositivos (p. ex., cateter urinário intermitente limpo);
    • realização de curativos.
  • promoção do autocuidado e da melhor QV.

Aspectos gerais da disfunção do trato urinário inferior

DTUI é um termo amplo designado para relatar um padrão de eliminação urinária anormal em relação ao esperado para a idade do indivíduo, que pode estar relacionado à fase de enchimento ou de esvaziamento vesical, na ausência de alterações neurológicas, vesicais ou anatômicas.9 O termo DTUI descreve distúrbios nas fases da micção de armazenamento ou de esvaziamento, bem como outros sintomas, a saber:10

  • distúrbios na fase de armazenamento:
    • alteração da frequência urinária;
    • incontinência;
    • urgência;
    • noctúria.
  • distúrbios na fase de esvaziamento:
    • hesitação;
    • esforço;
    • jato fraco ou intermitente;
    • disúria.
  • outros sintomas:
    • manobras de contenção;
    • sensação de esvaziamento incompleto;
    • retenção urinária;
    • gotejamento pós-miccional.

Ao longo do ciclo da vida, os indivíduos com DTUI apresentam diferentes sintomas causados pelas alterações do trato urinário inferior.5,11 Desse modo, a identificação da disfunção é baseada na história clínica do paciente em conjunto com instrumentos específicos, podendo, ainda, ser realizados exames para a avaliação da função vesical.

O tratamento da DTUI depende de um conjunto de fatores:2,6

  • causa da disfunção;
  • presença de comorbidades clínicas;
  • estado geral do indivíduo;
  • repercussão sobre o trato urinário superior;
  • tipo de disfunção miccional.

As alternativas de tratamento incluem uso de medicamentos, manejo da incontinência ou retenção urinária, diário de eliminação, cateterismo urinário, entre outras. Os efeitos e as implicações do tratamento podem ter um impacto expressivo na QV do paciente, seja adulto, seja criança.2,6

O uso de diários de eliminação tem finalidade tanto de diagnóstico quanto de monitoramento da evolução dos sintomas.12

Pacientes pediátricos

As DTUIs representam a razão para cerca de 40% dos encaminhamentos para consultas uro/nefropediátricas. Normalmente, são diagnosticadas após infecções do trato urinário (ITUs) recorrentes ou diante da enurese ou perda urinária durante o sono em crianças com mais de 5 anos, idade a partir da qual é esperada a continência urinária e fecal.13,14

A DTUI é um quadro prevalente na infância, relacionado a um grande impacto na QV da criança e de sua família. Nesse contexto, um fator primordial consiste no diagnóstico e no tratamento precoces, com vistas a diminuir as repercussões social e clínica da condição.15,16

No caso de crianças, a DTUI é parte da disfunção vesical e intestinal, uma vez que os sintomas urinários sempre estão associados a sintomas intestinais, particularmente à constipação intestinal funcional. Sua ocorrência possui etiologia multifatorial, que ainda não foi amplamente esclarecida.9,17

Observa-se que, por volta dos 3 a 5 anos, a criança já é capaz de utilizar o mecanismo de controle do sistema nervoso sobre o trato urinário inferior. No entanto, algumas crianças realizam manobras de contenção para postergar a micção, ou mesmo de contração do assoalho pélvico, com a finalidade de inibir a contração do músculo detrusor, resultando no adiamento da micção. Esses e outros hábitos podem manter a ocorrência da DTUI e acarretar a hiperatividade do assoalho pélvico, gerando consequências ao sistema de controle de micção.17

Para a identificação clínica da DTUI na infância e a avaliação da evolução do paciente, podem ser usados alguns instrumentos. O Dysfunctional Voiding Scoring System (DVSS) é utilizado para mensurar a gravidade da DTUI. Adicionalmente, pode ser aplicado o Pediatric Urinary Incontinence Quality of Life (PinQ), para avaliar o impacto emocional causado pela incontinência na vida da criança.9 Sabendo-se da relação da constipação com a DTUI, os Critérios de Roma IV são empregados, com o auxílio da Escala Fecal de Bristol, para a classificação visual das fezes.15,18

Pacientes adultos

As principais causas da DTUI no adulto estão relacionadas a alterações anatômicas, como hiperplasia da próstata, válvula de uretra posterior e estenoses de uretra e meato uretral. As disfunções vesicais são representadas por processos obstrutivos crônicos.9,19,20

A disfunção neurológica pode ser decorrente de qualquer processo patológico que acometa as vias nervosas envolvidas no processo miccional, incluindo os seguintes:9,19,20

  • sequelas de acidente vascular cerebral (AVC);
  • traumatismos;
  • mielodisplasia;
  • esclerose múltipla;
  • doença de Parkinson.

Com relação às causas da DTUI no adulto, destaca-se o processo de envelhecimento, que envolve a diminuição da capacidade detrusora da bexiga e o aumento das contrações involuntárias.9,19,20

Na fase adulta, os principais sinais e sintomas relacionados à DTUI são estes:19

  • perdas urinárias diurnas e noturnas;
  • infecções urinárias de repetição;
  • incontinências urinárias;
  • cicatrizes renais;
  • refluxo vesicureteral;
  • bexiga urinária neurogênica;
  • neoplasias;
  • bexiga hiperativa.

Essas alterações são responsáveis por longas permanências hospitalares, na maioria das vezes em decorrência de tratamentos prolongados, sobretudo em pacientes com a mobilidade comprometida.19

Fatores de risco para a disfunção do trato urinário inferior

Em crianças, além de hábitos ruins de eliminação urinária, algumas comorbidades são relacionadas como fatores de risco para a ocorrência de DTUIs. Já em adultos, os fatores de risco para DTUIs estão fortemente associados aos hábitos de vida (Quadro 1).17

QUADRO 1

FATORES DE RISCO PARA DISFUNÇÃO DO TRATO URINÁRIO INFERIOR

PACIENTES PEDIÁTRICOS

PACIENTES ADULTOS

  • Constipação e incontinência fecal.
  • ITU.
  • Refluxo vesicureteral.
  • Condições neuropsiquiátricas.
  • Distúrbios do sono.
  • Obesidade.
  • Consumo de dietéticos.
  • Comportamentos.
  • Estilo de vida.
  • Uso de métodos não farmacológicos (p. ex., manobras e hábitos alimentares).

// Fonte: Adaptado de Nardozza Júnior e colaboradores (2010);3 Sociedade Brasileira de Pediatria (2017).17

O próprio processo de envelhecimento pode acarretar a diminuição da capacidade detrusora da bexiga e o aumento da quantidade de contrações involuntárias do músculo detrusor. Isso leva ao aumento da frequência da vontade de urinar e dos sintomas de urgência e incontinência urinária.3 A incontinência urinária pode ser dividida conforme apresentado no Quadro 2.

