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SÍNDROME DA COVID-19 PROLONGADA

Autores: Olavo Henrique Munhoz Leite, Matheus Polly
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • identificar os pacientes com síndrome da COVID-19 prolongada;
  • reconhecer os principais sinais e sintomas da síndrome da COVID-19 prolongada;
  • realizar diagnósticos diferenciais e investigação diagnóstica;
  • propor as medidas de prevenção para a COVID-19;
  • construir estratégias de tratamento individualizado e multidisciplinar.

Esquema conceitual

Introdução

Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde classificou a infecção pelo novo vírus SARS-CoV-2 como uma pandemia. Desde então, mais de 520 milhões de pessoas foram infectadas, com aproximadamente 6,3 milhões de mortes notificadas. Notavelmente, esse é um dos maiores acontecimentos da história humana moderna, com profundos impactos em políticas de saúde e no funcionamento dos sistemas de saúde mundiais.1

A COVID-19 é uma doença espectral, e o seu principal sítio de infecção é o pulmão, levando a doenças pulmonares agudas, com potencial fatal e grande morbidade.1 Além do pulmão, descreve-se acometimento multissistêmico secundário ao descontrole inflamatório importante, chegando, em alguns casos, à conhecida “tempestade de citocinas”, na qual ocorre um acometimento multissistêmico grave com destruição endotelial, ocasionando muitas vezes morte ou sequelas permanentes.1,2

Particularmente, o sistema nervoso central é frequentemente atingido pelo vírus, e se descreve que são frequentes os sintomas neuropsiquiátricos mesmo em casos leves, os quais podem ser bastante prolongados. As manifestações variam de leves, como cefaleia, anosmia, mialgia e letargia, até mais graves, como acidentes vasculares encefálicos, psicoses e coma.1,2

Define-se a síndrome da COVID-19 prolongada (COVID-19 longa ou COVID-19 prolongada) como a persistência de sintomas que se iniciam em até 12 semanas do diagnóstico confirmado ou presumido de infecção pelo SARS-CoV-2 e perduram por pelo menos quatro semanas. Descreve-se que essa síndrome acomete de 10 a 20% dos infectados em diferentes graus de gravidade e com uma constelação de sintomas. Os sintomas podem se desenvolver ao longo da fase aguda da doença, bem como aparecer depois da sua resolução e ter padrão de surto-remissão ao longo de diversas semanas e até meses.2

Atualmente, as sequelas agudas e crônicas da COVID-19 tornaram-se o principal alvo de pesquisas pelo seu grande impacto na qualidade de vida e na capacidade de trabalho, tornando-se um grave problema de saúde pública. Dessa forma, definiu-se uma nova síndrome — síndrome da COVID-19 prolongada — para que esse assunto possa ser reconhecido e para que as pessoas sofrendo com esse problema possam ser auxiliadas. A patofisiologia da doença ainda é pouco entendida, mas vários mecanismos são propostos, como alteração em receptores ACE2, desregulação inflamatória aguda e crônica, dano endotelial, microtrombopatia e disfunções celulares são alguns deles.1–5

A COVID-19 e a sua síndrome de sintomas prolongados foram recentemente descritas, e ainda há muito a ser estudado e entendido sobre essa complexa patologia. Dessa forma, busca-se descrever as principais características da síndrome, bem como discutir as melhores e mais atualizadas abordagens terapêuticas para esse grupo de pacientes, a fim de devolver qualidade de vida, capacidade de trabalho e de realização de suas atividades diárias habituais.1,6

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