QUADRO 2

TIPOS DE INCONTINÊNCIA URINÁRIA

POR ESFORÇO

POR HIPERATIVIDADE DO MÚSCULO DETRUSOR

Caracteriza-se pelo aumento da pressão intra-abdominal e pela ausência de atividade do músculo detrusor.

Está associada à contração involuntária do músculo detrusor. Pode ser dividida em idiopática, quando a causa não é identificada, ou neurogênica, quando se deve a uma lesão neurológica.

// Fonte: Adaptado de Nardi e colaboradores (2014).8

A lesão medular é uma condição permanente ou temporária que pode afetar as funções motora, sensitiva e autonômica, sendo prevalente como causa externa de DTUI entre adultos jovens. Esse tipo de lesão pode causar alterações significativas nas necessidades humanas básicas e, consequentemente, na QV desses pacientes.7,21 Qualquer lesão nervosa em nível medular tem potencial para acarretar uma alteração no funcionamento da bexiga urinária, ocasionando a bexiga urinária neurogênica.3,4

A bexiga urinária neurogênica é uma condição caracterizada pela interrupção da comunicação entre a bexiga urinária e o sistema nervoso, em que ocorre o acúmulo de resíduo pós-miccional e/ou a retenção parcial ou total da urina em razão da perda do tônus e da contratilidade do músculo detrusor da bexiga.22–24

Essas disfunções apresentam como principais problemas a incontinência urinária, perda involuntária de urina, retenção urinária e infecções urinárias recorrentes causadas pela estase urinária residual.22–24

ATIVIDADES

1. Com relação à eliminação urinária, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).

Uma das finalidades da eliminação urinária é a filtração de impurezas e resíduos sanguíneos e linfáticos.

A inervação simpática do sistema urinário se localiza acima dos orifícios ureterais e na base, incorporando o trígono e o colo vesical.

A bexiga é um órgão de estrutura muscular oca e estática com a função de armazenamento da urina.

A eliminação urinária requer o relaxamento dos músculos da bexiga, por meio de estímulos parassimpáticos.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V — F — V — F

B) F — F — V — V

C) V — V — F — F

D) F — V — F — V

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".


A bexiga é um órgão de estrutura muscular oca e elástica com a função de armazenamento da urina. Para que ocorra a eliminação urinária, faz-se necessária a contração dos músculos da bexiga, por meio de estímulos parassimpáticos.

Resposta correta.


A bexiga é um órgão de estrutura muscular oca e elástica com a função de armazenamento da urina. Para que ocorra a eliminação urinária, faz-se necessária a contração dos músculos da bexiga, por meio de estímulos parassimpáticos.

A alternativa correta é a "C".


A bexiga é um órgão de estrutura muscular oca e elástica com a função de armazenamento da urina. Para que ocorra a eliminação urinária, faz-se necessária a contração dos músculos da bexiga, por meio de estímulos parassimpáticos.

2. Com relação à classificação das DTUIs em distúrbios na fase de armazenamento, distúrbios na fase de esvaziamento ou outros sintomas, correlacione as colunas.

1 Distúrbios na fase de armazenamento

2 Distúrbios na fase de esvaziamento

3 Outros sintomas

Manobras de contenção.

Esforço.

Disúria.

Noctúria.

Urgência.

Retenção urinária.

Incontinência.

Hesitação.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) 2 — 1 — 3 — 2 — 1 — 3 — 2 — 3

B) 2 — 3 — 1 — 1 — 2 — 2 — 3 — 3

C) 1 — 2 — 2 — 3 — 3 — 2 — 1 — 2

D) 3 — 2 — 2 — 1 — 1 — 3 — 1 — 2

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "D".


Além das DTUIs supracitadas, há distúrbios na fase de armazenamento (com alteração da frequência urinária), distúrbios na fase de esvaziamento (com jato fraco ou intermitente) e outros sintomas (sensação de esvaziamento incompleto e gotejamento pós-miccional).

Resposta correta.


Além das DTUIs supracitadas, há distúrbios na fase de armazenamento (com alteração da frequência urinária), distúrbios na fase de esvaziamento (com jato fraco ou intermitente) e outros sintomas (sensação de esvaziamento incompleto e gotejamento pós-miccional).

A alternativa correta é a "D".


Além das DTUIs supracitadas, há distúrbios na fase de armazenamento (com alteração da frequência urinária), distúrbios na fase de esvaziamento (com jato fraco ou intermitente) e outros sintomas (sensação de esvaziamento incompleto e gotejamento pós-miccional).

3. Com relação ao tratamento da DTUI, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).

Para o adequado tratamento, faz-se necessário ponderar diversos fatores, como: causa da disfunção; presença de comorbidades clínicas; estado geral do indivíduo.

As alternativas de tratamento se resumem ao uso de medicações e ao cateterismo urinário.

O diário de eliminação constitui um instrumento que pode auxiliar o diagnóstico e o manejo da DTUI.

A DTUI e seu tratamento costumam ter pouco impacto na QV do indivíduo.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V — F — V — F

B) F — F — V — V

C) V — V — F — F

D) F — V — F — V

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".


Além dos aspectos citados, a repercussão sobre o trato urinário superior e o tipo de disfunção miccional precisam ser considerados para o adequado tratamento da DTUI. Como alternativas de tratamento, também podem ser citados o manejo da incontinência ou retenção urinária e o diário de eliminação. Tal diário auxilia no diagnóstico e no manejo da DTUI. A DTUI e seu tratamento geram um impacto significativo na QV do indivíduo, seja criança, seja adulto.

Resposta correta.


Além dos aspectos citados, a repercussão sobre o trato urinário superior e o tipo de disfunção miccional precisam ser considerados para o adequado tratamento da DTUI. Como alternativas de tratamento, também podem ser citados o manejo da incontinência ou retenção urinária e o diário de eliminação. Tal diário auxilia no diagnóstico e no manejo da DTUI. A DTUI e seu tratamento geram um impacto significativo na QV do indivíduo, seja criança, seja adulto.

A alternativa correta é a "A".


Além dos aspectos citados, a repercussão sobre o trato urinário superior e o tipo de disfunção miccional precisam ser considerados para o adequado tratamento da DTUI. Como alternativas de tratamento, também podem ser citados o manejo da incontinência ou retenção urinária e o diário de eliminação. Tal diário auxilia no diagnóstico e no manejo da DTUI. A DTUI e seu tratamento geram um impacto significativo na QV do indivíduo, seja criança, seja adulto.

4. Como é caracterizada a incontinência urinária por esforço?

A) Diminuição da pressão intra-abdominal e ausência de atividade do músculo detrusor.

B) Aumento da pressão intra-abdominal e ausência de atividade do músculo detrusor.

C) Diminuição da pressão intra-abdominal e hiperatividade do músculo detrusor.

D) Aumento da pressão intra-abdominal e hiperatividade do músculo detrusor.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".


A incontinência urinária por esforço se caracteriza pelo aumento da pressão intra-abdominal e pela ausência de atividade do músculo detrusor, enquanto a incontinência urinária por hiperatividade do músculo detrusor está associada à contração involuntária do músculo detrusor (pode ser dividida em idiopática, quando a causa não é identificada, ou neurogênica, quando se deve a uma lesão neurológica).

Resposta correta.


A incontinência urinária por esforço se caracteriza pelo aumento da pressão intra-abdominal e pela ausência de atividade do músculo detrusor, enquanto a incontinência urinária por hiperatividade do músculo detrusor está associada à contração involuntária do músculo detrusor (pode ser dividida em idiopática, quando a causa não é identificada, ou neurogênica, quando se deve a uma lesão neurológica).

A alternativa correta é a "B".


A incontinência urinária por esforço se caracteriza pelo aumento da pressão intra-abdominal e pela ausência de atividade do músculo detrusor, enquanto a incontinência urinária por hiperatividade do músculo detrusor está associada à contração involuntária do músculo detrusor (pode ser dividida em idiopática, quando a causa não é identificada, ou neurogênica, quando se deve a uma lesão neurológica).

Processo de enfermagem para pacientes com disfunção do trato urinário inferior

O enfermeiro proporciona o suporte profissional nos meios educativo, gerencial, clínico e de reabilitação, além de elaborar e implementar planos de cuidados, de acordo com a realidade vivenciada pelo paciente e por sua família. Dessa maneira, o profissional deve estar seguro e atualizado quanto às práticas e orientações concernentes aos cuidados ao indivíduo com DTUI.6 Em todo processo, aplica-se o pensamento crítico do enfermeiro.25

Coleta de dados

O conhecimento e a identificação da DTUI e dos fatores de risco que a desencadeiam são imprescindíveis para a etapa de coleta de dados. Nesse momento, são coletadas informações sobre o estado de saúde do paciente, em especial quanto às alterações urinárias, por meio de relatos do paciente e/ou de pessoas significativas (familiares, profissionais de saúde, entre outros), registros clínicos anteriores, entrevista e exame físico.

A coleta de dados consiste na primeira etapa do PE. Ela é composta por dados objetivos e subjetivos que, após serem coletados, são organizados e documentados de modo metódico.26 Para tanto, são realizados o histórico de enfermagem, ou entrevista, e o exame físico. O objetivo é obter dados que se tornarão informações relevantes para a realização das etapas subsequentes do PE.27

É imprescindível o domínio das técnicas propedêuticas de inspeção, palpação, percussão e ausculta, além da compreensão da fisiologia, para que sejam realizadas uma análise crítica dos dados e a proposição de um plano terapêutico condizente com as necessidades do paciente.26

A coleta de dados do paciente que apresenta queixa de DTUI deve considerar o indivíduo de modo integral, com ênfase na avaliação dos sistemas urinário e intestinal, além dos dados do histórico do paciente pertinentes à queixa principal.26 No processo de reabilitação urinária, a assistência de enfermagem salienta a avaliação integral do paciente e de seu âmbito familiar.

Dessa forma, a pessoa é avaliada não apenas nos níveis neurológico, motor e de eliminação, mas também em termos de alimentação, sexualidade, QV e contexto familiar, por meio de instrumentos de medida. A avaliação resulta na identificação da capacidade da pessoa para o desenvolvimento de suas atividades da vida diária, ou seja, do grau de dependência ou independência, compreendendo, também, os campos sociopsicológico, emocional e espiritual.

Entrevista (histórico de enfermagem)

Durante a entrevista com o paciente, o enfermeiro deve questionar sobre aspectos da saúde, como os seguintes:26

  • tratamentos ou condições de saúde anteriores;
  • antecedentes familiares;
  • medicamentos em uso;
  • hábitos e costumes;
  • alergias.

Além desses, também é necessário especificar se há queixas, como:

  • internação prévia em ITU;
  • incontinência urinária;
  • alterações nas características e no volume urinário;
  • presença de dor durante a micção.

Adicionalmente, podem ser vinculadas ferramentas para o levantamento de dados de forma mais precisa, como o diário de eliminação. Esse registro aborda, de forma detalhada, o padrão miccional, sinalizando a ocorrência de alguns sintomas relacionados a volume, frequência e mesmo perda urinária.26

Exame físico

Durante a inspeção, deve ser observada qualquer apresentação que fuja do padrão esperado e possa ser indicativo de comprometimento do funcionamento adequado do sistema urinário. Nesse sentido, a pele da genitália, o aspecto da urina e as manifestações mais sistêmicas (como edema periorbital e de extremidades), que podem estar associados à função renal, constituem itens que precisam ser avaliados. Na sequência, são realizadas a percussão, a palpação e a ausculta, que, via de regra, são significativas na presença de alterações das estruturas dos órgãos e na vigência de dor.26

Diagnóstico de enfermagem

Conforme a taxonomia da NANDA Internacional, Inc. (NANDA-I), o DE é definido como um julgamento clínico do enfermeiro sobre uma resposta humana a condições de saúde/processos de vida, ou uma suscetibilidade a tal resposta, de um indivíduo, um cuidador, uma família, um grupo ou uma comunidade. Um DE constitui a base para a escolha de intervenções de enfermagem a partir das quais serão alcançados os resultados pelos quais o enfermeiro é responsável.28

De maneira geral, dependendo do tipo, um DE pode ser composto por título, características definidoras e fatores relacionados (DE relacionado a problema), ou por título e fatores de risco (DE de risco), além de condições associadas e populações de risco. O Quadro 3 apresenta os elementos que podem compor um DE.

QUADRO 3

POSSÍVEIS ELEMENTOS DE UM DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM

Características definidoras

Estão relacionadas ao agrupamento de manifestações que podem estar presentes em um indivíduo, uma família, um grupo ou uma comunidade que apresente o DE (p. ex., sinais e sintomas apresentados pelo paciente, características observadas pelo enfermeiro ou coletadas a partir de relatos do paciente e/ou de seu familiar).

Fatores de risco

São antecedentes a uma resposta humana desfavorável por parte de um indivíduo, uma família, um grupo ou uma comunidade.

Fatores relacionados

São antecedentes a algo conhecido por ser associado, relacionado ou contribuinte para a ocorrência de alguma resposta humana, sendo modificados por intervenções de enfermagem.

Condições associadas

Estão relacionadas a diagnóstico médico, medicamentos, termos técnicos, procedimentos ou dispositivos específicos, os quais poderão dar apoio ao DE estabelecido, não sendo modificadas pelas intervenções de enfermagem.

Populações de risco

Referem-se a grupos de pessoas que apresentam semelhanças quanto a características sociodemográficas, histórico familiar, experiências que conduziram a uma resposta humana, não sendo modificadas pelas intervenções de enfermagem.

No que concerne ao paciente com alterações urinárias, seja na infância ou na idade adulta, a NANDA-I apresenta o domínio 3 (Eliminação e troca) e classe 1 (Função urinária). Durante a avaliação mais específica, o enfermeiro deve considerar a presença de DEs pertencentes a esse domínio e essa classe, incluindo os seguintes:

  • Eliminação urinária prejudicada;
  • Incontinência urinária de esforço;
  • Incontinência urinária de urgência;
  • Risco de incontinência urinária de urgência;
  • Incontinência urinária mista;
  • Incontinência urinária associada à incapacidade;
  • Retenção urinária;
  • Risco de retenção urinária.

No contexto deste capítulo, destaca-se o DE Eliminação urinária prejudicada, que envolve uma resposta humana que, por sua definição e por seus demais elementos (características definidoras, fatores relacionados, populações de risco e condições associadas (Quadro 4), pode ser frequentemente apresentada por pacientes com DTUI.

QUADRO 4

DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM ELIMINAÇÃO URINÁRIA PREJUDICADA

Domínio

3 (Eliminação e troca).

Classe

1 (Função urinária).

Código

00016.

Definição

Disfunção na eliminação de urina.

Características definidoras

  • Disúria.
  • Hesitação urinária.
  • Incontinência urinária.
  • Noctúria.
  • Retenção urinária.
  • Urgência urinária.
  • Urinar com frequência.

Fatores relacionados

  • Barreiras ambientais.
  • Consumo de álcool.
  • Consumo de cafeína.
  • Enfraquecimento das estruturas de suporte pélvico.
  • Fator ambiental alterado.
  • Hábitos de higiene íntima ineficazes.
  • Impactação fecal.
  • Músculo vesical enfraquecido.
  • Obesidade.
  • Postura inadequada no vaso sanitário.
  • Privacidade insuficiente.
  • Prolapso de órgão pélvico.
  • Relaxamento involuntário do esfíncter.
  • Tabagismo.
  • Uso de aspartame.

Populações em risco

  • Idosos.
  • Mulheres.

Condições associadas

  • Diabetes melito.
  • ITU.
  • Obstrução anatômica.
  • Prejuízo sensório-motor.

// Fonte: Adaptado de Herdman e colaboradores (2021).28

De acordo com a última revisão da NANDA-I, realizada em 2021–2023, o DE Eliminação urinária prejudicada pode ser identificado após uma avaliação abrangente realizada pelo enfermeiro. Ele subsidiará a elaboração de um plano de cuidados que inclua intervenções capazes de auxiliar no processo de armazenamento e eliminação urinária do paciente adulto ou criança.26

O DE Eliminação urinária prejudicada abrange os demais DEs da classe 1 (Função urinária). Seu estabelecimento requer uma investigação completa, que inclua desde comorbidades do paciente até hábitos de vida como higiene, uso de medicamentos diários, ingesta e eliminação de líquidos, entre outros fatores.29

ATIVIDADES

5. A coleta de dados é a primeira etapa do PE, abrangendo a entrevista e o exame físico. Ao realizar o exame físico no paciente com queixa de DTUI, o enfermeiro deve proceder a qual etapa?

A) Inspeção.

B) Percussão.

C) Palpação.

D) Ausculta.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".


Durante a inspeção, deve ser observada qualquer apresentação que fuja do padrão esperado e possa ser indicativo de comprometimento do funcionamento adequado do sistema urinário. Na sequência, são realizadas a percussão, a palpação e a ausculta, que, via de regra, são significativas na presença de alterações das estruturas dos órgãos e na vigência de dor.

Resposta correta.


Durante a inspeção, deve ser observada qualquer apresentação que fuja do padrão esperado e possa ser indicativo de comprometimento do funcionamento adequado do sistema urinário. Na sequência, são realizadas a percussão, a palpação e a ausculta, que, via de regra, são significativas na presença de alterações das estruturas dos órgãos e na vigência de dor.

A alternativa correta é a "A".


Durante a inspeção, deve ser observada qualquer apresentação que fuja do padrão esperado e possa ser indicativo de comprometimento do funcionamento adequado do sistema urinário. Na sequência, são realizadas a percussão, a palpação e a ausculta, que, via de regra, são significativas na presença de alterações das estruturas dos órgãos e na vigência de dor.

6. Assinale a alternativa que apresenta o domínio e a classe, respectivamente, em que se encontra o DE Eliminação urinária prejudicada, de acordo com a NANDA-I.

A) 1 (Eliminação e troca) — 1 (Função urinária)

B) 3 (Eliminação e troca) — 1 (Função urinária)

C) 1 (Função urinária) — 3 (Eliminação urinária)

D) 3 (Função urinária) — 3 (Eliminação urinária)

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".


No que concerne ao paciente com alterações urinárias, seja na infância, seja na idade adulta, a NANDA-I apresenta o domínio 3 (Eliminação e troca), classe 1 (Função urinária). Dentre os DEs desse domínio e dessa classe, destaca-se o intitulado Eliminação urinária prejudicada, que envolve uma resposta humana que, por sua definição e por seus demais elementos (características definidoras, fatores relacionados, populações de risco e condições associadas), pode ser frequentemente apresentada por pacientes com DTUI.

Resposta correta.


No que concerne ao paciente com alterações urinárias, seja na infância, seja na idade adulta, a NANDA-I apresenta o domínio 3 (Eliminação e troca), classe 1 (Função urinária). Dentre os DEs desse domínio e dessa classe, destaca-se o intitulado Eliminação urinária prejudicada, que envolve uma resposta humana que, por sua definição e por seus demais elementos (características definidoras, fatores relacionados, populações de risco e condições associadas), pode ser frequentemente apresentada por pacientes com DTUI.

A alternativa correta é a "B".


No que concerne ao paciente com alterações urinárias, seja na infância, seja na idade adulta, a NANDA-I apresenta o domínio 3 (Eliminação e troca), classe 1 (Função urinária). Dentre os DEs desse domínio e dessa classe, destaca-se o intitulado Eliminação urinária prejudicada, que envolve uma resposta humana que, por sua definição e por seus demais elementos (características definidoras, fatores relacionados, populações de risco e condições associadas), pode ser frequentemente apresentada por pacientes com DTUI.

7. Assinale a alternativa que apresenta a definição do DE Eliminação urinária prejudicada.

A) Disfunção na eliminação vesical.

B) Disfunção intestinal.

C) Disfunção vesical e intestinal.

D) Disfunção na eliminação de urina.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "D".


O DE Eliminação urinária prejudicada envolve uma resposta humana que, por sua definição e por seus demais elementos (características definidoras, fatores relacionados, populações de risco e condições associadas), pode ser frequentemente apresentada por pacientes com DTUI. Ele pertence ao domínio 3 (Eliminação e troca), classe 1 (Função urinária) da NANDA-I.

Resposta correta.


O DE Eliminação urinária prejudicada envolve uma resposta humana que, por sua definição e por seus demais elementos (características definidoras, fatores relacionados, populações de risco e condições associadas), pode ser frequentemente apresentada por pacientes com DTUI. Ele pertence ao domínio 3 (Eliminação e troca), classe 1 (Função urinária) da NANDA-I.

A alternativa correta é a "D".


O DE Eliminação urinária prejudicada envolve uma resposta humana que, por sua definição e por seus demais elementos (características definidoras, fatores relacionados, populações de risco e condições associadas), pode ser frequentemente apresentada por pacientes com DTUI. Ele pertence ao domínio 3 (Eliminação e troca), classe 1 (Função urinária) da NANDA-I.

Resultados de enfermagem

Ao diagnosticar um paciente com o DE Eliminação urinária prejudicada, o enfermeiro segue para a etapa de planejamento, a fim de estabelecer metas de melhora ou manutenção dos níveis determinados. Nessa etapa, a NOC pode ser aplicada de forma complementar à NANDA-I e à NIC. A NOC fornece uma identificação padronizada de resultados para a composição do plano de cuidados do paciente, que inclui um ou mais DEs prioritários, resultados e intervenções de enfermagem.29

Um resultado do paciente sensível à enfermagem, segundo a NOC, é “um estado, comportamento ou percepção do indivíduo, da família ou da comunidade, medido ao longo de um continuum na resposta a uma intervenção ou intervenções de enfermagem”.29

A partir da coleta de dados inicial e do DE estabelecido, é possível determinar os resultados mais apropriados àquele paciente, conforme descrito no Quadro 5.

QUADRO 5

EXEMPLOS DE RESULTADOS ESPERADOS PARA O DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM ELIMINAÇÃO URINÁRIA PREJUDICADA

Principal resultado para mensurar a resolução do DE

  • Eliminação urinária.

Resultados adicionais

  • Continência urinária.
  • Gravidade dos sintomas.

Resultados associados aos fatores relacionados ou resultados intermediários

  • Controle dos sintomas.
  • Envelhecimento físico.
  • Estado neurológico: função sensório-motora espinal.
  • Função renal.
  • Gravidade de infecção.
  • Gravidade de infecção: recém-nascido.
  • Hidratação.

// Fonte: Adaptado de Moorhead e colaboradores (2020).29

Cada resultado de enfermagem é composto por uma definição, um grupo de indicadores a ele associados, uma escala de mensuração do tipo Likert de cinco pontos e referências. No caso de um paciente com DE Eliminação urinária prejudicada, o enfermeiro pode estabelecer o resultado da NOC Eliminação urinária, que é definido como “armazenamento e eliminação de urina” e pertence ao domínio Saúde fisiológica, classe Eliminação.

O enfermeiro, então, seleciona um ou mais dos indicadores associados a esse resultado e avalia o paciente quanto a cada um deles, utilizando a escala do tipo Likert de cinco pontos (quanto menor o escore, pior o estado do paciente), conforme apresentado no Quadro 6.

QUADRO 6

RESULTADO DE ENFERMAGEM PARA NOC ELIMINAÇÃO URINÁRIA

ESCALA LIKERT

INDICADORES ASSOCIADOS

Escore padrão

Gravemente comprometido.

Muito comprometido.

Moderadamente comprometido.

Levemente comprometido.

Não comprometido.

  • Padrão de eliminação.
  • Odor da urina.
  • Quantidade de urina.
  • Cor da urina.
  • Limpidez da urina.
  • Ingestão de líquidos.
  • Esvaziamento completo da bexiga.
  • Reconhecimento da vontade.

Escore por grau

Grave.

Substancial.

Moderado.

Leve.

Nenhum.

  • Partículas visíveis na urina.
  • Sangue visível na urina.
  • Dor ao urinar.
  • Ardência ao urinar.
  • Hesitação ao urinar.
  • Frequência urinária.
  • Urgência para urinar.
  • Retenção urinária.
  • Noctúria.
  • Incontinência urinária.
  • Incontinência por esforço.
  • Incontinência de urgência.
  • Incontinência funcional.

Intervenções de enfermagem

Após o estabelecimento dos resultados esperados, de acordo com a NOC, segue-se para a indicação das possíveis intervenções de enfermagem, por meio da NIC. Trata-se de uma classificação abrangente e padronizada das intervenções realizadas pelos enfermeiros, sejam independentes, sejam colaborativas, de cuidado direto e indireto do paciente.30

Segundo a NIC, uma intervenção é definida como “qualquer tratamento, baseado no julgamento clínico e no conhecimento, realizado por um enfermeiro para melhorar os resultados obtidos pelo paciente”.30

Sempre que possível, as intervenções específicas devem ser estabelecidas em uma perspectiva de validação com o indivíduo e/ou seu cuidador. O objetivo de tais intervenções, no contexto deste capítulo, é otimizar e reeducar as funções, por meio da elaboração de programas de reeducação funcional para o sistema urinário.

O papel educativo do enfermeiro na reabilitação urinária auxilia o indivíduo a atingir o autocuidado, a readaptação funcional e a evolução para o máximo de independência possível, proporcionando, assim uma melhor QV.2,6 O estabelecimento e a implementação das intervenções de enfermagem envolvem o ensino, a demonstração e o treino de todas as técnicas e habilidades necessárias aos cuidados a serem realizados no domicílio, com o objetivo do desenvolvimento do autocuidado, sempre que possível.

A ênfase no autocuidado do indivíduo acometido por uma DTUI é extremamente importante, uma vez que o processo de reabilitação está associado a uma diversidade de variáveis. O desenvolvimento do autocuidado é um dos caminhos essenciais na especificidade da enfermagem urológica e de reabilitação para a concretização dos objetivos de todo o plano de cuidados proposto.2,31

As intervenções, diretas ou indiretas, têm os objetivos de detectar, prevenir e controlar problemas de saúde e riscos. Elas buscam a promoção do funcionamento ideal, da independência, da segurança, da sensação de bem-estar e da QV do paciente e do cuidador.32

Ao prescrever as intervenções de enfermagem, o enfermeiro deve contextualizá-las à realidade e às necessidades de saúde do paciente e de sua família, incluindo na descrição: data, verbo (ação a ser realizada), sujeito, frase descritiva (como, quando, onde, com que frequência, por quanto tempo ou quanto) e assinatura.32

No caso do paciente com DTUI e com o DE Eliminação urinária prejudicada, as possíveis intervenções de enfermagem estão descritas no Quadro 7.

QUADRO 7

POSSIVEIS INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM

Domínio (nível 1)

  • 1 (Fisiológico: básico) — Cuidados que dão suporte ao funcionamento físico.

Classe (nível 2)

  • B (Controle da eliminação) — Intervenções para estabelecer e manter padrões regulares de eliminação intestinal e urinária e controlar complicações provenientes de padrões alterados.

Intervenções (nível 3)

  • 0466 — Administração de enema.
  • 1804 — Assistência no autocuidado: uso do vaso sanitário.
  • 0580 — Cateterismo vesical.
  • 0582 — Cateterismo vesical: intermitente.
  • 0460 — Controle da diarreia.
  • 0590 — Controle da eliminação urinária.
  • 0450 — Controle de constipação intestinal/impactação.
  • 0630 — Controle do pessário.
  • 0490 — Controle do prolapso retal.
  • 0430 — Controle intestinal.
  • 1876 — Cuidados com cateteres: urinário.
  • 0480 — Cuidados com ostomias.
  • 0410 — Cuidados na incontinência intestinal.
  • 0412 — Cuidados na incontinência intestinal: encoprese.
  • 0610 — Cuidados na incontinência urinária.
  • 0612 — Cuidados na incontinência urinária: enurese.
  • 0620 — Cuidados na retenção urinária.
  • 0560 — Exercícios para a musculatura pélvica.
  • 0550 — Irrigação vesical.
  • 0640 — Micção induzida.
  • 0470 — Redução da flatulência.
  • 0600 — Treinamento do hábito urinário.
  • 0440 — Treinamento intestinal.
  • 0570 — Treinamento vesical.

// Fonte: Adaptado de Butcher e colaboradores (2020).30

No contexto pediátrico, salienta-se a importância do estabelecimento das práticas de uroterapia padrão como primeira linha de cuidado ante os distúrbios miccionais. A uroterapia é definida como um conjunto de intervenções direcionadas a pacientes com DTUI que visam promover informação e desmistificação, instrução para a resolução dos sintomas, conselhos sobre estilo de vida, registro dos sintomas e dos hábitos miccionais, além de apoio e incentivo.

Em casos específicos de DTUI sem resposta à uroterapia padrão, podem ser aplicadas intervenções de uroterapia específica, como:33

  • treinamento do assoalho pélvico;
  • tratamento com alarme;
  • biofeedback;
  • neuroestimulação;
  • cateterismo intermitente limpo;
  • outros programas individualizados.

Estudos realizados com pacientes adultos com DTUI decorrente, por exemplo, de esclerose múltipla e prostatectomia radical indicam a intervenção Controle de eliminação urinária (0590) como pertinente para pacientes com o DE Eliminação urinária prejudicada. Nesse sentido, devem ser prescritos os cuidados descritos a seguir:2

  • monitorar a eliminação urinária, inclusive frequência, consistência, odor, volume e cor, conforme apropriado;
  • orientar o paciente/a família a registrar o diário de eliminação, conforme apropriado;
  • identificar os fatores que contribuem para os episódios de incontinência;
  • orientar o paciente a monitorar o aparecimento de sinais e sintomas de ITU (odor forte, episódios de febre, náuseas e/ou vômitos, calafrios, entre outros).

ATIVIDADES

8. De acordo com as etapas do PE, ao estabelecer o DE prioritário, segue-se para o planejamento dos cuidados, iniciando pela determinação dos resultados esperados para o paciente. Assinale a alternativa que apresenta a(s) taxonomia(s) que traz(em) esses resultados.

A) NANDA-I.

B) NIC.

C) NOC.

D) NIC e NOC.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".


Na etapa de planejamento, conforme a Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) nº 358, de 15 de outubro de 2009, ocorre a determinação dos resultados que se espera alcançar e das ações ou intervenções de enfermagem que serão realizadas diante das respostas da pessoa, da família ou da coletividade humana em um dado momento do processo de saúde–doença, identificadas na etapa de DE. A NOC é a taxonomia que apresenta os resultados passíveis de serem utilizados na etapa de planejamento. A NIC traz as intervenções de enfermagem, enquanto a NANDA-I auxilia no estabelecimento dos DEs.

Resposta correta.


Na etapa de planejamento, conforme a Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) nº 358, de 15 de outubro de 2009, ocorre a determinação dos resultados que se espera alcançar e das ações ou intervenções de enfermagem que serão realizadas diante das respostas da pessoa, da família ou da coletividade humana em um dado momento do processo de saúde–doença, identificadas na etapa de DE. A NOC é a taxonomia que apresenta os resultados passíveis de serem utilizados na etapa de planejamento. A NIC traz as intervenções de enfermagem, enquanto a NANDA-I auxilia no estabelecimento dos DEs.

A alternativa correta é a "C".


Na etapa de planejamento, conforme a Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) nº 358, de 15 de outubro de 2009, ocorre a determinação dos resultados que se espera alcançar e das ações ou intervenções de enfermagem que serão realizadas diante das respostas da pessoa, da família ou da coletividade humana em um dado momento do processo de saúde–doença, identificadas na etapa de DE. A NOC é a taxonomia que apresenta os resultados passíveis de serem utilizados na etapa de planejamento. A NIC traz as intervenções de enfermagem, enquanto a NANDA-I auxilia no estabelecimento dos DEs.

9. Observe as afirmativas sobre os indicadores do resultado esperado Eliminação urinária, compatível com o DE Eliminação urinária prejudicada.

I. Padrão de eliminação.

II. Ingestão de líquidos.

III. Esvaziamento completo da bexiga.

IV. Moderadamente comprometido.

Quais estão corretas?

A) Apenas a I, a II e a III.

B) Apenas a I, a II e a IV.

C) Apenas a I, a III e a IV.

D) Apenas a II, a III e a IV.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".


A afirmativa IV (moderadamente comprometido) representa uma das opções da escala para a avaliação dos indicadores de resultado.

Resposta correta.


A afirmativa IV (moderadamente comprometido) representa uma das opções da escala para a avaliação dos indicadores de resultado.

A alternativa correta é a "A".


A afirmativa IV (moderadamente comprometido) representa uma das opções da escala para a avaliação dos indicadores de resultado.

Estudo de caso 1

G.S., 6 anos de idade, sexo masculino, foi levado por sua mãe para a unidade básica de saúde com a queixa de “urinar na roupa”. Com relação ao histórico clínico, o paciente nasceu com 28 semanas, peso de 1.280 gramas e estatura de 44cm. Ao nascer, permaneceu internado por uma semana na unidade de cuidados intermediários. Após a alta, não apresentou intercorrências.

G.S. realizou as consultas de crescimento e desenvolvimento até os 2 anos, sem nenhum atraso de desenvolvimento, tampouco histórico de episódios de ITU. A mãe relatou que o processo de desfralde ocorreu aos 24 meses, com a entrada da criança na creche, e que o menino não apresentava episódios de escape urinário desde os 3 anos.

Em decorrência da pandemia, à época do atendimento, as aulas de G.S. estavam ocorrendo de forma remota, e ele passava o dia sob os cuidados da avó. A mãe referiu que o filho apresentou uma grande resistência à mudança de rotina e que vinha passando a maior parte do dia em frente à televisão ou ao computador.

Ao exame físico, foram observados os aspectos a seguir:

  • bom estado geral;
  • marcha preservada;
  • abdome plano com ruídos hidroaéreos presentes e massa fecal palpável em colo descendente;
  • peso de 29,5kg;
  • altura de 120cm.

A mãe informou que G.S. ingeria cerca de 500mL de líquidos por dia. Disse, ainda, que a alimentação da criança era composta principalmente por comida industrializada. Segundo ela, o menino apresentava certa resistência a comer frutas e vegetais, além de apresentar também um consumo moderado de doces.

A mãe não soube estimar o número de eliminações urinárias, mas informou que, diversas vezes, o filho apresentava urgência para urinar, havendo, na maioria dos casos, escape de urina. As eliminações fecais ocorriam duas vezes na semana, com fezes de grande calibre e de grande volume, e o menino geralmente referia dor ao evacuar. Não foram mencionadas outras queixas. Observou-se, à avaliação, um desenvolvimento adequado para a idade.

ATIVIDADES

10. Quais são as características definidoras do DE Eliminação urinária prejudicada presentes no estudo de caso 1?

A) Disúria e urgência urinária.

B) Incontinência urinária e disúria.

C) Noctúria e retenção urinária.

D) Incontinência urinária e urgência urinária.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "D".


Conforme os dados apresentados, o paciente apresentava urgência para urinar, havendo, na maioria dos casos, escape de urina, ou seja, incontinência urinária. Não foram mencionadas disúria, noctúria ou retenção urinária.

Resposta correta.


Conforme os dados apresentados, o paciente apresentava urgência para urinar, havendo, na maioria dos casos, escape de urina, ou seja, incontinência urinária. Não foram mencionadas disúria, noctúria ou retenção urinária.

A alternativa correta é a "D".


Conforme os dados apresentados, o paciente apresentava urgência para urinar, havendo, na maioria dos casos, escape de urina, ou seja, incontinência urinária. Não foram mencionadas disúria, noctúria ou retenção urinária.

11. Observe as afirmativas sobre intervenções de enfermagem pertinentes ao paciente do estudo de caso 1.

I. Controle de constipação intestinal/impactação.

II. Cuidados com cateteres: urinário.

III. Cuidados na incontinência urinária.

IV. Treinamento do hábito urinário.

Quais estão corretas?

A) Apenas a I, a II e a III.

B) Apenas a I, a II e a IV.

C) Apenas a I, a III e a IV.

D) Apenas a II, a III e a IV.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".


Considerando as informações apresentadas, são pertinentes as seguintes intervenções: Controle de constipação intestinal/impactação; Cuidados na incontinência urinária; Treinamento do hábito urinário. Não foi mencionado o uso de cateter, portanto a intervenção Cuidados com cateteres: urinário não é aplicável.

Resposta correta.


Considerando as informações apresentadas, são pertinentes as seguintes intervenções: Controle de constipação intestinal/impactação; Cuidados na incontinência urinária; Treinamento do hábito urinário. Não foi mencionado o uso de cateter, portanto a intervenção Cuidados com cateteres: urinário não é aplicável.

A alternativa correta é a "C".


Considerando as informações apresentadas, são pertinentes as seguintes intervenções: Controle de constipação intestinal/impactação; Cuidados na incontinência urinária; Treinamento do hábito urinário. Não foi mencionado o uso de cateter, portanto a intervenção Cuidados com cateteres: urinário não é aplicável.

Estudo de caso 2

José, 60 anos de idade, casado, três filhos, administrador, está hospitalizado na clínica médica do hospital universitário há 2 dias em razão de crise hipertensiva recorrente em investigação (picos de 165/110mmHg e 142/110mmHg em repouso). Ele apresenta história clínica de hipertensão arterial e diabetes melito há 5 anos e AVC há 7 meses.

Foi tabagista por 25 anos, tendo parado há um ano. O paciente vem apresentando episódios de perdas urinárias desde a ocorrência do AVC, com micção em fralda, observando-se urina concentrada, turva, com sedimentos e odor forte.

Ao exame físico, foram verificados os seguintes aspectos:

  • hemiplegia à direita com déficit motor e dificuldade de marcha;
  • abdome distendido e diminuição de ruídos hidroaéreos;
  • necessidade de auxílio para deambular e para as atividades da vida diária.

O paciente vem sendo acompanhado pela esposa durante a internação. Ela refere que, há mais ou menos 1 semana, José não evacua e que ele está sentindo dores no abdome após as refeições. Ela também percebeu que o marido está muito incomodado com o uso de fralda e ansioso sobre seus cuidados de saúde.

Há 2 dias, pelos resultados dos exames clínicos, o paciente foi diagnosticado com bexiga urinária neurogênica secundária ao AVC. No momento, são aguardados os resultados do exame de urina tipo 1 e da urocultura. Foram prescritos cateterismo urinário intermitente a cada 6 horas, com continuidade em domicílio.

ATIVIDADES

12. Qual é a principal alteração do paciente do estudo de caso 2?

A) Social.

B) De nutrição.

C) De comunicação.

D) De eliminação.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "D".


Conforme os dados apresentados, o paciente apresenta alteração de eliminação, uma vez que está com micção em fralda, observando-se urina concentrada, turva, com sedimentos e odor forte. Além disso, ele foi diagnosticado com bexiga urinária neurogênica secundária ao AVC, com necessidade de cateterismo urinário. A cuidadora refere que o marido está muito incomodado com o uso de fralda e ansioso sobre seus cuidados de saúde.

Resposta correta.


Conforme os dados apresentados, o paciente apresenta alteração de eliminação, uma vez que está com micção em fralda, observando-se urina concentrada, turva, com sedimentos e odor forte. Além disso, ele foi diagnosticado com bexiga urinária neurogênica secundária ao AVC, com necessidade de cateterismo urinário. A cuidadora refere que o marido está muito incomodado com o uso de fralda e ansioso sobre seus cuidados de saúde.

A alternativa correta é a "D".


Conforme os dados apresentados, o paciente apresenta alteração de eliminação, uma vez que está com micção em fralda, observando-se urina concentrada, turva, com sedimentos e odor forte. Além disso, ele foi diagnosticado com bexiga urinária neurogênica secundária ao AVC, com necessidade de cateterismo urinário. A cuidadora refere que o marido está muito incomodado com o uso de fralda e ansioso sobre seus cuidados de saúde.

13. Assinale a alternativa que apresenta o DE do domínio 3 (Eliminação e troca), da taxonomia NANDA-I, que é coerente com o estudo de caso 2.

A) Incontinência intestinal (definição: eliminação involuntária de fezes).

B) Eliminação urinária prejudicada (definição: disfunção na eliminação de urina).

C) Retenção urinária (definição: incapacidade de esvaziar completamente a bexiga).

D) Mobilidade física prejudicada (definição: limitação no movimento independente e voluntário do corpo ou de uma ou mais extremidades).

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".


O principal DE para o paciente do estudo de caso 2 é Eliminação urinária prejudicada, relacionada a barreiras ambientais e relaxamento involuntário do esfíncter, evidenciada por incontinência urinária, urinar com frequência e diabetes melito.

Resposta correta.


O principal DE para o paciente do estudo de caso 2 é Eliminação urinária prejudicada, relacionada a barreiras ambientais e relaxamento involuntário do esfíncter, evidenciada por incontinência urinária, urinar com frequência e diabetes melito.

A alternativa correta é a "B".


O principal DE para o paciente do estudo de caso 2 é Eliminação urinária prejudicada, relacionada a barreiras ambientais e relaxamento involuntário do esfíncter, evidenciada por incontinência urinária, urinar com frequência e diabetes melito.

Conclusão

As DTUIs apresentadas tanto pelo paciente pediátrico quanto pelo paciente adulto constituem alterações urinárias significativas, interferindo na QV. A aplicação do PE pelo enfermeiro auxilia no raciocínio clínico e, dessa forma, representa um importante recurso para a escolha dos cuidados a serem realizados e o alcance dos resultados esperados para o paciente. Nesse sentido, terminologias padronizadas, como a NANDA-I, a NOC e a NIC, podem favorecer o estabelecimento e o registro de um cuidado seguro e de QV com DTUI.

Atividades: Respostas

Atividade 1 // Resposta: C

Comentário: A bexiga é um órgão de estrutura muscular oca e elástica com a função de armazenamento da urina. Para que ocorra a eliminação urinária, faz-se necessária a contração dos músculos da bexiga, por meio de estímulos parassimpáticos.

Atividade 2 // Resposta: D

Comentário: Além das DTUIs supracitadas, há distúrbios na fase de armazenamento (com alteração da frequência urinária), distúrbios na fase de esvaziamento (com jato fraco ou intermitente) e outros sintomas (sensação de esvaziamento incompleto e gotejamento pós-miccional).

Atividade 3 // Resposta: A

Comentário: Além dos aspectos citados, a repercussão sobre o trato urinário superior e o tipo de disfunção miccional precisam ser considerados para o adequado tratamento da DTUI. Como alternativas de tratamento, também podem ser citados o manejo da incontinência ou retenção urinária e o diário de eliminação. Tal diário auxilia no diagnóstico e no manejo da DTUI. A DTUI e seu tratamento geram um impacto significativo na QV do indivíduo, seja criança, seja adulto.

Atividade 4 // Resposta: B

Comentário: A incontinência urinária por esforço se caracteriza pelo aumento da pressão intra-abdominal e pela ausência de atividade do músculo detrusor, enquanto a incontinência urinária por hiperatividade do músculo detrusor está associada à contração involuntária do músculo detrusor (pode ser dividida em idiopática, quando a causa não é identificada, ou neurogênica, quando se deve a uma lesão neurológica).

Atividade 5 // Resposta: A

Comentário: Durante a inspeção, deve ser observada qualquer apresentação que fuja do padrão esperado e possa ser indicativo de comprometimento do funcionamento adequado do sistema urinário. Na sequência, são realizadas a percussão, a palpação e a ausculta, que, via de regra, são significativas na presença de alterações das estruturas dos órgãos e na vigência de dor.

Atividade 6 // Resposta: B

Comentário: No que concerne ao paciente com alterações urinárias, seja na infância, seja na idade adulta, a NANDA-I apresenta o domínio 3 (Eliminação e troca), classe 1 (Função urinária). Dentre os DEs desse domínio e dessa classe, destaca-se o intitulado Eliminação urinária prejudicada, que envolve uma resposta humana que, por sua definição e por seus demais elementos (características definidoras, fatores relacionados, populações de risco e condições associadas), pode ser frequentemente apresentada por pacientes com DTUI.

Atividade 7 // Resposta: D

Comentário: O DE Eliminação urinária prejudicada envolve uma resposta humana que, por sua definição e por seus demais elementos (características definidoras, fatores relacionados, populações de risco e condições associadas), pode ser frequentemente apresentada por pacientes com DTUI. Ele pertence ao domínio 3 (Eliminação e troca), classe 1 (Função urinária) da NANDA-I.

Atividade 8 // Resposta: C

Comentário: Na etapa de planejamento, conforme a Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) nº 358, de 15 de outubro de 2009, ocorre a determinação dos resultados que se espera alcançar e das ações ou intervenções de enfermagem que serão realizadas diante das respostas da pessoa, da família ou da coletividade humana em um dado momento do processo de saúde–doença, identificadas na etapa de DE. A NOC é a taxonomia que apresenta os resultados passíveis de serem utilizados na etapa de planejamento. A NIC traz as intervenções de enfermagem, enquanto a NANDA-I auxilia no estabelecimento dos DEs.

Atividade 9 // Resposta: A

Comentário: A afirmativa IV (moderadamente comprometido) representa uma das opções da escala para a avaliação dos indicadores de resultado.

Atividade 10 // Resposta: D

Comentário: Conforme os dados apresentados, o paciente apresentava urgência para urinar, havendo, na maioria dos casos, escape de urina, ou seja, incontinência urinária. Não foram mencionadas disúria, noctúria ou retenção urinária.

Atividade 11 // Resposta: C

Comentário: Considerando as informações apresentadas, são pertinentes as seguintes intervenções: Controle de constipação intestinal/impactação; Cuidados na incontinência urinária; Treinamento do hábito urinário. Não foi mencionado o uso de cateter, portanto a intervenção Cuidados com cateteres: urinário não é aplicável.

Atividade 12 // Resposta: D

Comentário: Conforme os dados apresentados, o paciente apresenta alteração de eliminação, uma vez que está com micção em fralda, observando-se urina concentrada, turva, com sedimentos e odor forte. Além disso, ele foi diagnosticado com bexiga urinária neurogênica secundária ao AVC, com necessidade de cateterismo urinário. A cuidadora refere que o marido está muito incomodado com o uso de fralda e ansioso sobre seus cuidados de saúde.

Atividade 13 // Resposta: B

Comentário: O principal DE para o paciente do estudo de caso 2 é Eliminação urinária prejudicada, relacionada a barreiras ambientais e relaxamento involuntário do esfíncter, evidenciada por incontinência urinária, urinar com frequência e diabetes melito.

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Como citar este documento

Fumincelli L, Rodrigues NS, Blanco J, Martins G. Processo de enfermagem na disfunção do trato urinário inferior de pacientes adultos e pediátricos. In: NANDA International, Inc., organizador. Coletâneas: Diagnósticos de Enfermagem: Ciclo 1. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2023 (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 2).

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